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Lula e Gleisi defendem Paulinho da Força, vaiado em evento com PT

25.mar.2022 - O presidente nacional do Solidariedade (SD), deputado federal Paulinho da Força, presente na cerimônia em que a deputada federal Marilia Arraes se filiou ao SD - Rafael Vieira/Estadão Conteúdo
25.mar.2022 - O presidente nacional do Solidariedade (SD), deputado federal Paulinho da Força, presente na cerimônia em que a deputada federal Marilia Arraes se filiou ao SD Imagem: Rafael Vieira/Estadão Conteúdo

Leonardo Martins*

Do UOL, em São Paulo

16/04/2022 18h21

O ex-presidente Lula e a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, usaram o Twitter para defender o nome do deputado federal Paulinho da Força (Solidariedade), bem como a aliança entre os dois partidos nas eleições presidenciais de 2022. As manifestações ocorreram após Paulinho da Força ter sido vaiado em um evento com participação do PT, na última quinta-feira (14).

O deputado e líder sindical apoiou o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), em 2016.

Incomodado com as vaias, Paulinho chegou a cancelar um evento que faria para anunciar apoio à candidatura de Lula a presidente.

Em uma tentativa de colocar panos quentes, Gleisi escreveu no Twitter que o Solidariedade e Paulinho da Força "são muito importantes na nossa frente pela democracia e pela reconstrução do Brasil". "O adversário dos trabalhadores(as) é Bolsonaro, é Paulo Guedes e sua política neoliberal que destrói o país", disse a deputada federal.

Lula retuitou a fala da petista e complementou com poucas palavras: "Todos juntos para restituir o diálogo, o respeito, os direitos dos trabalhadores e a democracia".

A relação entre militantes petistas e Paulinho da Força piorou depois que o site O Antagonista divulgou áudios em que o dirigente partidário aparece tentando ser convencido por Ciro Nogueira, ministro-chefe da Casa Civil de Jair Bolsonaro (PL), a deixar de apoiar o PT.

Em entrevista ao colunista do UOL Chico Alves, no entanto, Paulinho foi enfático: "Não há nenhuma possibilidade de o Solidariedade apoiar o Bolsonaro e o Ciro Nogueira sabe disso".

O Solidariedade, de Paulinho da Força, é considerado pelo PT como uma aliança importante na pré-campanha de Lula. A sigla é uma das poucas de centro que sinalizaram que poderiam apoiar o ex-presidente. Já outros partidos centristas, como União Brasil, MDB, PSDB e Cidadania, devem anunciar no próximo dia 18 de maio um nome para liderar a chapa na chamada "terceira via", candidatura de oposição a Lula e Bolsonaro.

Além disso, dirigentes petistas consideram que o Solidariedade é importante na construção da base de um eventual futuro governo.

Vaias em evento

A presença do deputado federal Paulinho da Força no encontro de sindicalistas com o ex-presidente Lula, em São Paulo, causou mal-estar entre os presentes na semana passada.

O evento, realizado em auditório lotado no centro da capital paulista, foi o primeiro grande encontro de Lula, pré-candidato ao Planalto, com diversas lideranças sindicais. Indicado a vice da chapa, o ex-governador Geraldo Alckmin (PSB) também esteve presente. Só Paulinho foi vaiado.

Paulinho é presidente de honra da Força Sindical, uma das centrais com maior número de presentes, mas ficou sentado na fila de trás, no canto esquerdo. Nos momentos em que membros da Força citaram seu nome, houve vaias por todo o público.

paulinho - Paulo Lopes/Futura Press/Estadão Conteúdo - Paulo Lopes/Futura Press/Estadão Conteúdo
1º.mai.2016 - O deputado federal Paulinho da Força (SD-SP) ao lado do humorista Carioca e da placa 'Tchau, querida', pró-impeachment de Dilma Rousseff
Imagem: Paulo Lopes/Futura Press/Estadão Conteúdo

"Traidor, votou pelo golpe", gritou um sindicalista sobre o apoio de Paulinho ao impeachment de Dilma. O deputado não só votou a favor da saída da então presidente como participou das manifestações com placas de "Tchau, querida".

A grande aliança que Lula vem formando, inclusive entre outras lideranças que também articularam em favor da saída de Dilma, como o ex-senador Eunício Oliveira (MDB-CE), tem sido um ponto polêmico na pré-campanha do petista.

O PT e o próprio Lula têm assumido o discurso de que é preciso união ampla para evitar um "mal maior", que seria a reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL).

Sob o discurso de "democracia contra fascismo", PT e PSB também lançaram a chapa de Lula com Alckmin. A coligação foi aprovada pelo diretório nacional por 68 votos a favor e 16 contra.

Quadro histórico do PSDB, Alckmin, então no governo paulista, também se pronunciou a favor da saída de Dilma e sempre teve o apoio de Paulinho. No evento, no entanto, foi chamado mais uma vez de "companheiro" pelos sindicalistas e foi amplamente aplaudido.

Com informações do repórter Lucas Borges Teixeira.