Topo

Lula: Preferia polarizar com PSDB. Agora com Bolsonaro, facilita nossa vida

Do UOL, em São Paulo

22/03/2022 09h37Atualizada em 22/03/2022 15h08

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou hoje, em nova crítica ao presidente Jair Bolsonaro (PL), que uma polarização contra o atual chefe do Executivo facilitaria a sua vida, na disputa presidencial deste ano. O petista declarou que "qualquer política tem polarização" e lembrou quando teve como principal adversário candidatos do PSDB, nas eleições de 1994, 98, 2002 e 06.

Eu preferia a polarização que eu tinha com o PSDB, com o Fernando Henrique Cardoso, com o Alckmin, porque era um debate mais democrático. Agora, o fato de ser o Bolsonaro facilita a nossa vida, porque a gente quer acabar com o fascismo nesse país.
Lula, em entrevista à Rádio Som Maior, de Criciúma (SC)

Levantamento do Instituto FSB Pesquisa, contratado pelo banco BTG Pactual, mostra que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lidera as intenções de voto à Presidência, com 43%. O presidente Jair Bolsonaro (PL), que busca a reeleição, aparece em segundo, com 29%. Esses números se referem à pesquisa estimulada, quando o nome dos pré-candidatos é apresentado ao entrevistado. É a primeira sondagem divulgada pelo instituto sobre as eleições deste ano.

"Somos adversários", diz Lula sobre Alckmin

Durante a entrevista, Lula também disse que Geraldo Alckmin é um adversário, mas que o fato não impossibilita uma aliança política. Alckmin é cotado para ser o vice de Lula nas eleições presidenciais de 2022.

Alckmin tem muita experiência política. Somos adversários, mas não significa que somos inimigos. Podemos restabelecer pontos de conversa, construir interesses programáticos juntos.

O ex-presidente diz que ainda não definiu a sua candidatura, mas que PT e PSB conversarão sobre uma possível chapa após a filiação de Alckmin. O ex-governador de São Paulo saiu do PSDB, rival histórico do PT, e deve se filiar amanhã (23) ao PSB.

"Se Alckmin se filiar, os partidos vão conversar para consolidar e ver se existe a possibilidade [da chapa]. Vamos ver se é possível, os partidos vão ter que conversar, eu vou ter que sentar com o Alckmin e conversar", afirmou Lula à Rádio Som Maior.

Se Alckmin for o meu vice, eu penso que será um benefício para o Brasil. A gente fará um grande governo, se ganharmos as eleições.
Lula em entrevista à Rádio Som Maior de Criciúma

Durante a entrevista, Lula repetiu que, se eleito, vai "abrasileirar" o preço da gasolina e criticou a importação de fertilizantes, o que, segundo ele, demonstra a "subserviência" do governo Jair Bolsonaro (PL).

Lula ressaltou que o Brasil é o terceiro maior produtor de alimentos do mundo e que não deveria importar fertilizantes para produzir. "Poderíamos ser autossuficientes, mas fecharam as fábricas que a gente tinha. É uma irresponsabilidade total".

"É triste você ter um governo que não pensa na soberania nacional, que só trabalha pensando na subserviência, na dependência. Isso não faz uma nação ser grande."

Não existe razão para preço dolarizado dos combustíveis, diz Lula

O ex-presidente Lula afirmou hoje que não há motivo para que o preço combustível seja atrelado ao dólar. É a terceira vez que ele diz que, se eleito, vai "abrasileirar" o preço dos combustíveis.

"O preço dos combustíveis tem que ser nacionalizado. Não existe razão para o preço dolarizado. Depois do pré-sal, o Brasil se tornou autossuficiente, mas agora abriu mão de sua soberania, estão destruindo a Petrobras", disse Lula.

Toda política da Petrobras é para ter lucro, não para fazer investimento e sim para distribuir para os acionistas de Nova York enquanto a sociedade brasileira empobrece.
Lula em entrevista à Rádio Som Maior de Criciúma

A atual política de preços da Petrobras segue o valor do barril no mercado internacional. Por isso, oscilações no exterior acabam tendo impacto para o consumidor brasileiro.

No começo deste ano, o preço do petróleo atingiu a máxima em sete anos, impulsionado por perturbações na oferta, tensões geopolíticas e aumento da demanda.

Críticos da paridade internacional alegam que ela aumenta o lucro dos acionistas às custas do consumidor, que no fim paga pela alta do dólar e do petróleo. Defensores da política afirmam que essa é a melhor maneira de atrair investimentos, garantir o abastecimento e estimular a concorrência.