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Erundina: Não basta Lula ser viável, tem que ter compromisso público

Colaboração para o UOL

07/03/2022 11h40Atualizada em 07/03/2022 15h33

A deputada federal pelo PSOL e ex-prefeita de São Paulo Luiza Erundina disse, ao UOL Entrevista hoje (7), que não basta a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Planalto ser viável, é preciso que o petista tenha compromissos públicos.

"Não basta ser mais um governo Lula, do PT, para fazer o que fez no seu tempo. Ele não fez reformas estruturais que precisavam ter sido feitas. Mecanismos de democracia participativa teriam que ser institucionalizados. [...] É preciso ter compromissos públicos, explicitados publicamente."

Apesar de declarar apoio à pré-candidatura petista, Erundina critica a possível aliança entre Lula e o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (sem partido), que pode ocupar a vice na eventual chapa.

"Não tem nada a ver. Essa foi uma das coisas que me fizeram sair do PT, PSB. É exatamente essa 'largueza' das alianças que eles fazem. Ele [Alckmin] nunca foi uma liderança política capaz de marcar presença nos destinos do país."

Um dos convocados para coordenar a campanha de Lula, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) disse, no mês passado, que a chapa entre o petista e o ex-tucano está "praticamente resolvida". "Nós não cogitamos outro nome ainda. Eu acho que a candidatura do governador Alckmin como vice é algo praticamente resolvido. Não há debate alternativo. Acho que Lula deveria apresentar uma coalizão ampla e eu acho que o Alckmin pode cumprir esse papel."

Reportagem do jornal Folha de S.Paulo da semana passada revela que Lula irá adotar o discurso da necessidade de uma unificação para derrotar Jair Bolsonaro (PL) nas eleições. Seria uma forma de justificar alianças com parlamentares que votaram a favor do impeachment de Dilma Rousseff (PT) em 2016.

A avaliação é de que o momento histórico é outro e que não é possível fazer política somente com os que foram contrários à destituição de Dilma, uma vez que eles foram a minoria.

PSOL deve manter pré-candidatura de Boulos, diz Erundina

Ainda durante a entrevista, Luiza Erundina defendeu que o PSOL mantenha a pré-candidatura de Guilherme Boulos ao governo de São Paulo. Na avaliação da deputada federal, o quadro da disputa ainda está indefinido.

"É da cultura do PSOL sempre ter posições próprias, então ter uma candidatura própria faz parte da cultura histórica do PSOL. O quadro ainda não está todo definido, o Alckmin ainda aparece como provável candidato, as federações vão definir o mapa eleitoral. Se o quadro está indefinido, não tem porquê não bancar uma candidatura própria."

De acordo com reportagem do UOL, hoje, o PSOL já admite, internamente, abrir mão de ter Boulos na disputa majoritária em prol de um protagonismo na eleição estadual, seja ocupando a vaga de vice de Fernando Haddad (PT) ou uma candidatura ao Senado. A expectativa é que Boulos dispute uma vaga para deputado federal.

Em contrapartida, o PSOL receberia o apoio do PT na eleição para a Prefeitura de São Paulo em 2024. Fontes do UOL dizem que os petistas já decidiram que não terão candidato daqui a dois anos para o comando da capital paulista. Oficialmente, o PSOL, porém, mantém o discurso de que nada mudou e Boulos disputa o governo.

Ao UOL Entrevista, Erundina também confirmou que irá se candidatar à reeleição para Câmara dos Deputados. "Entendo que minha presença naquela casa ainda é necessária. Quero ser candidata de novo, vou ser candidata de novo."