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Doria diz que virou 'liberal social' e não fala mais com ex-amigo Guedes

João Doria (PSDB) participou de evento com presidenciáveis - Reprodução
João Doria (PSDB) participou de evento com presidenciáveis Imagem: Reprodução

Hygino Vasconcellos

Colaboração para o UOL, em Balneário Camboriú (SC)

22/02/2022 13h07Atualizada em 22/02/2022 15h40

Pré-candidato à Presidência da República nas eleições deste ano e governador de São Paulo, João Doria (PSDB) relatou mudança no relacionamento com o ministro da Economia, Paulo Guedes. Os dois palestraram hoje (22) no CEO Conference, organizado pelo BTG Pactual.

"Paulo Guedes já foi meu amigo, agora não fala comigo, talvez seja porque eu fale a verdade, não sou submisso", disse o político. O tucano também criticou o presidente Jair Bolsonaro, seu rival político, e chamou o governo de "fraco".

Após falar sobre Guedes, Doria adiantou três pontos de seu plano de governo para a economia —ainda em elaboração. "Jamais romper teto de gastos, manter controle do orçamento com o poder Executivo e fazer as reformas que têm que ser feitas", salientou.

Neste momento, chamou Jair Bolsonaro de psicopata, por não manter o controle do orçamento. E disse que as reformas não saíram do papel pelo fato de o atual governo federal ser fraco.

Doria reconheceu que há sete anos, antes de entrar na política, não sabia da gravidade da pobreza no país. "Hoje eu sei o que é isso. Eu continuo sendo liberal, mas hoje sou liberal social. Sete anos atrás eu batia no peito e dizia que era liberal. Hoje eu sei que precisa ser social liberal."

Para o político, a polarização entre "dois extremistas, dois populistas" é um risco para o país. "O risco ao país, aos negócios de vocês, das famílias de vocês, do risco de vocês pensarem em não permanecer no país será enorme. Será que é isso que a gente quer?", questionou.

A fala faz referência a Bolsonaro e o ex-presidente Lula (PT), que aparecem nas primeiras posições das pesquisas de intenção de voto para presidente —Doria quer ser o candidato da "terceira via", mas ainda aparece atrás de outros pré-candidatos (leia mais abaixo).

O governador paulista disse ainda que o governo de Bolsonaro "conseguiu dobrar" a pobreza no Brasil e, por isso, hoje há mais de 30 milhões de pessoas vivendo em situação de pobreza e extrema pobreza.

"Os populistas, principalmente da esquerda, vão dizer: eu sei cuidar dos pobres. Temos risco de ter governo populista que endossa que os fins justificam os meios. Sejam honestos, transparentes, apoiem, lutem tudo que puder oferecer para reduzir a pobreza. Os fins não justificam os meios."

"Jamais aceitaria ser vice de um ladrão", diz Doria sobre Alckmin

Doria também criticou a possibilidade do ex-governador Geraldo Alckmin (sem partido) ser candidato a vice-presidente em uma chapa com Lula.

O político disse que Alckmin estaria novamente fazendo uma "opção equivocada", em referência às eleições de 2018, quando o médico se aliou a Márcio França (PSB) na disputa ao governo do Estado.

"Lamentavelmente eu vejo o governador Geraldo Alckmin se aliar ao Márcio França. Não sou desrespeitoso ao governador, é um homem honesto, um homem decente, mas fez uma opção equivocada, aliás, está fazendo de novo agora, tá (sic) dando bis, aceitando ser vice do Lula. Eu jamais aceitaria ser vice de um ladrão, mas enfim."

Evento conta com outros presidenciáveis

Na abertura do evento, o sócio sênior do BTG Pactual André Esteves salientou que iriam participar quatro dos cinco principais candidatos à Presidência da República, porém, sem falar nomes. Na lista de palestrantes não consta o nome do ex-presidente Lula.

Pesquisa da CNT (Confederação Nacional do Transporte) em parceria com o Instituto MDA divulgada ontem apontou o petista na liderança da disputa ao Palácio do Planalto, com 42,2% das intenções de voto, à frente de Bolsonaro (PL), que ficou com 28%. Em terceiro lugar aparece o ex-ministro Ciro Gomes (PDT), com 6,7%, tecnicamente empatado com Moro, com 6,4%. Doria tem 1,8% das intenções de voto.