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Em evento com 'mercado', Moro e Doria fazem ataques a Paulo Guedes

17.dez.2021 - Ministro da Economia, Paulo Guedes - Getty Images
17.dez.2021 - Ministro da Economia, Paulo Guedes Imagem: Getty Images

Hygino Vasconcellos

Colaboração para o UOL, em Balneário Camboriú (SC)

22/02/2022 18h07

O ministro da Economia, Paulo Guedes, foi hoje alvo de ataques dos pré-candidatos à Presidência da República Sergio Moro (Podemos) e João Doria (PSDB), durante a CEO Conference, organizado pelo BTG Pactual, em São Paulo. Guedes falou aos participantes do evento antes de Moro e Doria.

Em seu discurso, Moro afirmou que as reformas propostas por Guedes não devem sair do papel. Já Doria disse que deixou de ser amigo do ministro por talvez "falar a verdade" e não ser "submisso".

O presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL), também fez uma palestra. Ele observou que "faltou a mão do governo" para que a reforma administrativa, que tramita no Congresso, fosse aprovada. A reforma administrativa acaba com a estabilidade para novos servidores, mas mantém os direitos para os servidores atuais.

Sergio Moro criticou governo Bolsonaro em conferência - Reprodução - Reprodução
Sergio Moro criticou governo Bolsonaro em conferência
Imagem: Reprodução

Moro disse que Guedes sofre sabotagem do presidente Jair Bolsonaro (PL) —o que ele alega ter acontecido com ele quando era ministro da Justiça e Segurança Pública. Moro e Guedes foram apresentados como superministros no começo da gestão, próximos ao presidente Jair Bolsonaro (PL).

"A agenda do Paulo Guedes pode ser uma, mas a do presidente é outra. Paulo Guedes é liberal, mas está em governo iliberal. Mesma situação de quando eu estava no governo. Minha agenda era anticorrupção, entendo que sofro resistência no Congresso, mas se o ministro não tem apoio, mas sabotagem, não consegue nem começar. Foi meu caso com agenda anticorrupção e do Paulo Guedes com reformas", disse Moro.

Não adianta o Paulo Guedes vir aqui para falar de um monte de reformas que não vão sair."
Sergio Moro (Podemos), ex-juiz e ex-ministro

Para o pré-candidato, o texto da reforma administrativa é "ruim". "É fingir que vai fazer reforma administrativa."

João Doria (PSDB) participou de evento com presidenciáveis - Reprodução - Reprodução
João Doria (PSDB) participou de evento com presidenciáveis
Imagem: Reprodução

Na sua vez de falar, Doria começou com os ataques com Guedes. "Paulo Guedes já foi meu amigo, agora não fala comigo, talvez seja porque eu fale a verdade, não sou submisso", disse o político. Em seguida, o tucano também criticou o Bolsonaro, seu rival político, e chamou o governo de "fraco".

Após falar sobre Guedes, Doria adiantou três pontos de seu plano de governo para a economia —ainda em elaboração. "Jamais romper teto de gastos, manter controle do orçamento com o poder Executivo e fazer as reformas que têm que ser feitas", salientou.

Neste momento, chamou Jair Bolsonaro de psicopata, por não manter o controle do orçamento. E disse que as reformas não saíram do papel pelo fato do atual governo federal ser fraco.

Doria reconheceu que há sete anos, antes de entrar na política, não sabia da gravidade da pobreza no país. "Hoje eu sei o que é isso. Eu continuo sendo liberal, mas hoje sou liberal social. Sete anos atrás eu batia no peito e dizia que era liberal. Hoje eu sei que precisa ser social liberal."

Para o político, a polarização entre "dois extremistas, dois populistas" é um risco para o país.

O risco ao país, aos negócios de vocês, das famílias de vocês, do risco de vocês pensarem em não permanecer no país será enorme. Será que é isso que a gente quer?"
João Doria (PSDB), governador de São Paulo

A fala faz referência a Bolsonaro e o ex-presidente Lula (PT), que aparecem nas primeiras posições das pesquisas de intenção de voto para presidente —Doria quer ser o candidato da "terceira via", mas ainda aparece atrás de outros pré-candidatos (leia mais abaixo).

O governador paulista disse ainda que o governo de Bolsonaro "conseguiu dobrar" a pobreza no Brasil e, por isso, hoje há mais de 30 milhões de pessoas vivendo em situação de pobreza e extrema pobreza.

Palestras de presidenciáveis

Na abertura do evento, o sócio sênior do BTG Pactual André Esteves salientou que iriam participar quatro dos cinco principais candidatos à Presidência da República, porém, sem falar nomes. Na lista de palestrantes não consta o nome do ex-presidente Lula.

Pesquisa da CNT (Confederação Nacional do Transporte) em parceria com o Instituto MDA divulgada ontem apontou o petista na liderança da disputa ao Palácio do Planalto, com 42,2% das intenções de voto, à frente de Bolsonaro (PL), que ficou com 28%. Em terceiro lugar aparece o ex-ministro Ciro Gomes (PDT), com 6,7%, tecnicamente empatado com Moro, com 6,4%. Doria tem 1,8% das intenções de voto.