Três pontos para entender antes de afirmar que racismo reverso existe

De tempos em tempos, a polêmica sobre o termo "racismo reverso" volta a pipocar na sociedade.

Ele ganha força geralmente quando pessoas de grupos racialmente privilegiados tentam equiparar experiências de discriminação e preconceito com vivências de pessoas de grupos historicamente oprimidos.

Por isso, para entender se "racismo reverso" existe mesmo ou não, o produtor Arape Malik alerta no Destretando em vídeo desta semana que, antes de mais nada, é preciso entender a diferença entre racismo, discriminação e preconceito.

"O racismo é uma estrutura de dominação e exploração de uma raça sobre a outra! É toda uma estrutura de privilégio muito maior do que simplesmente não gostar de outra raça!", diz.

Confira as explicações no vídeo desta semana:

Efeitos da escravidão

O Brasil foi a última nação independente nas Américas a abolir a escravização de negros, em 1888.

As consequências são sentidas até hoje: negros são a maioria da população brasileira, mas estão entre os 75% mais pobres, são 75% das vítimas de homicídio e os mais mortos por agentes do Estado (polícia), são minoria na liderança de empresas e as principais vítimas de intolerância religiosa.

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Segundo a historiadora e professora da Universidade Federal do Recôncavo Baiano Luciana Brito, seria preciso que a população branca tivesse sido submetida ao mesmo período de privações e condições para defender a existência do "racismo reverso".

"Não teve africano que foi lá na Finlândia para importar brancos europeus, colocá-los para trabalhar à força nas plantations e oferecer as mesmas condições vexatórias", pontua. "O argumento do racismo reverso é em parte desinformação, parte desonestidade intelectual e política".

*Com informações de texto publicado em 06/10/2020, por Marcos Candido.

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