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O que uma pessoa precisa ter para liderar um negócio? CEOs dão dicas

Lisiane Lemos já esteve na lista de jovens de impacto da revista "Forbes" - Divulgação
Lisiane Lemos já esteve na lista de jovens de impacto da revista "Forbes" Imagem: Divulgação

Paula Rodrigues

De Ecoa, em São Paulo

05/02/2021 04h00

Quatro líderes de empresas brasileiras se reuniram na terça-feira (2) para o bate papo "Líder que sabe lidar", promovido pela Vitalk, que promove serviços de conversas virtuais com foco em saúde mental.

Reunindo a presidente do conselho do Magazine Luiza, Luiza Trajano, Lisiane Lemos, gerente do Google que está na lista da Forbes Under 30 e LinkedIn Top Voices, Maite Schneider, cofundadora da TransEmpregos, Eduardo Migliano, cofundador da 99jobs e o CEO da Exame, Pedro Thompson, o evento discutiu como construir um ambiente profissional saudável priorizando o bem estar dos funcionários.

Mas, afinal, o que uma pessoa precisa ter para ser uma liderança para negócios de impacto, inclusivos e sustentáveis?

Ecoa lista abaixo as principais dicas compartilhadas por eles.

Aprender a falar "eu não sei"

No último ano, com o cenário da pandemia no Brasil, ficou mais nítido para Lisiane Lemos a importância de expor para os funcionários que nem sempre um líder terá uma resposta pronta para dar. Ela brinca que a frase do ano de 2020 foi: "eu não sei".

"A gente foi colocado no mundo corporativo em que o líder parecia super-herói: ele não tem defeito, tem todas as soluções... Só que às vezes é questão de você fazer perguntas e mostrar que está numa rotina de aprendizado para seu time se identificar e para que ele também se abra. Minha grande preocupação é dizer que eu não sei, que eu quero aprender. E também dividir quando eu estou um pouco apreensiva com minhas vulnerabilidades da vida", diz Lisiane.

Para mim um grande líder é aquele que se mostra aberto para o time

Lisiane Lemos, gerente do Google Brasil

O mesmo vem ocorrendo dentro do Magazine Luiza. Logo na chegada do novo coronavírus, Luiza Trajano conta que passou por um momento de desespero por não saber como seriam as coisas dali para frente. Compartilhou essa angústia com seus funcionários e, juntos, conseguiram achar soluções para adaptar o dia a dia da empresa e tornar o trabalho de todos mais saudável e eficiente.

"Eu falava: estamos aprendendo tudo agora, temos que deletar tudo de antes. A empresa hoje tem uma gestão que é muito mais orgânica. A maioria dos líderes foram criados em empresas mecanizadas, onde não podia falar que você não sabia sobre determinada coisa ou que você tinha errado. Principalmente na década de 1990 isso era muito comum", diz a principal empresária no Brasil hoje.

A virtude de saber ouvir

Outra característica levantada diz respeito a ouvir. Eduardo Magliano tem até um nome para isso: "ouvirtude", ou seja, "é a virtude que a gente tem de escutar", como define. "Na maioria das vezes estamos ouvindo só para esperar a hora de responder. Eu acho que o grande papel do líder hoje é conseguir ouvir o processo de como as pessoas estão vivenciando aquelas experiências de trabalho como um todo, a fim de aquilo fazer parte da plataforma de desenvolvimento dela, e não necessariamente do trabalho, não necessariamente da forma de pagar boletos."

Mostrar-se vulnerável

Para Lisiane esse ponto dialoga bastante com o dizer "eu não sei". A consultora Maite Schneider relaciona a vulnerabilidade à empatia. Segundo ela, é preciso buscar um lugar de humanidade dentro da empresa e na relação entre o time e o líder. "Ao mesmo tempo que a gente foi causador, enquanto humanidade, de uma série de desumanidade, a gente está aprendendo a construir um novo lugar, onde haja verdadeiramente algo que reflita a diversidade de todos nós. Que é um lugar de empatia."

Você só vai ter resultado no macro, quando fortalecer o micro.

Maite Schneider, cofundadora da TransEmpregos

Presença na vida dos funcionários

Mesmo durante a pandemia, em que quase todos os funcionários trabalham em sistema de home office, o CEO da Exame Pedro Thompson tem realizado reuniões diárias com os funcionários para saber como eles estão e compartilhar as tarefas realizadas no dia a dia.

"O principal é você se fazer presente na vida dos funcionários. E se fazer presente como um facilitador. Ter muita empatia, entender as dores e o que é desafio. A presença de um líder é fundamental", conta.