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Nathaly Dias: 'No morro também tem blogueira'

Colaboração para o UOL, em São Paulo

27/07/2020 04h00

"Se empoderem, a gente quer o poder."

Esse foi o recado da blogueira Nathaly Dias, moradora do Morro do Banco, na Zona Oeste do Rio de Janeiro (RJ), durante participação no "OtaLab" no UOL na última quinta-feira (23). Ela falou sobre a situação das comunidades em meio à pandemia do coronavírus no quadro "Mapa das Minas" e destacou a importância do pensamento de empoderamento entre as pessoas de baixa renda.

"Somos potência, somos maioria. Somos nós que descemos o morro. Além das pessoas que empreendem no morro, vamos olhar para a perspectiva de quem trabalha para outras pessoas... É a gente que faz as máquinas girarem, é a gente que acorda cedo para servir o café das pessoas que saem mais tarde pra trabalhar, é a gente que liga as máquinas, é a gente que faz a roda girar de verdade", destacou.

"Aqui no morro nós temos bombeiro, enfermeiro, médico. Tem até blogueira agora. Queria deixar essa mensagem mesmo para quem está me assistindo. Você, de baixa renda, para entender que você pode qualquer coisa. A gente só precisa ter ciência disso, empoderar. Lógico, não é tão fácil para gente, mas a gente sabe sobreviver em relação a isso, a gente está acostumado a esse novo normal, digamos assim", acrescentou.

Nathaly participou do programa ao lado da colunista do UOL e empreendedora Adriana Barbosa, que destacou os desafios para cidadãos e empreendedores de baixa renda nos últimos meses.

Para a blogueira, a situação é complexa e a conscientização faz parte de um "trabalho de formiguinha".

"Quando a gente fala dos comerciantes da comunidade, temos que lembrar que essas pessoas geralmente não são alfabetizadas como a gente. Pouquíssimas pessoas aqui do Morro do Banco têm acesso à graduação ou acima disso, aprende na raça. Como você espera que esses comerciantes pensem e entendam o que é ter um fluxo de caixa, uma renda de emergência? É muito complexo", disse Nathaly.

'É a gente pela gente'

Nathaly também destacou que a comunidade onde vive vem sobrevivendo em tempos de pandemia por forças próprias e cobrou mais atenção de governantes e pessoas de fora.

"Eu sinto que o comércio do Morro do Banco consegue se reinventar. A gente aqui de dentro está fazendo um movimento lindo de se ajudar, fazer com que a gente sobreviva a essa situação. Mas eu não vejo muita ajuda de fora, é mais a gente pela gente", avaliou.

"Temos que fazer alguns movimentos para que os governantes olhem para gente com mais cuidado, porque o coronavírus afeta mais quem está aqui dentro."