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Adriana Barbosa: 'Digitalizar não é só vender produto em rede social'

Colaboração para o UOL, em São Paulo

25/07/2020 04h00

O que mudou nas periferias durante a pandemia do coronavírus?

Adriana Barbosa, empreendedora e colunista do UOL, falou sobre o assunto no "OtaLab" na última quinta-feira. Durante conversa com Otaviano Costa e a blogueira Nathaly Dias no quadro "Mapa das Minas", ela destacou os três principais problemas que mais têm afetado a vida dos cidadãos e empreendedores nas comunidades.

Segundo Adriana, um dos pontos que merece destaque é a dificuldade para comerciantes se reinventarem no mundo digital.

"Para as grandes empresas, isso é um processo natural. Mas para a baixa renda, os empreendedores nano e micro, muitos deles são empreendedores por necessidade, são aquelas pessoas que vendem hoje para comer amanhã, e não se programaram para fazer o processo de digitalização. Digitalizar não é só colocar o produto para vender em rede social", disse.

A falta de reserva financeira para emergências e o difícil acesso ao crédito também estão entre os principais problemas, na avaliação de Adriana.

"Muitas pessoas não tinham um fundo de reserva para segurar por mais de 30 dias. Levando isso em consideração, vem outra questão que está associada a isso, que é o processo de endividamento", destacou.

"As linhas de crédito que existem hoje para suportar o pequeno [empreendedor] têm um critério que é você não estar negativado. Quem, hoje, empreendedor de baixa renda que não está endividado?"

'Processo de reinvenção'

Maior empreendedora negra do Brasil e fundadora da Feira Preta —maior evento de cultura e empreendedorismo negro da América Latina—, Adriana Barbosa também falou sobre os desafios que ela própria vem enfrentando durante a pandemia e destacou as oportunidades que surgem em meio à crise.

"O contexto da pandemia traz uma lupa muito maior em relação aos processos de desigualdade, que foram construídos há muitas décadas. Mas ao mesmo tempo eu tenho visto outros movimentos de transformação", disse.

"A gente [Feira Preta] está nesse processo de reinvenção. Há quase duas décadas construímos um modelo que é analógico, foi construído presencialmente. E agora estamos no processo de redesenhar para esse novo momento da digitalização e remodelar para esse contexto que estamos vivendo", acrescentou.