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Trudruá Dorrico

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Colmeia Indígena: Cursinho Pré-vestibular investe em estudantes indígenas

Cursinho Colmeia é dedicada aos estudantes indígenas - Cursinho Colmeia
Cursinho Colmeia é dedicada aos estudantes indígenas Imagem: Cursinho Colmeia

Julie Dorrico

07/07/2021 06h00

O Colmeia Indígena é um projeto de extensão que busca localizar e preparar estudantes indígenas que se formaram no Ensino Médio para ingresso nos cursos superiores das universidades brasileiras, e em especial, da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).

O Colmeia é uma parceria da prefeitura da cidade de Limeira/SP com a UNICAMP, em funcionamento desde 2010, já atendendo cerca de 350 estudantes anualmente de forma gratuita, graças ao financiamento da Prefeitura de Limeira e auxílio da Universidade.

Colmeia Indígena

1 - Acervo Colmeia Indígena_Facebook - Acervo Colmeia Indígena_Facebook
Cursinho Pré-Vestibular Colmeia Indígena
Imagem: Acervo Colmeia Indígena_Facebook

No ano de 2021, o Colmeia inaugura o projeto piloto destinado aos estudantes indígenas, o Colmeia Indígena. O cursinho Pré-Vestibular nesta modalidade selecionará exclusivamente sujeitos indígenas, focando nas vagas das políticas de ações afirmativas garantidas pela Lei nº 12.711, de 29 de agosto de 2012, da qual a UNICAMP é adepta.

A título de informação, deixo aqui registrado um artigo da Lei que assegura as vagas universitárias aos sujeitos indígenas no país:

"Art. 3º Em cada instituição federal de ensino superior, as vagas de que trata o art. 1º desta Lei serão preenchidas, por curso e turno, por autodeclarados pretos, pardos e indígenas e por pessoas com deficiência, nos termos da legislação, em proporção ao total de vagas no mínimo igual à proporção respectiva de pretos, pardos, indígenas e pessoas com deficiência na população da unidade da Federação onde está instalada a instituição, segundo o último censo da Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE".

O Colmeia Indígena oferecerá aulas online, com acesso gratuito para os cursistas indígenas. Haverá uma turma à tarde, iniciando 14h e encerrando às 17h; e outra turma à noite, iniciando 19h e encerrando às 22h, de segunda à sexta. Cada turma, tarde e noite, terá o limite de 250 vagas, somando as duas, o Colmeia oferece 500 vagas. As aulas estão previstas para iniciar dia 10 de agosto e devem ir até 17 de dezembro de 2021.

Inscrição no Colmeia Indígena

Os estudantes indígenas que manifestarem interesse em estudar para fazer os exames de avaliação seja na UNICAMP ou do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), devem preencher o formulário: https://forms.gle/VhPsFtjRrwoPM6rz9 como requisito para pré-inscrição, que deve ser finalizada com o envio dos documentos solicitados - fotos, identidade, local onde mora, etc.), além da autodeclaração do povo a que pertence. São requisitos para a participação no Pré-Vestibular, ainda, ter acesso à internet, e tempo para frequentar as aulas 5 vezes na semana com carga horária de 3 horas. As inscrições para o Colmeia Indígena abriram dia 01 de julho e vão até 08 de agosto.

Demarcando a educação brasileira

O ingresso dos estudantes indígenas no nível superior significa o aumento da pluralidade étnico-sociocultural na educação e o asseguramento do direito básico à educação aos povos originários no país.

Segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), a presença indígena no Ensino Superior no quesito "cor/raça", em 2019, conforme autodeclaração, registra apenas 0,7%. Uma presença pequena que seja por falta de maior mapeamento ou autodeclaração, incide diretamente nas políticas públicas dos povos indígenas na educação, como a necessidade de ampliar vagas e recursos para a permanência dos estudantes indígenas durante os anos de formação nos cursos universitários ofertados. Para analisar os dados do INEP clique aqui: resumo_tecnico_censo_da_educacao_superior_2019.pdf (inep.gov.br).

A formação técnica e pedagógica dos estudantes indígenas para trabalhar nas estruturas sociais não é isenta de contradições, porém, os estudantes indígenas têm mostrado um empenho em reclamar por mudanças nos currículos e maior inclusão nas diversas áreas que buscam. Exemplo disso é o Encontro Nacional de Estudantes Indígenas (ENEI), evento acadêmico organizado e protagonizado por estudantes indígenas desde 2013. Atualmente está em sua 9ª edição, com o tema: "Ancestralidade e contemporaneidade: Tecendo histórias" e será realizado como pré-evento virtual exclusivamente na internet entre os dias 28 e 30 de julho de 2021, com intenção de ser realizado presencial e principal no ano de 2022. Para se inscrever acesse aqui: ENEI (enei-evento.com.br).

Demarcar as universidades e institutos brasileiros com a presença indígena é, ao mesmo tempo, invocar a identidade, a história na conjuntura que a envolve, como outras línguas, culturas e epistemologias indígenas. Preocupar-se com o ingresso e a permanência é garantir uma condição de possibilidade para que haja uma polinização na educação brasileira com os conhecimentos indígenas vindos desde os próprios indígenas.

Saiba mais:

2 - Acervo Colmeia Indígena/Facebook - Acervo Colmeia Indígena/Facebook
O que é o projeto Colmeia Indígena?
Imagem: Acervo Colmeia Indígena/Facebook

Rede Social do projeto Colmeia Indígena: Cursinho Pré-Vestibular: Cursinho Pré-vestibular Colmeia Indígena | Facebook

Site do Encontro Nacional de Estudantes Indígenas: ENEI (enei-evento.com.br)