App que mostra quanto seu carro gasta já tem 100 mil usuários no Brasil
Empresário também confirma que o "Engie" vai ganhar novos recursos em breve e lançará um ranking dos carros mais problemáticos do país
Uri Levine, empreendedor da área digital e um dos fundadores do Waze e do Engie, aplicativo que mostra quanto seu carro gasta, afirmou a UOL Carros que o app já acumula uma base de 100 mil clientes no país seis meses após seu lançamento, ficando atrás apenas de Israel, seu país de origem, que conta com o dobro disso -- o executivo projeta que, até o fim deste ano, o mercado brasileiro seja o maior da companhia em todo o planeta.
"Esse é um número bem grande, considerando que o aplicativo é gratuito, mas o dispositivo que é conectado ao veículo (na porta OBD, a mesma utilizada por scanners de oficinas), não. É um pouco mais complexo colocar o dispositivo que simplesmente baixar o programa no celular", explica.
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Comparando com o recém-lançado VAI, que também se conecta ao veículo para alertar sobre componentes defeituosos e manutenção, a abordagem é bem diferente, diz Levine. "Desenvolvemos um produto com foco no motorista, para ajudá-lo a saber o que está acontecendo e ter acesso à comparação de preços de diferentes oficinas. Nós provemos as informações apenas ao motorista, que tem acesso aos preços e também às avaliações das oficinas, feitas por outros usuários", explica.
Enquanto no Engie o dispositivo envia os dados gerados pela central eletrônica do veículo diretamente ao celular, via Bluetooth, o VAI manda os dados para servidores na internet, via conexão GPRS, com a possibilidade de compartilhamento dessas informações com uma concessionária, por exemplo, se o cliente assim desejar.
"Há outras empresas que estão fazendo diagnóstico e manutenção remotos. A General Motors tem isso nos Estados Unidos, avisam quando é hora de fazer revisão ou reparo e já agendam o serviço. Em nosso caso, você escolhe o mecânico", complementa Levine.
O executivo diz ainda que o Engie está preparando "para breve" um ranking dos carros mais problemáticos e os tipos de defeitos mais comuns -- o aplicativo já disponibiliza essas informações em Israel, por exemplo.
"Ainda estamos coletando os dados, no momento não tivemos volume suficiente para consolidar essas informações. Na maioria dos casos, as montadoras estão interessadas em escondê-las e não querem expô-las".
Aplicativo reformulado
O empresário revela que o Engie vai ganhar novos recursos em breve. Dentre eles, será capaz de gerar um relatório, comprovando que o veículo não apresentou problemas nos últimos dois ou três anos, à escolha do cliente.
Outra novidade antecipada por Uri Levine: ao alertar o usuário sobre carga baixa da bateria, por exemplo, o Engie poderá oferecer um serviço para troca do componente, diretamente na tela do celular. "Em vez de você ter de ir a um mecânico, vamos colocar à disposição uma empresa ou profissional que possa fazer isso por você. Será muito mais conveniente", explica.
Essas são formas de trazer mais receita para o Engie -- que hoje é remunerado pelos reparos feitos nos veículos por oficinas mecânicas indicadas pelo aplicativo. Uri Levine não informa qual é o percentual dessa comissão, mas é sabido que o Engie, atualmente, tem 170 oficinas cadastradas no país. Na prática, elas pagam à companhia para ter acesso aos clientes cadastrados, de forma semelhante como acontece com a Uber.
"Esse número está crescendo a cada dia", revela o executivo, que destaca que a companhia israelense não lucra nada com a venda do dispositivo que é conectado ao veículo: "O valor que cobramos do cliente apenas cobre os custos do equipamento", explica.
Quanto custa?
O aparelho da Engie hoje sai por R$ 99 para smartphones Android e R$ 135 na configuração que funciona com Android e Apple iPhone -- uma promoção dá o terceiro dispositivo grátis na compra de dois conectores, com frete incluso no preço. Para comprar o conector, é preciso acessar www.engieapp.com/pt.
Segundo Levine, os carros hoje podem indicar mais de 50 mil tipos de falha, sendo que o Engie cobre cerca de 10 mil delas -- o que representa mais de 90% dos defeitos mais comuns.
"Usamos a mesma estratégia de 'crowdsourcing' utilizada pelo Waze para catalogar esses defeitos mais comuns, com base nas informações geradas pelos próprios usuários do Engie, para identificar novos tipos de falha e defeitos. Da mesma forma que o Waze é muito bom em áreas bastante populosas, o Engie também será. Hoje, é provável que o aplicativo aponte um defeito que ainda não sabemos qual é, mas isso também acontece em uma oficina mecânica", destaca.
Relatório recentemente divulgado pelo Engie, com base em dados gerados pelos carros de 25 mil usuários do aplicativo no país, aponta que os três problemas mais frequentes, em ordem decrescente, são: catalisador abaixo do limite requerido; falha na ignição de um ou mais cilindros do motor; e falha no coletor de admissão do ar do propulsor.
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