Microcâmeras viram "modismo obrigatório" entre motociclistas

Vias cada vez mais cheias e comportamento truculento no trânsito estão criando um novo modismo contemporâneo, prática com status quase obrigatório: o uso de câmeras portáteis para registrar imagens do trajeto tem crescido, primeiro no exterior e cada vez mais no Brasil. Entre os motociclistas, a minicâmera é cada vez mais desejada e flagra tragédias, mas também comédias.
Muitas imagens servem para incriminar suspeitos de assaltos ou crimes de trânsito, mas o que se vê, na maioria dos casos, é a simples busca da fama e cliques nas redes sociais.
DRAMA OU COMÉDIA
Muitos pilotos se empolgam em captar uma imagem espetacular e realizam manobras ousadas em alta velocidade. Nesta situação, o risco de acidentes sérios é proporcional à ousadia. Quem sentiu isso na pele foi o motociclista Jack Sanderson. Em alta velocidade, não conseguiu contornar uma curva na estrada e jogou a moto no barranco para não colidir de frente com um carro. Teve poucos ferimentos, mas suas próprias imagens serviram de base para o processo por direção perigosa aberto pela polícia inglesa.
Também na Inglaterra, um vídeo teve bastante repercussão pelo final trágico: o motociclista registrou o acidente que o matou, o que motivou a família a divulgar as cenas como alerta a outros pilotos.
Furto de moto também é cena comum nas grandes cidades. Mas câmeras fixadas aos capacetes podem ajudar a identificar os suspeitos. Nesse caso, cabe à polícia fazer sua parte.
Ousadia não tem limites como mostrou o piloto que invadiu com sua moto uma estação do metrô na Rússia. Sua habilidade é inquestionável, com técnicas de motocross usadas para superar obstáculos como as escadas da estação. Mas a atitude é deplorável.
Pode parecer perda de tempo, mas assistir a tais vídeos na internet pode resultar em lições importantes, aprendendo com os erros dos outros. Serve para o motociclista que gosta de serpentear na estrada quando os carros rodam em velocidade reduzida. Essa é a situação típica para sofrer uma fechada, pois o motorista não vê a moto. Vídeos com esta situação, da qual o motociclista não consegue se safar, não faltam.
FAMA
Modelos de câmera como a GoPro, que gera fotos e filmes em alta definição e tem comandos simples, se tornaram objeto de desejo para quem está sobre duas rodas. Criada pelo ex-surfista Nick Woodman, a pequena câmera projetada na Califórnia (Estados Unidos) já vendeu quase 9 milhões de unidades em 10 anos de mercado.
Quem não resistiu e adquiriu uma foi o marinheiro Raphael Alexandrino, 28 anos, que investiu R$ 1.400 no pacote com câmera e acessórios. Acompanhado da mulher Camila Bueno, partiu do Rio de Janeiro com uma Yamaha Ténéré 250 em direção a Argentina, Uruguai e Paraguai. Registraram tudo, claro.
Alexandrino é mais um exemplo de usuários que fazem os vídeos, captadas por câmeras portáteis, se proliferam na internet. Tendo a fotografia como hobby, Raphael afirma que pode ter um ângulo ainda maior com o equipamento e registrar tudo com mais praticidade. Depois é só publicar em redes sociais e aguardar que amigos e fãs curtam.
Cicero Lima é especialista em motocicletas e motociclistas
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