Picape voadora, Ford Ranger Raptor é diversão na terra e no asfalto
Durou pouco para a Rampage R/T. Apresentada em meados do ano e nas lojas desde setembro, o modelo da RAM ocupou por poucos meses o posto de picape média mais rápida do Brasil no 0 a 100 km/h. Agora, o produto acaba de ser desbancado - e com margem - pela Ford Ranger Raptor, que chegou ao mercado nacional e é como um veículo de rally de velocidade homologado para as ruas.
A novidade da Ford, aliás, foi além. Não é apenas mais a média mais rápida do Brasil. No 0 a 100 km/h, ela supera qualquer outra picape à venda no País. E isso inclui a RAM 1500 Rebel, que é grande, tem motor V8 e cumpre a missão em 6,4 segundos - ante os 6,9 segundos da média Rampage R/T.
A Ranger Raptor, por sua vez, vai de 0 a 100 km/h em 5,8 segundos. Para isso, usa motor V6 biturbo a gasolina de quase 400 cv, do qual falaremos mais adiante. A potência é quase a mesma da 1500 Rebel. E o preço não está assim tão distante. A Ford pede R$ 448 mil pelo modelo médio, ante os R$ 469.990 da grandalhona da RAM.
A novidade, que vem da Tailândia (diferentemente das demais Ranger, importadas da Argentina), tem também alguns itens a mais. Entre eles, há os faróis full-LED matriciais, sistema de som Bang&Olufsen e três modos extras de condução. Teto solar, porém, a Raptor não tem.
Avaliei a Ranger Raptor no campo de provas da Ford em Tatuí, no interior de São Paulo. O modelo foi colocado à prova tanto na pista quanto na situação na qual é focada, o off-road.
Aptidão da Ranger Raptor
A Raptor é um modelo para acelerar nas estradas asfaltadas da vida? Sem dúvidas. E, nessa condição, se mostra rápida e divertida. Porém, a verdadeira aptidão do modelo é para o off-road. Tanto que ela tem pneus all-terrain, e suspensão própria para vencer obstáculos que outras picapes não são capazes.
Para a Ranger Raptor, a ordem é ser uma picape capaz de vencer desafios na terra, e acelerar forte nela também. De acordo com a Ford, os 5,8 segundos para cumprir o 0 a 100 km/h são válidos também no fora de estrada. Dos três modos de condução extras, aliás, dois são focados no off-road: Rock Crawl (pedra) e Baja. Só o esportivo é para o piso pavimentado.
Além disso, a Raptor ficou 5 cm mais alta que a Limited e as demais Ranger. Isso para aumentar seus ângulos. O de entrada é de 32°, o de saída de 27° e o de transposição, de 24°.
Além disso, os amortecedores são dinâmicos. O ajuste é diferente em cada modo de condução, mas eles também podem se adaptar automaticamente ao piso.
O sistema de tração é o mesmo das demais Ranger, com sistema 4x4 temporário tradicional e também o por demanda. A diferença é que, na Raptor, o bloqueio de diferencial não é apenas traseiro. Há também o dianteiro.
Desempenho na terra
Todo o trabalho feito na suspensão contribuiu para dar à Ranger uma incrível estabilidade em todo tipo de terreno, na terra. O teste começou com o modo areia acionado, para evitar que as rodas cavem o piso. No 4x4 alto, após uma ou outra correção na direção, ganhei confiança e atingi facilmente os 100 km/h sem perder a traseira.
Newsletter
CARROS DO FUTURO
Energia, preço, tecnologia: tudo o que a indústria está planejando para os novos carros. Toda quarta
Quero receberA Raptor também passa segurança em outros pisos, com terra batida ou fofa. Aliás, em uma reta mais longa a picape foi capaz de atingir pouco mais de 150 km/h - a velocidade máxima é limitada a 180 km/h.
Pilotos mais experientes e com mais disposição para diversão, no entanto, podem desligar o 4x4, acionar o 4x2 (tração traseira) no seletor do console central e ativar o modo Baja. Este, além de desligar os controles de tração e estabilidade, deixa os componentes (direção, conjunto motor-câmbio e suspensão) prontos para entregar o máximo de desempenho.
Aí a Ranger Raptor vai sair de traseira mais facilmente. Basta uma pequena provocação. O controle terá de ser no braço, e a diversão é garantida.
Mesmo sem um desafio tão forte, nas escalada de pedras do circuito off-road de Tatuí, a Raptor foi sem percalços, mostrando que, além de rápida, é capaz. Ficou a vontade de levá-la a uma trilha de pedras não controlada e mais desafiadora.
Antes de chegar à parte final da avaliação off-road, é preciso falar do conjunto motor-câmbio, que permite as velocidades que a picape precisa para o desafio a ser descrito a seguir. São 397 cv e 59,4 kgfm de torque no 3.0 V6 biturbo. O câmbio automático de dez marchas é o mesmo da Ranger Limited, mas com relações e calibração específicas. Há imensas hastes atrás do volante para trocas sequenciais.
Com tudo isso, a Ranger foi capaz de saltar ao subir uma elevação na terra. Com um piloto profissional ao volante, e não esta que vos escreve. Para evitar danos à suspensão, a Ranger trava automaticamente os amortecedores. Isso é feito no momento em que o sistema percebe o início do subida, para que a picape voadora faça seu "pouso" em segurança.
Na pista
Logo no início do teste na pista asfaltada, o instrutor que estava a meu lado disse: "Só tome cuidado nas curvas, pois os pneus são mais para a terra". Mas eles não foram empecilho para a Ranger Raptor mostrar do que é capaz também em superfície firme.
Disso falaremos mais adiante, pois antes eu preciso explicar os modos de condução. Para o on-road, há o normal e o esportivo. Eles são acionados no mesmo seletor do console central que também agrega as funções do sistema de tração. Porém, suspensão, direção e som do escape esportivo podem ser modulados separadamente, por meio de teclas no volante.
Dessa forma, dá para escolher, na pista, usar suspensão e direção no modo esportivo e deixar o escape no Baja. É nesta função que o som do propulsor fica mais instigante, com direito a um assobio no início da desaceleração, lembrando aqueles carros tunados da primeira década dos anos 2000.
A 100 km/h, velocidade máxima recomendada em um trecho de curvas da pista, a impressão era de que a picape estava mais lenta. A segurança transmitida pela carroceria firme e a direção precisa passaram muita segurança, e deram vontade de ir além. Coragem não faltou, mas era preciso respeitar as regras do circuito.
Design e acabamento
É fácil identificar a Ranger Raptor como um modelo especial, e não apenas por causa da largura extra. A grade é exclusiva, preta e com a imensa inscrição Ford no centro, em alto relevo.
Por dentro, os bancos esportivos são exclusivos e há muitos apliques em laranja, a cor oficial da Raptor. Eles estão nos próprios bancos, volante e contorno das saídas de ar-condicionado. A nova versão também traz alguns materiais de acabamento exclusivos. De resto, a cabine é igual à da Limited.
Quer ler mais sobre o mundo automotivo e conversar com a gente a respeito? Participe do nosso grupo no Facebook! Um lugar para discussão, informação e troca de experiências entre os amantes de carros. Você também pode acompanhar a nossa cobertura no Instagram de UOL Carros.
Deixe seu comentário