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Renault produzirá híbridos no Brasil e decreta morte dos sedãs

O Renault Kardian promove a estreia de uma nova plataforma global da Renault. O SUV será o primeiro a usá-la, e chega ao mercado nacional em março. Depois, esta base também estará em plantas da marca no Marrocos, Turquia e Índia.

Trata-se da principal plataforma da estratégia de renovação que a marca batizou de Renaultlution (em um trocadilho com revolution, ou revolução). Até 2027, serão lançados oito modelos fora da Europa (entre eles o Kardian). O Brasil é um dos países mais importantes do plano.

Desses oito modelos, um será feito sobre uma arquitetura de veículos comerciais. Dois, na CMA, plataforma da Geely que também é usada pela Volvo (para o XC40). Eles serão destinados à Coreia do Sul. "Os outros cinco são sobre a arquitetura do Kardian", disse o CEO global da companhia, Fabrice Cambolive, em evento sobre as novas estratégias do grupo, nesta terça-feira (25) no Rio de Janeiro.

A nova estratégia também prevê a "morte" de alguns segmentos de veículos na gama Renault. De acordo com o vice-presidente global de marketing da empresa, Arnaud Belloni, no segmento de carros de passeio a marca passará a ter apenas SUVs - o Kwid é considerado, pela montadora, um utilitário-esportivo compacto.

E isso não apenas no Brasil, mas globalmente. Com isso, devem sair de cena definitivamente os sedãs, hatches e modelos de outra categorias. "Precisamos repensar as carrocerias dos produtos, pensando em aspectos como aerodinâmica", complementou Cambolive. Não vejo futuro para os sedãs na gama."

Híbridos no Brasil

No mercado brasileiro, a eletrificação é outro pilar da nova estratégia. A nova plataforma, baseada na do Clio europeu (a CMF), está preparada para todo tipo de veículo híbrido - mas não 100% elétricos. De acordo com o presidente da Renault para América Latina, Luiz Fernando Pedrucci, a marca deverá produzir carros híbridos no Brasil, sobre a nova base.

Assim, a Renault se reúne à Stellantis e Volkswagen, duas fabricantes que já confirmaram a produção de híbridos no Brasil, e à Toyota, que já fabrica Corolla e Corolla Cross com essa solução. Pedrucci não entrou em detalhes, mas a francesa também deve combinar motores elétricos aos a combustão flex, como as demais.

O CEO disse que o primeiro produto híbrido não será necessariamente o Kardian, que por enquanto trará o 1.0 turbo flex a combustão. Há possibilidade de a eletrificação vir na Niagara, picape que substituirá a Oroch e, por enquanto, foi mostrada em versão conceitual (leia mais abaixo).

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Este modelo, por ora, continua em linha. Mas Pedrucci confirmou que sua plataforma não será mais utilizada no Brasil para novos produtos. De agora em diante, todos usarão a mesma do Kardian.

Carros elétricos

Sobre a produção de carros elétricos no Brasil, que está nos planos de BYD, Volkswagen, Stellantis e GM, entre outras, Pedrucci afirmou que esta decisão dependerá do posicionamento do governo. Sem citar as marcas chinesas, o executivo falou que, com as regras de hoje, algumas montadoras estão jogando com 11 jogadores, e outras com 14.

"O governo precisa decidir se quer que o Brasil seja um produtor de carros elétricos ou um importador", disse. "Não temos medo de competição", afirmou. "Mas as regras têm de ser as mesmas. Aqui temos oito horas de carga horária (nas fábricas). Como competir com quem tem 12?"

A Anfavea, associação das montadoras, pressiona o governo para que aumente o imposto de importação sobre carros elétricos para os 35% praticados para demais veículos. A alegação é competitividade da indústria nacional.

O pedido veio após a BYD lançar o Dolphin, um moderno e tecnológico elétrico de R$ 150 mil. Entre novembro e dezembro, chega o GWM Ora 03, pelo mesmo preço. Por enquanto, nenhuma montadora associada à Anfavea produz modelos 100% a eletricidade no País.

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Além disso, GWM e BYD vão começar a produzir carros no Brasil entre 2024 e 2025 - a primeira no interior de São Paulo e a outra na Bahia.

Niagara

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Imagem: Divulgação

No evento no Rio de Janeiro, a montadora apresentou o protótipo Niagara, que dará origem à sucessora da Oroch, a ser feita na Argentina. Trata-se de um conceito feito sobre a plataforma do Kardian, para mostrar as possibilidades dessa arquitetura - que pode ter carros entre 4 m e 5 m de comprimento.

A Niagara é uma picape com 4,90 metros de comprimento e 2,95 de entre-eixos - ante os 4,12 m e 2,60 m do Kardian, respectivamente. Além disso, é híbrida, com motor elétrico na traseira, formando sistema de tração 4x4.

Apesar de o conceito ainda estar um pouco distante da versão final, é possível que use sistema elétrico, principalmente por causa do sistema de tração 4x4. "No momento, estamos focados em usar a eletrificação para ter produtos com tração integral", disse Fabrice Cambolive.

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A data de lançamento da sucessora da Oroch não foi confirmada. Porém, ela virá até 2027, pois faz parte da estratégia revelada pela Renault no evento do Rio de Janeiro.

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