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Honda "rebaixou" o HR-V? Por que mudanças no SUV não foram tão boas assim

Colunista do UOL

11/07/2022 04h00

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Quando a Honda lançou o HR-V no Brasil, em 2015, o carro de cara assumiu a liderança do segmento de SUVs, que passou a alternar com o Jeep Renegade nos anos seguintes. Porém, com a chegada de novos modelos à categoria, aos poucos ele foi ficando de vez para trás, lutando para se manter entre os cinco mais emplacados.

O que poucos sabem é que o HR-V sempre foi líder no varejo. Isso significa que, descartando as vendas diretas, com descontos e também em altos volumes para um mesmo cliente (como frotistas), era o Honda o primeiro colocado. E assim foi praticamente a aposentadoria da antiga geração, no fim do ano passado.

Em agosto, começa a chegar às concessionárias aquela que a Honda chama de nova geração do HR-V. Não é um modelo totalmente novo, pois mantém a plataforma de antes. Porém, a marca fez mudanças suficientes para dar a seu SUV uma roupagem completamente diferente.

O sucesso do HR-V era uma combinação de fatores. Ele trazia um motor 1.8 que garantia agilidade, com seus 140 cv. Além disso, trazia ótimo porta-malas e espaço interno decente para a categoria. Essas duas características costumam ser as que têm mais apelo entre os clientes de SUVs.

O modelo também se destacava pelo design bonito. Mas, a nova geração, embora tenha recebido melhorias importantes, perdeu muito do que fazia do HR-V um dos preferidos dos clientes. A reação do consumidor no universo digital foi imediata.

Os diversos comentários em meu perfil no Instagram e canal no YouTube são denominados por uma percepção dos clientes: a Honda rebaixou o HR-V.

O que ele traz a menos

Meu contato com o HR-V foi estático. Ainda não houve a possibilidade de testar o SUV com seus novos motores. De acordo com a Honda, o espaço para as pernas melhorou, e a impressão é de que realmente ficou mais generoso. Fora isso, o carro traz entradas USB (dependendo da versão) e saída de ar atrás, algo que não é tão comum nesse segmento.

No entanto, o porta-malas sofreu demais. Se antes era referência, agora está na média da categoria, e pior que o de muitos concorrentes importantes. São 354 litros, 83 litros a menos que no modelo anterior.

A marca justifica essa redução como resultado de mudanças no design. Porém, informa que, na prática, cabe a mesma quantidade de bagagem que podia ser acomodada no modelo anterior. Difícil de acreditar: apenas olhando, já dá para ver que o compartimento está, de fato, bem menor.

No lugar do motor 2.0, a Honda colocou o 1.5 aspirado que estreou na linha City. É um propulsor moderno, com injeção direta do combustível e baixo consumo. No entanto, deve rebaixar o desempenho do HR-V. Se no City já não promove grande agilidade, imagine no SUV, que é mais pesado.

Enquanto isso, o Renegade, seu principal rival, ganhou o impressionante 1.3 turbo de 185 cv. Impressionante na agilidade, pois o consumo do Jeep é para lá de alto. Porém, no contexto em que os rivais estão todos aderindo ao turbo, a Honda insiste nesse aspirado de 126 cv (a potência até não é das mais baixas) e 15,8 mkgf.

O torque é muito baixo para promover um bom desempenho. Resta saber qual será a reação do consumidor. Será que a economia de combustível vai compensar a perda de agilidade? Vale lembrar que o Nissan Kicks, carro econômico que nunca se destacou pela aptidão de acelerar e fazer retomadas com eficiência, vende bem.

O que ele ganhou

Quanto ao design, isso é questão de gosto. Há quem considere que o modelo piorou ante o anterior. Há quem o ache mais bonito. Fato é que as mudanças feitas pela Honda estão longe de gerar polêmica. O novo desenho é fácil de lidar, e não deve causar rejeição.

Além disso, apesar de eu ter recebido diversas mensagens criticando o acabamento do HR-V, o que vi na prática é bem diferente da impressão que se teve por fotos e vídeos. A qualidade do interior melhorou muito.

Há amplo uso de plástico emborrachado e materiais de qualidade. As peças são muito bem encaixadas. O acabamento surge como um ponto forte do novo HR-V, que deverá se destacar como um dos melhores da categoria de SUVs compactos.

Por fim, o modelo vem repleto de tecnologia, com faróis full-LEDs antiofuscamento, controle de descida e câmera de ré desde a versão básica. Um ponto crítico é a ausência de sensor de estacionamento traseiro na opção de entrada, EX.

Além disso, o novo HR-V investiu pesado em sistemas de assistência à direção. O consumidor faz questão disso? Não necessariamente. Porém, modelos que são referência na categoria, como o Renegade e o Creta, ganharam essas facilidades em suas recentes renovações.

Assim, para a Honda, seria impossível ficar fora dessa tendência. O consumidor pode até não fazer questão da assistência, mas não aceitará um carro que nasce tecnologicamente defasado ante a concorrência (até porque a marca tem ambições extras para ele - veja abaixo).

E estamos falando de um modelo que não deverá ter o preço como chamariz. Os Honda dificilmente ficam posicionado, nesse aspecto, abaixo da concorrência (a tabela só será divulgada na época do lançamento).

E a versão turbo?

O novo HR-V terá uma segunda versão de motor, 1.5 turbo. Trata-se do mesmo que equipava a opção topo de linha do carro, Touring. Porém, esse propulsor estreia no SUV em uma aplicação inédita, com tecnologia flex.

A montadora ainda não divulgou os dados desse motor, pois as duas versões que o receberão estreiam apenas em outubro. O antigo tinha 173 cv. O novo pode ficar um pouco acima disso (com etanol), por causa da tecnologia flex, ou levemente abaixo, para se adequar às novas normais de emissões (que entraram em vigor no início do ano).

Porém, a potência não deve fugir muito do número antigo. Então não é esta a versão que dará ao HR-V o fôlego com que os consumidores estavam acostumados? Sim. Mas há um problema.

Durante a apresentação, a Honda informou que as versões 1.5 turbo têm objetivo diferente das aspiradas. A montadora vai posicioná-las como concorrentes das opções de entrada dos SUVs médios (Compass, Corolla Cross e Taos).

O que isso significa? Que o preço deverá vir mais próximo aos desses modelos, e distante dos sugeridos para os SUVs compactos. Próximo aos R$ 200 mil? Na versão de topo, não é uma hipótese que dá para descartar.

Para relembrar, o HR-V aspirado será oferecido nas versões EX e EXL. Para o turbo, há as opções Advance e Touring.

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