Paula Gama

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Por que onda de incêndio em carros elétricos preocupa e nem água apaga fogo

Não é raro se deparar com notícias sobre incêndios em carros elétricos e híbridos. Para se ter uma ideia, nos últimos seis anos, foram registrados pelo menos quatro casos de incêndios em navios cargueiros que começaram nas baterias de veículos transportados. Vídeos e fotos de automóveis elétricos incendiados também estão viralizando com frequência nas redes sociais, deixando a população receosa sobre esse tipo de modelo. Afinal, eles são realmente mais suscetíveis a incêndios?

A resposta prática é não, mas - quando acontecem - eles são muito mais perigosos do que em um veículo a combustão.

Existem diversos estudos que afirmam que os modelos a bateria chegam a ser mais seguros do que carros a gasolina e diesel, por exemplo, na probabilidade de pegar fogo. Um deles é da Autoinsurance EZ, publicado em 2022, que coletou dados de diversos órgãos do setor e chegou à conclusão que foram registrados, nos Estados Unidos, 3.474 incêndios a cada 100 mil carros híbridos (com motor a combustão e elétrico), totalizando 16,05 mil no ano.

Os números totais dos carros a combustão foram de 1.529 a cada 100 mil. Em último, ficaram os 100% elétricos, com 25,1 casos a cada 100 mil.

A grande questão é que, uma vez iniciados, os incêndios em carros elétricos são difíceis de conter e podem se propagar rapidamente devido ao uso de baterias de íon de lítio como fonte de energia. Elas são compostas por materiais altamente inflamáveis, como o eletrólito líquido e componentes químicos reativos. A grande preocupação é sobre o preparo da população e das forças de segurança para lidar com esses casos.

Wanderlei Marinho, do comitê técnico de veículos elétricos e híbridos da SAE BRASIL, explica que nem mesmo a água apaga esses incêndios com facilidade - pelo contrário, pode ajudar a propagar ainda mais o fogo.

"A bateria de íon lítio tem como componente eletrólito. Quando pega fogo, o oxigênio presente nele fomenta o incêndio. Nesse contexto, a água pode alimentá-lo, já que é composta por moléculas de hidrogênio e oxigênio, substância que vai fomentar mais ainda a queima", explica.

Ao lidar com um incêndio em um carro elétrico, é crucial priorizar a segurança pessoal. Primeiramente, manter uma distância segura do veículo em chamas e evitar tocar nas partes metálicas para evitar riscos elétricos.

O isolamento da área é essencial, assim como evacuar as pessoas em um raio seguro para protegê-las de possíveis explosões. Para apagar o fogo, o uso de agentes químicos secos ou espuma é mais apropriado, pois ajudam a resfriar a bateria e cortar o fornecimento de oxigênio.

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É preciso alarde?

Apesar das imagens assustarem, as baterias de íon de lítio utilizadas em veículos elétricos são projetadas com várias camadas de proteção para minimizar os riscos de incêndio. Uma delas é a preparação para que as baterias sejam desconectadas em caso de defeito ou acidente, evitando a transmissão de corrente elétrica.

Além disso, os fabricantes implementam sistemas de monitoramento e controle térmico para evitar superaquecimento. Carros a combustão também podem pegar fogo devido a vários fatores, como vazamentos de combustível, falhas no sistema elétrico ou problemas mecânicos.

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