Carros mais baratos? O que montadoras planejam para aumentar vendas em 2024
Apesar da alta nos preços, o ano de 2023 teve um crescimento de 11,2% na venda de automóveis e comerciais leves, categoria que engloba picapes e vans, totalizando mais de 2.180.000 unidades emplacadas. Para este ano, é esperado um crescimento de quase 6%, chegando à venda de 2,3 milhões de veículos leves zero-quilômetro. Afinal, qual segredo da indústria para vender ainda mais em um momento de mercado tão "elitizado", com carros partindo de R$ 70 mil?
Para o presidente da Anfavea, associação das montadoras e entidade responsável pela projeção, Márcio de Lima Leite, um dos fatores para esse aumento está relacionado ao Mover, o novo programa de incentivo à indústria automotiva que complementa o Rota 2030.
O programa estimula a sustentabilidade da frota, com um incentivo de R$ 3,5 bilhões ainda em 2024 para os carros menos poluentes, que devem chegar a R$ 19 bilhões em cinco anos - aplicados em redução do IPI. Em contrapartida, as empresas se comprometem em investir em pesquisa e desenvolvimento.
"Temos motivos para acreditar em um ano positivo para o setor automotivo brasileiro. Além da expectativa de crescimento do mercado interno e da produção, devemos celebrar a publicação da MP 1.205 que instituiu o Programa Mover. Trata-se de uma política industrial muito moderna e inteligente, que garante previsibilidade a toda a cadeia automotiva presente no país e a novas empresas que chegarem, e ainda privilegia as novas tecnologias de descarbonização, os investimentos em P&D e favorece a neoindustrialização", afirma Lima Leite.
De acordo com análise da Becomex, empresa brasileira de tecnologia, a redução tributária irá aquecer o mercado, impulsionar novos postos de trabalho e atualizar as empresas que possuem plantas no país a utilizar inovação para produzir carros mais sustentáveis.
"O novo regime estabelece para todas as empresas envolvidas na cadeia automotiva a meta de reduzir em 50% as emissões de carbono até 2030, com requisitos mínimos para que os veículos saiam das fábricas mais econômicos, mais seguros e menos poluentes", avalia Denys Cabral, Head de Inovação Automotiva da Becomex.
E o preço?
Com incentivos financeiros à produção, é natural que os carros fiquem mais baratos, mas não adianta esperar por uma realidade completamente diferente da que temos hoje. Felizmente o ano não será pior do que 2023 para quem pensa em comprar um carro novo. Segundo explica Milad Kalume, diretor da Jato Informações Automotivas, existem três fatores que impactam o volume de vendas de carros - preço, juros e liberação de crédito.
"No quesito preço, não teremos grandes movimentos, mas uma tendência são os bônus e condições especiais - que vão de descontos, passando por desvalorização do usado, até às taxas de 0% e outros brindes. Por outro lado, a taxa de juros está caindo e cairá ainda mais. Se a Selic baixar do patamar de 11% para 9%, por exemplo, automaticamente mais pessoas serão eletivas a financiar veículos. A transação ficará consideravelmente mais barata também".
Para Kalume, apenas essa queda da taxa de juros já justificaria um aumento nas vendas de carros zero km. No entanto, há uma outra questão: a liberação de crédito dos bancos, que está atrelada à melhora da situação econômica do país.
"A tendência é que tenha uma liberação maior de crédito para financiamento em geral. A situação econômica do brasileiro médio está melhorando. Novos indicadores econômicos mostram um cenário positivo para que os bancos tenham mais segurança em emprestar dinheiro". Na prática, muitos brasileiros que tinham a recusa ao financiamento como um impeditivo para comprar um carro novo, agora, poderão ter acesso novamente.
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