Apps de transporte ampliam segurança após queixas de assédio a mulheres

A violência contra a mulher, que inclui atos de assédio e comportamento sexual inadequado, faz parte do dia a dia das brasileiras. No trabalho, no transporte público, na rua, em bares ou restaurantes, consultórios médicos e até mesmo dentro de casa, quase todas têm uma história para compartilhar.

De acordo com dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2022, o Brasil registrou 1.341 feminicídios e 66.020 estupros em 2021, 4,2% a mais que em 2020.

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Nesse período, ganhou destaque as denúncias e queixas de assédio feitas por mulheres usuárias de aplicativos de transporte. Diversas passageiras relataram atitudes abusivas por parte dos motoristas, naquele ano, uma usuária procurou a polícia contando que chegou a pular do carro em movimento porque o condutor mudou bruscamente de rota após dizer que queria "ficar juntinho".

Após tantas reclamações, aplicativos de transporte, como Uber, 99 e inDrive - que chegou depois ao mercado - passaram a investir mais em segurança e na divulgação de suas ferramentas, e colheram bons resultados.

As denúncias e queixas ainda existem, mas segundo uma pesquisa da 99, as iniciativas da empresa têm conquistado resultados a favor do direito de ir e vir do público feminino. Segundo levantamento realizado pela plataforma, em 2022, foi registrada redução de 75%, por milhão de corridas, dos casos de violência sexual contra passageiras e de 71% contra motoristas parceiras.

Há três anos, a empresária Samara Fonseca criou um grupo no Whatsapp para as amigas compartilharem informações quando entrassem em um carro de aplicativo. A ideia era reunir várias mulheres para garantir que ao menos uma estivesse online em caso de emergência.

"Foi um período em que os casos de assédio explodiram nas redes sociais, todo mundo já tinha percebido algum olhar estranho ou alguma piadinha dentro do carro de aplicativo. Nessa época, eu já costumava compartilhar detalhes da corrida com as amigas, então resolvi criar um grupo para ter mais força", relata.

"Hoje, nos sentimos mais seguras porque há mais ferramentas de monitoramento da viagem. Também passamos a falar mais do assunto, o que inibe muitos homens mal intencionados, mas ainda assim, não é fácil ser uma mulher com um homem desconhecido em um carro. Nunca será", conta a ativista.

O que foi feito para ajudar?

As empresas passaram a usar a tecnologia para aumentar a vigilância sobre as corridas. Além disso, 99 e Uber passaram a oferecer ajuda psicológica a mulheres vítimas de assédio. A 99 afirma que inteligências artificiais identificam passageiras em situação de maior risco e direcionam a corrida para motoristas parceiros com melhores avaliações ou para motoristas parceiras.

"Além disso, são disparadas uma série de comunicações personalizadas para a passageira, recomendando, por exemplo, que ela se sente no banco de trás, além de mensagens educativas e de conscientização aos motoristas sobre a importância de manter o profissionalismo e o respeito", afirma a empresa.

Durante as corridas, as usuárias do app 99 contam com o "Monitoramento de Corrida" em tempo real, que funciona por meio da combinação de rastreamento GPS com inteligência artificial, detectando comportamentos anormais durante viagens, como paradas longas e trajetos com tempo acima do previsto pelo app.

"Caso detectada alguma anormalidade na viagem, protocolos de segurança são adotados para evitar uma ocorrência. Depois das corridas, a inteligência artificial rastreia e identifica palavras e contextos deixados nos comentários que podem estar relacionados a algum tipo de assédio."

Segundo a plataforma, os agressores são identificados e têm seus perfis banidos da plataforma, enquanto as vítimas são direcionadas ao "atendimento humanizado".

A Uber também investiu em tecnologia para monitorar o comportamento dos motoristas parceiros. Uma delas é o U-Filtro, que identifica possíveis mensagens ofensivas e inapropriadas trocadas entre motoristas parceiros e usuários pelo bate-papo do app.
Elas entram automaticamente em revisão, o que pode levar à desativação permanente da conta do ofensor.

Outra ferramenta detecta desvios no percurso ou paradas inesperadas e oferece recursos de segurança para pedir ajuda. Também há, em algumas cidade do Brasil, gravação de vídeo durante as viagens e uma função que permite ligar diretamente do app, apertando um botão, para autoridades que operam pelo número 190 em caso de emergência ou situação de risco.

O inDrive, assim como Uber e 99, dá a opção de compartilhar a viagem, via Whatsapp, com localização em tempo real com algum contato de confiança. O app também possui botão de emergência.

Para ter uma viagem mais segura:

1. Solicite a viagem de um lugar seguro: espere pelo carro ou moto dentro de casa, do escritório ou algum outro estabelecimento. É possível acompanhar a localização do motorista ou motociclista parceiro em tempo real e, assim, ir ao encontro dele assim que chegar.
2. Confira as informações sobre a viagem: Verifique se a cor, placa, modelo do carro e a foto do motorista ou motociclista são as mesmas que aparecem no aplicativo.
3. Insira os contatos de confiança: Não deixe de inserir seus contatos de confiança no aplicativo para que seja possível compartilhar a rota em tempo real com eles diretamente no app ou WhatsApp. Para isso, basta buscar a aba de segurança dentro do aplicativo.
4. Sente no banco de trás, de preferência, atrás do motorista: Isso dá opção de desembarcar por qualquer lado do veículo de forma segura, evitando colisão com os carros que estão em trânsito, além disso, ficando atrás do condutor, monitora-se melhor o GPS sem que ele tenha completa visão da passageira.
5. Grave o áudio das viagens: Uber e 99 oferecem recurso que permite a gravação de áudio do começo ao fim das corridas. Para isso, basta acessar o recurso no Assistente de Segurança, no escudo azul do app.
6. Em caso de emergência, acione o 190: é possível acionar as autoridades apertando um botão dentro dos aplicativos, a ferramenta compartilha localização em tempo real e as informações da viagem.