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Como Strada e HB20 se tornaram os carros mais vendidos do Brasil
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Considerando as categorias de carro de passeio e comerciais leves - que engloba picapes, furgões e vans -, o veículo de quatro rodas mais vendido do país nos primeiros sete meses de 2022 é a Fiat Strada. A picape pequena é um fenômeno de vendas, seguida no ranking por outro campeão de "bilheteria", o Hyundai HB20. Mas, afinal, o que esses modelos têm para vencer a concorrência?
De janeiro até julho de 2022, a Strada teve 61.942 unidades vendidas, enquanto as concorrentes Volkswagen Saveiro e Renault Duster Oroch (que é maior) venderam apenas 5.532 e 5.202 exemplares, respectivamente. Enquanto isso, o Hyundai HB20 - o veículo de passeio favorito pelos brasileiros no mesmo período -, teve uma briga mais intensa. Foram 50.990 emplacamentos, 29,6% dos hatches pequenos, mas com rivais mais competitivos, como Chevrolet Onix (42.687), Fiat Argo (28.231).
Strada revela a necessidade do brasileiro
O fato de uma picape de entrada ser o veículo mais vendido do Brasil revela uma necessidade do brasileiro: a de conciliar o instrumento de trabalho com carro de passeio. A Strada oferece algo que suas tradicionais concorrentes diretas Volkswagen Saveiro e Chevrolet Montana - retirada do portfólio enquanto a nova geração chega - não têm: estética e conforto para ser o carro da família.
Enquanto a Strada ganhou central multimídia sem fio, câmbio CVT e outros itens de conforto e tecnologia, a Saveiro só oferece versões com duas portas, focando exclusivamente no trabalho.
Nessa briga a Renault Duster Oroch, que tem a proposta de ser uma intermediária entre as picapes pequenas e médias, portanto, é maior do que a campeã, tem mais espaço, mas não caiu nas graças do público como a Strada. É preciso contabilizar nessa equação que a Fiat tem maior capilaridade de concessionárias, principalmente no interior, com 519 lojas em todo país, contra 292 da Renault.
Além de estar presente em mais cidades brasileiras, a Strada tem seus predicados. A versatilidade de ser um veículo de carga sem comprometer características de carro de passeio, certamente, é a maior delas. São 720 kg ou 1.354 litros de carga na caçamba com detalhes como 150 litros de capacidade atrás do banco traseiro da cabine plus para acomodar objetos pessoais e pequenas compras.
Os equipamentos também encantaram o público: desde a versão de entrada já tem itens como direção assistida, ar-condicionado, controle de estabilidade, assistente de partida em rampa, direção com ajuste de altura, computador de bordo e luzes diurnas de LED. Por outro lado, tem itens que deixam a desejar, como a suspensão traseira com eixo rígido e molas semielípticas, bem incômodas para quem viaja atrás, principalmente com caçamba vazia.
HB20 mostra o poder da estratégia
No topo do ranking de carros de passeio está o HB20, outro fenômeno, principalmente considerando a capilaridade da rede de concessionárias da Hyundai, que tem apenas 228 lojas em todo Brasil. Atualmente, a fábrica da Hyundai no Brasil trabalha com toda a sua capacidade de produção, o que significa que o modelo não poderia vender mais, nem se a marca quisesse. Desde que seu principal rival Chevrolet Onix passou a ter dificuldades de montagem, por conta da falta de peças, assumiu a posição de principal hatch pequeno do mercado brasileiro.
Mas a realidade é que o HB20 fez sucesso desde que chegou ao Brasil, em 2012. Na época, era uma grande novidade com design diferenciado frente aos seus concorrentes, Fiat Palio, Toyota Etios e Volkswagen Gol. Além de um produto equilibrado com uma oferta variada de versões, os cinco anos de garantia oferecidos pela marca deram uma vantagem e tanto.
Em 2019, o Hyundai passou por uma atualização que deixou o design polêmico, mas foi compensado pela introdução de tecnologias semiautônomas, motor turbo e controle via aplicativo. Há um mês, a marca aproveitou a má fase do Onix - que ainda não conseguiu se recuperar após a crise de produção e era o único a bater de frente na lista de equipamentos - e reestilizou o design do HB20, deixando as linhas mais sóbrias e unânimes.
E há mais um detalhe: com a escalada de preços dos automóveis, os subcompactos de entrada, como Fiat Mobi e Renault Kwid, estão na faixa de R$ 65 mil. O que leva os consumidores de orçamento mais apertado para os usados.
Os que têm um pouco mais de folga a optam por um carro maior, como o HB20, a partir de R$ 79 mil, e parte dos clientes de categorias superiores precisam fazer um downgrade. Portanto, a posição do modelo no ranking é uma união entre bom produto, momento certo e boa estratégia.
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