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Paula Gama

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Do mico ao sucesso: vale a pena comprar carro criado para o Brasil?

Enquanto o Celta não chegou à segunda geração, o Onix é um case de sucesso da Chevrolet  - Foto: Chevrolet | Divulgação
Enquanto o Celta não chegou à segunda geração, o Onix é um case de sucesso da Chevrolet Imagem: Foto: Chevrolet | Divulgação

Colunista do UOL

13/05/2022 04h00

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Chevrolet Onix, Hyundai HB20, Volkswagen Gol. O Brasil é o país natal de carros com carreiras vitoriosas, mas também coleciona nomes na fila de modelos que não vingaram. Afinal, qual é o segredo que faz alguns veículos com engenharia brasileira despontarem e outros não passarem da primeira geração?

Em primeiro lugar, é bom entender que o Brasil já foi um país estratégico para a produção de veículos: além dos incentivos, o fato de ser uma nação populosa e de ter acordos de livre comércio com países da América Latina tornava vantajoso produzir carros aqui.

Mas há outro detalhe: com a balança cambial sempre desfavorável para o Real, os engenheiros brasileiros - mesmo os que recebem bem - são mais baratos, comparados com profissionais americanos e europeus. Razão que, provavelmente, faz a Ford manter uma equipe de engenharia no país, mesmo não produzindo mais carros em nosso solo.

Esse cenário fez com que diversas marcas construíssem plantas por aqui. Para atender ao nosso mercado, com demanda alta por carros mais baratos, foram criados modelos específicos para nosso país. Alguns triunfaram, outros são relembrados com constrangimento, como é o caso do Chevrolet Celta, que não mudou de geração e já foi considerado motivo de vergonha por profissionais da GM. Junto com ele, vários veículos passaram por aqui, mas não fizeram carreira, como Citröen Aircross, Fiat Palio Weekend, Honda WR-V e Peugeot Hoggar.

Mas, afinal, o que faz com que alguns carros tenham passagem tão efêmera? Via de regra, o que faz um carro se manter em linha é a usabilidade do projeto. Isso quer dizer que um modelo de sucesso, bem planejado e acabado, normalmente, é exportado para outros países. Quanto maior a quantidade de mercados, mais testado e aprimorado aquele carro foi, pois teve que atender as exigências, não só técnicas, mas de mercado, em diversas culturas.

O veículo passa por um crivo ainda maior quando começa a ser produzido em outras plantas. Isso significa que o processo de fabricação foi estudado e reestudado para aplicação em outros estados e países. Por isso, preste atenção, os carros nacionais de maior sucesso são também os que foram exportados e produzidos em mais países.

Esse pode ser um bom critério na hora de comprar um carro produzido no Brasil. Afinal, ele passou na avaliação da própria marca para agradar outros mercados?