Idoso apegado à casa e rotina: entenda por que e cuidados em uma mudança

Muitas pessoas idosas têm uma forte ligação com o lugar onde vivem ou com o que fazem todos os dias, por variados motivos.

Você muito provavelmente já deve ter ouvido de algumas delas afirmações que em se tratando de mudanças, "só depois de morrer", expressando assim o seu intenso desejo de permanecer no seu lar ou continuar com sua rotina até o fim da vida.

Mas e se for necessário o idoso ter que mudar por algum motivo de força maior?

Como garantir seu bem-estar e qualidade de vida sem fazer com que ele sofra e sua saúde decline?

Quais são os benefícios e riscos que devem ser avaliados, por ele, por sua família, médicos e cuidadores?

Além disso, não sabe por onde começar ou não entende tanto apego?

Esses são questões que serão respondidas por VivaBem com apoio de especialistas a seguir:

Casa e rotina têm significados

Idosos costumam ser muito apegados às próprias casa e rotina por atrelarem a elas sentimentos de segurança, conforto, pertencimento, estabilidade e familiaridade, explica Leonardo Oliva, geriatra do Hospital Aliança, da Rede D'Or, em Salvador.

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Seu canto e seus afazeres também são, de maneira inconsciente, meios que eles encontram de preservar sua identidade, história, conquistas, além de lembranças e objetos de valor afetivo. Leonardo Oliva, geriatra

Fora que a casa e a rotina podem ajudar a manter a autonomia e a produtividade dos idosos, que podem se sentir úteis e capazes de realizar suas atividades diárias sem depender de outras pessoas, por mais íntimas que sejam.

Contribuem ainda para a saúde física e mental do idoso, que acaba estendendo esses ganhos a sua alimentação, sono, exercícios, lazer e socialização.

No que se refere aos horários regrados, pré-estabelecidos, para o idoso organizam e facilitam sua vida como se tivesse uma agenda, seja para tomar banho, medicação, ou não perder o que gosta de assistir na TV.

Segundo os médicos, a regularidade diária ainda contribui para que o idoso reduza o estresse e a ansiedade, acalmando-o e satisfazendo suas necessidades pessoais.

Prós e contras de mudanças

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Imagem: iStock

Idosos enfrentam mudanças de lar ou perda de rotina geralmente por motivos de saúde, familiares ou financeiros.

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Essas quebras de padrões devem ser consideradas quando eles já não dão mais conta do autocuidado, ou apresentam sinais de depressão, perda de habilidades e locomoção, risco de quedas e outras condições que afetem sua qualidade de vida e bem-estar.

"Nesses contextos, as mudanças podem proporcionar maior conforto e segurança aos idosos, se forem feitas de forma a adaptar o ambiente, ou a rotina às suas necessidades e limitações", informa Paulo Camiz, geriatra e professor no Hospital das Clínicas da USP.

Também podem favorecer a sociabilização e a lucidez, se tiverem a oportunidade de conviver com outras pessoas, participar de atividades, sobretudo novas, e se sentirem integrados e valorizados.

Por outro lado, quando a mudança é feita sem planejamento e cuidados e, principalmente, de forma imprevista e sem apoio emocional, são grandes as probabilidades de o idoso, sobretudo se for muito apegado, vir a sofrer estresse, depressão, sensações de ameaça e invalidez, desorientação no caso dos que estão demenciados, entre outros problemas mentais e físicos.

Como preparar o idoso para o novo

É fundamental conversar com o idoso (que deve ter opiniões e sentimentos respeitados e dúvidas esclarecidas) e com pessoas de seu convívio e um médico, para definir a melhor forma de realizar a mudança.

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O idoso deve participar e ser informado de cada detalhe (afinal trata-se de sua vida), por isso nada de querer omitir ou mentir para ele, o que pode dificultar as coisas.

"Além disso, qualquer mudança deve ser feita gradualmente, sem imposições ou modificações desnecessárias, e respeitando o ritmo de aprendizagem e adaptabilidade do idoso, que é mais lento quando em comparação com o jovem", comenta Natan Chehter, geriatra membro da SBGG (Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia).

Chehter complementa que o idoso deve ser monitorado com atenção a possíveis alterações comportamentais e estimulado a manter suas atividades, para não ceder à inatividade, ao isolamento e perder seu propósitos.

"Em uma nova casa, por exemplo, vale levar alguns móveis e objetos familiares, como quadros, livros e fotos, para o idoso se sentir confortável e acolhido", acrescenta o geriatra Vieira.

Para animá-lo, promova visitas de amigos e entes queridos e invista em melhorias, visando suas preferências e sua acessibilidade.

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