'Já tentei de tudo': influenciadora sofre com candidíase há quase um ano

"Estou com candidíase desde novembro do ano passado, ou seja, há 11 meses. Ela aparece no meu período pré-menstrual, some no meio da minha menstruação e retorna no mês seguinte", desabafa Raynara*, uma criadora de conteúdo digital e comediante de Rio Pomba, em Minas Gerais.

O vídeo em que ela desabafa sobre sua candidíase de repetição e conta que não aguenta mais, pois "já tentou de tudo" tem mais de 3 milhões de visualizações no TikTok. Segundo ela, o sucesso na rede tem ajudado a bancar o tratamento. "Antes eu não tinha condições nem recursos para arcar com ele, ainda mais porque já havia ido em três médicos e gastado mais de 2 mil reais em tratamentos que fracassaram", diz.

Raynara conta que foi em quatro médicos até o momento. Dois trataram como se ela estivesse com uma candidíase comum, outro não achou nada, porque em alguns períodos a doença some, e a que ela fazendo acompanhamento agora está "tratando de maneira mais profunda". A influenciadora também está se consultando com uma nutricionista.

Ainda é cedo para dizer se passou, porque minha menstruação acabou há alguns dias e a candidíase sempre melhora nesse período, mas depois volta. Então não sei se ela está no mesmo esquema de sumir e voltar ou se meu tratamento com a médica e a nutricionista de agora já está fazendo efeito. Raynara

O que é candidíase de repetição?

A candidíase vulvovaginal é uma infecção na região genital causada pelo crescimento exagerado do fungo chamado Candida albicans. Esse microrganismo é natural do corpo, e sua proliferação se dá geralmente quando o sistema imunológico não está fortalecido, o que leva a um desequilíbrio da microbiota vaginal.

A candidíase recorrente é diagnosticada quando a mulher apresenta quatro ou mais episódios da infecção ao longo de um ano. Isso pode estar relacionado ao uso excessivo de antibióticos, anticoncepcionais hormonais ou corticoides, gravidez, diabetes, obesidade e diminuição do sistema imunológico devido a outras doenças, favorecendo o crescimento dos fungos.

Outros fatores associados incluem roupas íntimas apertadas, biquínis molhados por muito tempo, roupas de lycra e de outros materiais sintéticos que aumentam a temperatura vaginal, higiene inadequada e até estresse.

Os sintomas são os mesmos da doença que surge eventualmente e incluem coceira genital, corrimento vaginal anormal, vermelhidão, ardência ao urinar e desconforto durante relações sexuais.

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Recebi relatos de várias mulheres que estão sofrendo do mesmo problema. Muitas delas se envergonham em falar sobre porque as pessoas se baseiam muito na ignorância e sempre acreditam que candidíase está ligada à relação sexual. Porém ela é muito comum. É algo muito mais ligado à alimentação e ao emocional do que qualquer outra coisa. Raynara

@raynararmr

eu tô com candidíase - por favor me ajudem pq se eu tô expondo isso é pq eu já não tenho mais esperanças de melhorar

? som original - Raynara

Como tratar?

O tratamento para a candidíase de repetição costuma ser mais longo. O mais comum a ser prescrito é a administração de medicamentos tópicos por sete a 14 dias, ou via oral, em mais de uma dose. Pode ser indicada, também, uma terapia medicamentosa semanal, para prevenir que o problema retorne. Esse tratamento pode ser mantido por seis a 12 meses.

A ginecologista Elisa Caroline Giacometti Prol também faz algumas recomendações:

investir em uma alimentação equilibrada com baixa ingestão de açúcares;

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evitar calças e calcinhas de tecidos sintéticos, dando preferência às de algodão;

evitar uso prolongado de calças;

incentivar uso de saias e vestidos;

não usar calcinhas ao dormir e/ou quando em casa;

não higienizar e deixar secando calcinhas em ambientes úmidos e com pouca ventilação como banheiros;

não fazer uso de duchas vaginais;

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evitar estresse;

tratar doenças de base, principalmente diabetes.

A profissional sugere que o DIU pode ser um alvo para a Candida, devido à sua capacidade de aderir a superfícies inertes. "As infecções vaginais frequentes estão relacionadas à fraqueza do hospedeiro e ao excessivo teor de glicogênio do meio vaginal e ao declive do pH, causados pelo dispositivo. Além da possibilidade da formação de biofilmes no fio do DIU dificultando a ação antifúngica", diz.

"Também vale trocar produtos de higiene íntima, como sabonetes, também é importante para evitar a candidíase de repetição, pois produtos perfumados ou agressivos podem perturbar o equilíbrio da flora vaginal", diz a ginecologista Camilla Pinheiro.

As pessoas se recusam tanto a entender que as coisas que acontecem no corpo das mulheres são normais e que são comuns de acontecer ao longo da vida que acabam evitando falar sobre por pura vergonha do que os outros vão pensar. Isso acaba criando um tabu enorme. Raynara

Fontes: Elisa Caroline Giacometti Prol, médica formada pela Universidade de Mogi das Cruzes e ginecologista pela Secretaria Municipal de Saúde de São Bernardo do Campo; Camilla Pinheiro, ginecologista obstetra da Clínica Dra. Camilla Pinheiro e do Hospital Sírio Libanês; Mariana Rosario, ginecologista, obstetra e mastologista, membro do corpo clínico do Hospital Albert Einstein.

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*A personagem não quis dar sobrenome ou idade

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