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Saúde

Sintomas, prevenção e tratamentos para uma vida melhor


Lavar louça e estender roupa podem prejudicar coluna; atente-se aos sinais

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Paula Carvalho

Colaboração para VivaBem

28/07/2023 04h00

Considerada uma das estruturas mais importantes do corpo humano, a coluna vertebral é responsável por proteger a medula espinhal e permitir a mobilidade do tronco. Muitas vezes, não damos tamanha atenção ao cuidados que devemos ter em nosso dia a dia para mantê-la saudável.

Artrose, bico de papagaio e hérnia de disco são doenças degenerativas causadas por má postura, movimentos repetitivos ao curvar a coluna, carregar peso excessivo, e ações de outros fatores biomecânicos que causam desgastes ao longo do tempo.

Atividades do dia a dia como varrer a casa, lavar louça, estender roupas, cozinhar, cuidar do jardim, entre outros afazeres, exigem esforço físico e podem submeter o corpo a posturas arriscadas para a coluna.

"É muito comum queixas no consultório de pessoas com lombalgia e cervicalgia, ou seja, dor nas costas e no pescoço, relacionados a atividades domésticas devido aos movimentos repetitivos. Por exemplo, o ato de lavar louça faz com que a pessoa fique com o pescoço inclinado para frente, você desloca o seu eixo de equilíbrio forçando e pressionando os elementos anteriores da coluna", explica o especialista Guilherme Rossoni.

O especialista orienta que, ao invés de ficar inclinado, tente apoiar um dos pés em um "banquinho" do tamanho de um tijolo, para ficar lateralizado e intercalar de tempos em tempos entre um lado e outro para deslocar o peso do corpo.

Varrer ou passar o rodo faz com que você tenha movimentos de torção na coluna. A dica é utilizar vassoura ou rodo com cabos longos para evitar o agachamento e movimentos de torção.

Outra coisa que fazemos muito errado no dia a dia é o levantamento de peso. Grande parte das pessoas deixa as pernas esticadas usando a força dos troncos e dos braços, quando na verdade a forma correta é agachar-se com os joelhos flexionados e usar as forças das pernas para carregar ou levantar o peso.

Fatores genéticos e externos afetam a coluna

Coluna, homem de costas, coluna vertebral, dor nas costas - iStock - iStock
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A Pesquisa de Nacional de Saúde de 2019, com mais de 88 mil adultos participantes, mostrou que mais de 20% desses adultos apresentavam dor de coluna crônica. O problema é mais comum em mulheres, fumantes e pacientes que tinham outras questões de saúde como obesidade, hipertensão e colesterol aumentado.

O fator genético pode contribuir para o surgimento ou agravamento das três doenças, principalmente a hérnia de disco.

A artrose ou osteoartrite é o desgaste da cartilagem que reveste as articulações (juntas). É um fenômeno natural que faz parte do envelhecimento do organismo.

O bico de papagaio é o menos comum, e pode aparecer de maneira assintomática na população em geral, mas quando presente de forma exuberante, pode sugerir algumas doenças de caráter genético, como as autoimunes (lúpus, artrite reumatoide e espondilite anquilosante).

Fatores externos podem favorecer o aparecimento com doenças na coluna, entre eles sobrepeso/obesidade, sedentarismo, tabagismo, osteoporose, movimentos repetitivos e má postura.

Além disso, atividades físicas sem acompanhamento profissional pode colaborar para as três doenças, principalmente para hérnia de disco.

Fique atento aos sintomas

dor nas costas - iStock - iStock
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Os sinais de problemas na coluna dependem do distúrbio específico e frequentemente afetam outras partes do corpo, dependendo da área ou da medula espinhal afetada. Os mais comuns são:

  • Ombros ou costas anormalmente arredondados;
  • Dor nas costas ou no pescoço que pode ser aguda e penetrante, dolorosa ou ardente;
  • Disfunção da bexiga ou intestino;
  • Dor irradiando nos braços ou pernas;
  • Rigidez muscular;
  • Aparência irregular, como um ombro ou quadril maior do que o outro;
  • Fraqueza, dormência ou formigamento nos braços ou pernas.

O diagnóstico deve ser realizado pelo ortopedista através de exame físico, avaliação de sintomas, do histórico de saúde e da realização de exames de imagem como raio-X da coluna, tomografia computadorizada ou ressonância magnética.

O tratamento de doenças da coluna vertebral, sempre que possível, deve ser inicialmente não cirúrgico. O foco deve ser em exercícios de fortalecimento do tronco e dos membros inferiores.

Atenção ao colchão e travesseiro

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Uma boa noite de sono e descanso é essencial para qualidade de vida. Portanto, colchão e travesseiro devem ser escolhidos da melhor forma possível evitando dores e desconfortos na coluna.

No sono é o período que nossa musculatura relaxa e quando ela consegue se regenerar dos microtraumas repetitivos submetidos durante o dia.

Pensando na qualidade do sono, a postura como dormimos também é muito importante. A posição mais recomendada para quem sofre com problemas de coluna é dormir de barriga pra cima com travesseiro de média altura debaixo do joelho, pra que fique levemente flexionado.

O travesseiro deve ser de média altura pra que ele preencha todo o espaço entre a cabeça, pescoço, ombro e o colchão. Agora se você dorme de lado, que também é recomendado, o ideal é deixar o travesseiro entre as pernas para que os joelhos fiquem levemente dobrados, isso faz com que você diminua a sobrecarga exercida na coluna lombar.

Em relação ao colchão mais indicado, existe uma tabela do Inmetro da densidade do colchão, mostrando o ideal baseado na sua altura e peso. O mais utilizado é o intermediário intitulado D40.

Pra quem dorme de lado, o colchão de mola também é uma boa opção. Dentro dessa variedade, o que traz o melhor benefício para o paciente com problema de coluna é o colchão ortopédico, que é o de espuma intercalado com a madeira.

Como prevenir?

Os especialistas orientam que o importante é manter uma constância de exercícios. O ideal seria de 3 a 4 vezes por semana, totalizando ao menos 150 minutos.

Postura correta mantendo corpo alinhado, evitar movimentos repetitivos, evitar levantar muito peso, manter o peso adequado, parar de fumar e para quem usa salto alto evitar o uso frequente, principalmente pra quem já tem predisposição para essas doenças.

Importante salientar que atividades físicas como pilates e musculação, desde que supervisionadas, podem ser aliadas para melhora das doenças, uma vez que fortalecem a musculatura estabilizadora da coluna, prevenindo ou retardando o surgimento dessas doenças.

Fontes: Ricardo Meirelles, chefe do Centro de Doenças da Coluna do Into (Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia); Luciano Miller, cirurgião de coluna do Hospital Albert Einstein, professor livre docente na Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), professor adjunto da Faculdade de Medicina do ABC e chefe do Grupo de coluna da Faculdade de Medicina do ABC; Carlos Romeiro, médico em ortopedia e traumatologia do Hospital Getúlio Vargas, no Recife, cirurgião ortopedista do Instituto de Coluna e Ortopedia Especializada no Recife e em Olinda e Hospital Estadual do Agreste, em Caruaru (PE); e Guilherme Rossoni, especialista em neurocirurgia.