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Sintomas, prevenção e tratamentos para uma vida melhor


Como a saúde do seu intestino impacta na perda de peso, na pele e no humor

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Julia Moióli

Colaboração para VivaBem

06/06/2023 04h00

Cuidar da saúde do seu intestino traz benefícios que vão além de evitar prisão de ventre, desconfortos e inchaços abdominais —que já são suficientemente incômodos.

O órgão responsável pela absorção de nutrientes e eliminação dos resíduos da digestão também desempenha papel importante no funcionamento adequado de outras partes do organismo.

O intestino funciona, por exemplo, como barreira física que evita a entrada de substâncias tóxicas e micro-organismos perigosos na corrente sanguínea. Também abriga as imunoglobulinas, células do sistema imunológico com função de mediar a resposta imune.

Cada vez mais surgem evidências científicas de que essa influência vai além: quando alguma coisa sai dos trilhos na saúde intestinal, os problemas podem ser sentidos na pele, na balança e até na cama.

Isso está relacionado, em grande parte, à microbiota intestinal, ou seja, ao conjunto de micro-organismos (especialmente bactérias) que habitam o órgão.

Dos pés à cabeça: como a saúde intestinal impacta seu corpo

DIFICULDADE DE PERDER PESO

Hoje, já é consenso que o estado da nossa microbiota intestinal tem grande relação com o aumento do peso na balança. Isso porque nem todos os nutrientes são digeridos pelas enzimas do sistema digestório. Para serem absorvidas, algumas substâncias dependem das bactérias presentes em nosso intestino, que variam de acordo com genética, idade, peso, hábitos e, principalmente, alimentação.

Estudos recentes mostram que pessoas obesas têm uma proporção maior de bactérias do filo Firmicutes no intestino do que de Bacteroidetes. Algumas espécies de Firmicutes estão relacionadas à inflamação e doenças crônicas (como diabetes e a própria obesidade).

Já as Bacteroidetes têm características fermentativas, que são benéficas para o sistema imune. Um dos gêneros é o Prevotella, associado a baixos níveis de gordura acumulada em órgãos internos.

Pele saudável, mulher se olhando no espelho - iStock - iStock
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PELE

Quando a microbiota é alterada e compromete o sistema imunológico, os efeitos desse desequilíbrio podem literalmente ser sentidos na pele.

Embora os cientistas ainda não saibam dizer exatamente como isso acontece, entre as principais doenças de pele relacionadas com a má saúde intestinal estão:

  • acne
  • alopecia areata (perda de cabelos e pelos)
  • dermatite atópica
  • inflamação dos folículos pilosos
  • psoríase
  • rosácea

MELHORA DO HUMOR E DO BEM-ESTAR

Ao fermentar os nutrientes, as bactérias intestinais são capazes de sintetizar neurotransmissores —mensageiros químicos do cérebro, que geram prazer e bem-estar, relaxam, melhoram o humor e aliviam o estresse e a ansiedade.

Portanto, quem tem uma microbiota intestinal saudável produz mais dessas substâncias, como é o caso da serotonina. Isso impacta não só no bem-estar como na atenção, na cognição e no aprendizado.

Bem-estar, bom humor, homem feliz - iStock - iStock
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QUALIDADE DO SONO

Uma revisão de estudos publicada em 2020 relacionou uma microbiota desequilibrada a distúrbios do sono e baixa energia.

Também começam a surgir evidências de que noites bem dormidas sejam capazes de garantir um bom aporte de bactérias intestinais de qualidade e de que distúrbios do sono comprometam o funcionamento do órgão.

E, CLARO, O INTESTINO

Vale lembrar ainda que manter a boa saúde intestinal também ajuda a prevenir problemas locais mais sérios, como doença de Crohn, que causa inflamação do trato gastrointestinal, com anemia, diarreia, dor, fadiga e perda de peso.

Também reduz o câncer de intestino grosso, que pode ser causado pela má alimentação e, consequentemente, o excesso de certos tipos de bactérias que produzem ácidos graxos danosos.

Como manter a boa saúde intestinal

O segredo é ter bons hábitos: praticar exercícios regularmente, controlar o estresse, dormir bem e, principalmente, manter uma boa alimentação.

Com uma boa educação nutricional, é possível reverter em poucas semanas boa parte do estrago na microbiota intestinal causado por uma dieta inadequada" Lício Augusto Velloso, professor da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas)

Veja dicas de alimentação para melhorar a saúde do intestino

Priorize o consumo de alimentos naturais: legumes, verduras, castanhas, frutas, grãos integrais, sementes, azeite, carnes, peixes e frutos do mar.

Sempre que possível, substitua a carne vermelha, rica em gorduras saturadas, por peixes, que contêm gorduras insaturadas. O nutriente favorece a saúde da microbiota intestinal.

Evite ao máximo alimentos ultraprocessados, que estão entre os principais desreguladores da microbiota, sendo associados ao aumento de micro-organismos que impactam negativamente a saúde metabólica.

Maneire no consumo de frituras, açúcar e doces em geral e farinhas e carboidratos refinados (pães e massas brancos).

Consuma produtos lácteos, como queijos, iogurtes e leites fermentados. Mas não exagere —eles não devem representar mais de 30% da alimentação.

Fontes: Lício Augusto Velloso, professor da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas); Monica Levy Andersen, professora do Departamento de Psicobiologia da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo); e Nathalia Caroline de Oliveira Melo, pesquisadora na área de nutrição experimental, microbiota intestinal e crononutrição da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco).