Cada parte sente um gosto? Cura rápido? 10 mitos e verdades sobre a língua

Símbolo da banda de rock britânica The Rolling Stones e órgão muscular revestido de mucosa relacionado ao paladar, à deglutição dos alimentos, à fala e aos beijos, a língua humana é tão repleta de curiosidades, que VivaBem organizou um tira-dúvidas só sobre ela:

1. Cada parte da língua sente um gosto?

Não, aquele mapinha da divisão da língua, com doce, salgado, amargo e azedo em seus respectivos quadrados, não faz sentido. Na verdade, os receptores gustativos estão presentes por toda a língua, embora algumas partes sejam levemente mais sensíveis a alguns sabores do que a outros. Mas os receptores só sentem e distinguem gostos se houver estímulo da saliva.

2. O tamanho da língua humana é pequeno?

Sim. O comprimento da língua humana, quando comparado ao de outras espécies menores, como camaleão (possui uma língua rápida de 50 cm) e sapo-cururu (pouco mais de 20 cm), é bem inferior. A média do tamanho da nossa língua é de 10 cm, da raiz, na faringe, até a ponta. Agora, a largura da língua varia e isso tem a ver com os músculos responsáveis por sua forma.

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3. A língua é um músculo que se cansa fácil?

Não. Pelo contrário, existia até uma lenda popular de que ela seria o músculo mais tonificado do corpo humano, mas aí já é exagero. Ocorre que a língua é constituída e conectada ao crânio por uma porção de músculos, que são responsáveis pelo movimento dela —que não se cansa ao falar—, além de sua flexibilidade e mudanças de forma durante a mastigação e a deglutição.

4. Todos temos a língua repleta de bactérias?

Verdade. Habitam nela, como na boca toda, centenas de espécies de bactérias, a maioria, felizmente, benigna, envolvida na quebra das moléculas dos alimentos para facilitar a nossa digestão. Mas, algumas são patogênicas, como Staphylococcus, Streptococcus, anaeróbios, Eikenella corrodens, que para não se multiplicar, devem ser controladas com uma boa higiene.

5. A língua não precisa de escovação frequente?

Mito, precisa, sim. Para remover a saburra lingual, uma placa bacteriana de cor esbranquiçada ou amarelada que se forma sobre a língua e causa mau hálito, os limpadores com cerdas são bastante indicados e eficientes, mais até do que os raspadores de língua e as escovas, que podem não conseguir removê-la. Duas vezes ao dia basta e não é preciso usar pasta de dente.

6. A língua costuma se regenerar muito rápido?

Sim. Um estudo realizado por pesquisadores do National Institutes of Health (EUA) descobriu que o mecanismo de cicatrização de feridas na boca está sempre ativo, como se estivesse em alerta vermelho, mesmo antes de qualquer lesão aparecer. Leva-se, em média, seis dias para que uma laceração na língua se cure, bem mais rápido do que na pele do braço, por exemplo.

7. O jeito de se usar língua não afeta os dentes?

Mito. Muitos não percebem, mas a movimentação inadequada da língua durante a mastigação e deglutição, somada à flacidez muscular e a posição incorreta dela em repouso, podem provocar deformação na arcada dentária. Frequentemente pressionada entre os dentes, a língua também pode gerar crescimento da mandíbula e distorções, trocas e omissão de sons.

8. Por meio da língua pode se ficar doente?

Verdade. ISTs (infecções sexualmente transmissíveis), como herpes, HPV, gonorreia, clamídia, sífilis, além de mononucleose e infecções respiratórias e gastrointestinais podem ser transmitidas e contraídas por beijos de língua (saliva contaminada) e sexo oral desprotegido (fluidos infectados de órgãos genitais e que geralmente entram em contato com úlceras orais).

9. Manter piercing na língua é algo simples?

Mito. Sem visitas regulares ao dentista e cuidados de higiene, que devem ser redobrados para quem usa piercing na língua, ele pode provocar mau hálito e infecções, que inclusive podem afetar o coração, pois, como citado, a boca possui muitas bactérias. Fora que a movimentação da língua com piercing pode danificar dentes, gengivas e comprometer a fala e a mastigação.

10. A língua envelhece e se modifica?

Sim. Embora esse envelhecimento seja menos evidente do que o da pele, ele ocorre e nos idosos cursa com língua e boca seca (xerostomia), em razão do mau funcionamento das glândulas produtoras de saliva e uso de medicamentos de forma contínua, além de menor percepção geral de sabores, devido a um declínio do número de células sensíveis das papilas gustativas.

Fontes: Fernando Pereira, dentista pela UFBA (Universidade Federal da Bahia) e doutor em cirurgia e traumatologia bucomaxilofacial; Larissa Fabbri Mendes, otorrinolaringologista pela Famerp (Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto) e especialista pela ABORL-CCF (Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial); e Marcos Moura, dentista e membro da ABHA (Associação Brasileira de Halitose), de Maceió (AL).