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Grávida pode comer sushi e sashimi? Veja cuidados e perigos do alimento

Entenda os perigos da comida japonesa para grávidas e como consumir - iStock
Entenda os perigos da comida japonesa para grávidas e como consumir Imagem: iStock

Nathalie Ayres

Colaboração para VivaBem

17/03/2023 04h00

Existem alguns cuidados que as mulheres devem tomar na gestação. Um deles é com a alimentação e, para aquelas que adoram uma comida japonesa, surge a dúvida: grávida pode comer sushi e sashimi?

A resposta não é simples, já que sushi e sashimi são feitos com peixe cru e alimentos que não passam por qualquer processo de cozimento podem apresentar bactérias ou parasitas se não forem bem manuseados.

Além disso, alguns tipos de peixe apresentam contaminação por mercúrio, metal perigoso na gestação.

A resposta rápida é que a gestante pode consumir sushi e sashimi, mas desde que ocasionalmente e em estabelecimentos que você já conhece e confia.

Quais são os riscos do peixe cru para a grávida?

Existem dois problemas relacionados ao peixe cru, como já citado: intoxicação alimentar por bactérias ou parasitas e a contaminação por mercúrio.

As bactérias mais temidas relacionadas aos peixes são:

  • Salmonella: pode causar salmonelose, quadro com febre, vômito e diarreia muito intensa e, com isso, desidratação e desnutrição.
  • Listeria: pode causar listeriose, com complicações graves e até aborto, dada a severidade do nível de contaminação.
  • Anisakiasis: parasita que pode ocasinar dor de estômago, vômitos, anemia, náuseas e diarreia. Ocasionalmente, também causa fezes com sangue e febre, trazendo riscos à gestante.

Nas gestantes, infecções por esses agentes podem ter consequências sérias para os bebês como encefalite, lesões oculares e prejuízo importante da visão.

No entanto, essa chance de contaminação é a mesma que acomete qualquer alimento cru, como:

  • leite não pasteurizado
  • ovo cru ou pouco cozido
  • frios (como queijos e embutidos)
  • carnes cruas
  • folhas e legumes crus

Conclusão: durante a gravidez (e até mesmo fora dela!) é importante conhecer bem a procedência do que você consome.

No caso do sushi, o indicado é ir em um restaurante que você já frequenta e em que nunca teve problema de contaminação. Vale também visitar a cozinha e observar as condições de higiene do local.

Mesmo que a manipulação humana de alimentos seja suscetível a falhas, elas são bem menores quando o ambiente é preparado para evitá-las.

Já a contaminação por mercúrio depende muito do tipo de peixe e de onde ele vem. Normalmente acontece em peixes que foram pescados em locais próximos a garimpos ilegais, por exemplo. Ou com peixes no final da cadeia alimentar.

O maior cuidado é com atum (muito comum nos rodízios japoneses), cavala e robalo chileno, de acordo com o Departamento de Proteção Ambiental dos EUA.

Quando pensamos em metais, o problema não é apenas o peixe ou mercúrio: chumbo, arsênico e alumínio também trazem prejuízos à mãe e ao bebê, como o risco de malformações. E eles estão presentes em alguns tipos de embalagens, cosméticos, como desodorantes com longa duração, entre outros.

Em relação ao peixe cru, o indicado é consumir os peixes crus em menor quantidade —duas vezes ao mês é o consenso dos especialistas entrevistados.

Cuidados com alimentos crus

Todo e qualquer alimento cru deve ser bem higienizado e consumido em local de confiança (e isso vale até para quem não está esperando bebê). Alguns cuidados importantes com os alimentos crus são:

  • Higienização dos utensílios: tudo deve estar bem limpo a cada uso, para evitar que bactérias de um alimento sejam transmitidas para outros. No caso das tábuas, o indicado é separar as das carnes da dos vegetais.
  • Limpeza dos vegetais: eles devem ser higienizados com a lavagem manual de um a um, para que terra, insetos parasitas e seus ovos (invisíveis a olho nu) sejam retirados com a água corrente, além de deixados de molho em solução clorada.
  • Tempo em temperatura ambiente: o ideal é que alimentos crus fiquem o mínimo de tempo possível fora da geladeira até o momento do consumo, pois o resfriamento freia a reprodução das bactérias nocivas, permitindo que uma menor quantidade esteja presente no alimento. Por isso, evite pedir alimentos crus por delivery se você não sabe como eles serão acondicionados no transporte. Cuidado também com self-services em que os alimentos crus ficam expostos por muito tempo.

Alimentos para as grávidas tomarem cuidado

No restaurante japonês, não tome cuidado apenas com os peixes crus, há outros alimentos que pedem atenção como:

  • Molho shoyu: por ser altamente industrializado, rico em sódio e também em glutamato monossódico e corantes, substâncias que em altas quantidades podem prejudicar a saúde.
  • Vegetais crus: como já explicado, eles devem ser bem manuseados para também não trazerem bactérias e parasitas.
  • Outros frutos do mar: eles também podem ser contaminados com mercúrio e trazerem bactérias se estiverem crus.
  • Arroz japonês: presente nos sushis e também no prato chamado gohan, ele normalmente é adicionado de açúcar, o que o torna uma fonte alta de carboidratos de maior índice glicêmico.

Nesses locais, priorize consumir mais grelhados e cozidos. Frituras são liberadas, mas sem exageros.

De modo geral, é importante a gestante também tomar cuidado com os seguintes alimentos:

  • Carnes cruas ou mal passadas: sejam de peixe, frango, porco ou boi, todas possuem o risco de contaminação e devem ser manuseadas com atenção e cuidado.
  • Ovos mal passados: podem trazer salmonella e outras bactérias.
  • Vegetais crus: devem ser bem higienizados antes do consumo.
  • Ultraprocessados: produtos alimentícios como margarina, doces com corantes, temperos prontos, entre outros, são ricos em açúcares, aditivos artificiais, como corantes, aromatizantes, conservantes, realçadores de sabor, muitos relacionados a problemas de saúde e devem ser consumidos em menor quantidade.
  • Bebidas alcoólicas: seu excesso coloca em risco a saúde do bebê.
  • Café e fontes de cafeína: podem ser ruins principalmente no primeiro trimestre.

Fontes: Amanda Marcuartú, nutricionista, professora colaboradora da Lismiuc da Unama (Liga Interdisciplinar em Saúde da Mulher e da Criança da Universidade da Amazônia) e orientadora no grupo de pesquisa da FSCM-PA (Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará); Carla Delascio, ginecologista e obstetra, especializada em nutrologia, do Centro de Medicina Integrativa do Hospital e Maternidade Pro Matre Paulista; Gisele Haiek, nutricionista, pós-graduada em nutrição clínica funcional pela VP, especialista em controle higiênico sanitário dos alimentos e em sistemas de gestão integrados; e Karen Rocha De Pauw, ginecologista e obstetra com especialização em reprodução humana no HC-FMUSP (Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo) e especialização em videoendoscopia ginecológica