O que é o método Phil Stutz, analisado em documentário na Netflix?
Phil Stutz é um psiquiatra graduado pela Universidade de Nova York (EUA) e tem entre seus pacientes o ator e diretor norte-americano Jonah Hill, que produziu para a Netflix o documentário "O Método de Stutz". Hill quer que o público tenha a experiência que ele teve em sessão com Stutz e possa aprender algumas ferramentas.
Da parte do psiquiatra, ele enfatiza em tela que não aceita como positivas algumas abordagens tradicionais, em que o profissional precisa se manter neutro, só observar e não se posicionar. Para ele, isso faz o paciente enfrentar sozinho um lento e sofrível processo até chegar às respostas que tanto almeja para solucionar suas angústias emocionais e outros problemas.
Mas será que um estilo bem menos formal e mais próximo e descontraído, com conselhos diretos a pacientes, funciona? E que ferramentas seriam essas? Para os especialistas consultados por VivaBem, o assunto é polêmico. Há quem concorde que terapeutas possam ter um papel ativo e há quem defenda que o espaço de fala e experiências é mais do paciente.
Não confunda terapia com dar conselhos
Uma coisa é certa: psicoterapeutas não devem impor suas visões de mundo, preconceitos, crenças, nem dizer a pacientes o que devem fazer. E segundo Leide Batista, psicóloga pela Faculdade Castro Alves, em Salvador (BA), não há mágica ou atalhos quando se trata de saúde mental: "Soluções padronizadas e milagrosas, sem persistência e paciência por parte do paciente não existem e podem ocasionar em problemas".
Entretanto, a depender da abordagem terapêutica e do perfil do paciente, este pode precisar do terapeuta para que consiga interpretar conteúdos de suas associações livres (pensamentos, fantasias, sonhos), e assim chegar às próprias conclusões e respostas. Ou, a partir do contexto em que esteja inserido, para identificar o significado de alguma situação e tomar consciência.
Há ainda profissionais que trabalham com uma agenda de tópicos a tratar e que podem ir além da linguagem verbal, focando em listas, metas e exercícios variados, de escrita ou desenho. Stutz, por exemplo, utiliza cartões, dramatização, expressão corporal, com interpretação de papéis. Tudo a fim de provocar o paciente e ajudá-lo a notar seus comportamentos e achar soluções.
Como é o método?
Além do documentário, as ferramentas de Stutz renderam seu best-seller "O Método". Mas, de maneira geral, elas nada mais são do que um compilado de sugestões médicas acrescentadas de saberes filosóficos, de várias linhas terapêuticas e estratégias de aprimoramento pessoal. Um mix para se encorajar, se conhecer melhor, ampliar habilidades.
Entre as recomendações do psiquiatra está fazer exercícios físicos, cuidar da alimentação, relacionar-se com os outros, escrever sobre si em um diário e se conectar com sua força vital. Ele crê que sempre que surgem adversidades, é preciso encará-las como oportunidades para se desafiar, evoluir e atingir potencialidade. Stutz também não crê na felicidade plena, encarando-a como ilusão.
Relação em cena é de amizade
Em terapia, o paciente é ouvido de maneira diferente de uma conversa que se tem em uma mesa de bar. Na sessão, são apontadas questões que são ouvidas por alguém que não está envolvido em sua vida particular. Essa relação sem amizade do analista-paciente é responsável para que a relação dê certo, pois permite investigações, reflexões, mudanças e elaborações.
Agora, no documentário, o que se vê configura mais uma amizade que surgiu após Hill ter se superado em vários aspectos, tanto que ele enfatiza isso e coloca na entrevista detalhes da vida particular do psiquiatra e seu projeto profissional com ele. Stutz também aproveita e expõe de forma pública as intimidades de Hill, mostrando que os dois se conhecem há anos.
"As abordagens de Phil Stutz podem ser úteis, como quando ele se compara ao paciente e fala dos seus problemas e da necessidade de aceitação. Eventualmente, também há riscos de seus conselhos não serem os melhores. Mas a mensagem que fica é de que métodos novos surgem e outros devem se modernizar, pois a sociedade muda", opina o psiquiatra Wimer Bottura, da Associação Brasileira de Psiquiatria.
De modo geral, o método de Stutz é válido, mas deve ser encarado com cautela. "Ter acesso a esses conteúdos entretém, possibilita a ampliação de percepções e cultura e desenvolvimento de pensamento crítico, favorecendo a compreensão a respeito de saúde e bem-estar. Porém, sem intervenção profissional, não tratam problemas individualmente", explica Danielle Figueiredo, psicóloga no Hospital São Rafael, da Rede D'Or, em Salvador.
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