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Homem diz que tossiu 1,7 litro de sangue por usar vape: quais os riscos?

Dustin Fitzgerald começou a usar vapes depois de tentar largar o vício da nicotina por três anos - Reprodução / The Mirror / Dustin Fitzgerald
Dustin Fitzgerald começou a usar vapes depois de tentar largar o vício da nicotina por três anos Imagem: Reprodução / The Mirror / Dustin Fitzgerald

Colaboração para VivaBem

03/03/2023 13h37Atualizada em 04/03/2023 09h56

Um homem de 45 anos afirma que seu vício em cigarros eletrônicos, os famosos vapes ou "pods", o levou a tossir cerca de 1,7 litro de sangue. Segundo o jornal britânico The Mirror, Dustin Fitzgerald começou a usar o aparelho em janeiro de 2022 e chegava a fumar 12 horas por dia.

Ainda que alguns modelos não tenham nicotina, o uso de cigarros eletrônicos traz riscos à saúde. No caso dos vapes, o fator prejudicial é a combustão — mesmo acontecendo em uma temperatura menor do que a do cigarro convencional.

Para entender as consequências, é preciso compreender também o funcionamento do cigarro eletrônico: após colocar o produto na boca e sugá-lo, o líquido (essência) inserido no cartucho é aquecido internamente e, depois da tragada, resulta no vapor — que, segundo os médicos, pode ser chamado de fumaça.

Outro ponto é a bateria do dispositivo. Em alguns modelos há vazamentos de metais dela para o vapor aspirado. Isso pode causar problemas de saúde: o níquel, por exemplo, já foi associado ao câncer dos seios paranasais, que ficam na face.

Em entrevista a VivaBem em janeiro, o pneumologista Paulo Corrêa, coordenador da Comissão Científica de Tabagismo da SBPT (Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia), ressaltou ainda que os produtos teriam que ser submetidos aos processos de validação por meio de ensaios clínicos, incluindo grupos de seres humanos.

Ninguém sabe direito sobre o que há nesses produtos e você está colocando isso para dentro e brincando com a saúde.
Paulo Corrêa, pneumologista

Mais sobre os cigarros eletrônicos:

  • Diversos estudos já mostraram que o cigarro eletrônico não trata o tabagismo -- seria como trocar um tipo de cigarro por outro.
  • A fumaça (vapor, aerossol) é, sim, prejudicial à saúde. As substâncias presentes no líquido inserido no produto são tóxicas e cancerígenas.
  • O vapor é prejudicial à saúde do fumante e também das pessoas ao redor, como acontece com o cigarro comum.
  • Segundo especialistas, a maioria dos e-líquidos possui uma quantidade de nicotina que, quanto mais inalada pela pessoa, mais dependência pode causar.
  • Como a maioria dos e-líquidos possui nicotina, há maior risco de dependência da substância com o uso dos DEFs (como acontece com o cigarro comum).

Homem diz que tossiu 3 pints de sangue

Dustin Fitzgerald, 45, morador do estado de Indiana, nos Estados Unidos, foi internado após tossir 3 pints de sangue — pint é uma medida inglesa, sendo que 1 pint corresponde a 570 ml.

Depois de uma crise de tosse, ele procurou um pronto-socorro, onde passou cerca de oito horas tossindo e foi diagnosticado com pneumonia bacteriana —causada pela umidade que ficou presa em seus pulmões devido ao uso constante do vape.

De acordo com o The Mirror, ele contou ainda que os médicos cogitaram até mesmo fazer uma transfusão de sangue, devido a gravidade do caso e a quantidade de sangue perdida.

Fitzgerald começou a usar o cigarro eletrônico em janeiro de 2022, ao tentar parar de fumar cigarro tradicional — antes, ele consumia cerca de 60 cigarros por dia, que foram substituídos por 12 horas de vape.

Ele ficou internado, mas recebeu alta hospitalar. Atualmente, ele afirma que não usa mais os dispositivos.

Produto é proibido no Brasil

Cigarros eletrônicos não são liberados pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), sobretudo pelo potencial de dependência causada pela nicotina (que a maioria dos modelos tem), problemas de coração e de pulmão.

Segundo o órgão, não existe a autorização no Brasil para qualquer tipo de DEFs (dispositivos eletrônicos para fumar), "sendo proibida a comercialização, a importação e a propaganda, independentemente de sua composição e finalidade".

*Com reportagens de Sarah Alves Moura, publicada em 31/01/2023, e Luiza Vidal, publicada em 29/09/2022

Errata: este conteúdo foi atualizado
Diferentemente do informado inicialmente na reportagem e na chamada da home-page, o homem tossiu 1,7 litros de sangue e não 3 litros.