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Empresa anuncia cigarro eletrônico 'sem danos à saúde'; veja riscos

Empresa anunciou cigarros eletrônicos "para manter a energia" no dia a dia - Reprodução/Instagram
Empresa anunciou cigarros eletrônicos 'para manter a energia' no dia a dia Imagem: Reprodução/Instagram

Do VivaBem, em São Paulo

31/01/2023 15h49

O anúncio de um tipo de cigarro eletrônico para "manter a energia" do fumante viralizou nas redes sociais. O dispositivo é descrito como natural, livre de nicotina e "sem danos à saúde".

A empresa IZ Health afirma que os produtos funcionam como um "difusor de óleos essenciais" para vaporização. Também há opções que reforçariam a imunidade e melhorariam a qualidade do sono. Todos "naturais", com raízes e óleos de plantas.

Após a repercussão, a IZ Health desativou o seu perfil nas redes sociais. Os produtos também passaram a aparecer como "esgotados" em um site em que eram comercializados. VivaBem tentou contato com a empresa por um número de telefone, mas não conseguiu até a publicação desta reportagem. O espaço segue aberto.

Os "pods", dispositivos do anúncio, são cigarros eletrônicos da quarta geração. Eles têm bateria e limites de tragadas, com essências diversas.

Ausência de nicotina não anula riscos

  • Mesmo sem ter nicotina, os riscos de usar cigarro eletrônico não são nulos, alerta o pneumologista Paulo Corrêa, coordenador da Comissão Científica de Tabagismo da SBPT (Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia).
  • Primeiro é preciso entender o funcionamento do cigarro eletrônico: após colocar o produto na boca e sugá-lo, o líquido (essência) inserido no cartucho é aquecido internamente e, depois da tragada, resulta no vapor --que, segundo os médicos, pode ser chamado de fumaça.
  • A combustão é prejudicial, mesmo acontecendo em uma temperatura menor do que a do cigarro convencional. Isso também vale para produtos naturais, como raízes e óleos.

Não é porque a combustão acontece em temperaturas mais baixas, que ela é mais saudável. Ninguém sabe nada direito sobre o que há nesses produtos e você está colocando isso para dentro e brincando com a saúde. Paulo Corrêa, pneumologista

"Os riscos são muito grandes e os produtos teriam que ser submetidos aos processos de validação por meio de ensaios clínicos, incluindo grupos de seres humanos", completa Corrêa.

  • Outro ponto é a bateria do dispositivo. Em alguns modelos há vazamentos de metais dela para o vapor aspirado. Isso pode causar problemas de saúde: o níquel, por exemplo, já foi associado ao câncer dos seios paranasais, na face.

Avaliação de cada modelo (e suas substâncias)

IZ Health - Reprodução - Reprodução
Vape anunciado até ontem por R$ 80 passou a aparecer como 'esgotado' em um site que vende cigarros eletrônicos
Imagem: Reprodução

Cigarros eletrônicos não são liberados pela Anvisa, sobretudo pelo potencial de dependência causada pela nicotina (que a maioria dos modelos tem), problemas de coração e de pulmão.

É preciso que os produtos passem pelas fases de aprovação, com estudos de segurança para garantir a sua eficácia na função anunciada.

No caso dos DEF (dispositivos eletrônicos para fumar), é preciso avaliar se as substâncias presentes no cigarro eletrônico são seguras na versão inalável.

Já tentaram dar insulina por via inalatória, por exemplo, e descobriu-se que dava fibrose pulmonar. Por isso temos esse desenho de testes das grandes agências regulatórias, para mostrar que o negócio funciona e, por fim, poder liberar ao consumo. Paulo Corrêa, pneumologista