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Artrose, dengue, lúpus: veja 10 causas de dor nas juntas e o que fazer

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Marcelo Testoni

Colaboração para VivaBem

09/12/2022 04h00

Em algum momento, mais cedo ou mais tarde, elas irão aparecer. São as dores articulares, ou nas juntas, como se costuma dizer popularmente. Às vezes, elas podem ser passageiras e advir de algum mau jeito, pancada, algo não tão sério. Porém, quando muito intensas, prolongadas e associadas a outros sintomas, podem ser sinal de doenças e requerer investigação médica.

A seguir, VivaBem apresenta uma lista de causas que podem afetar diferentes articulações do corpo, o que exigirá, igualmente, diferentes tratamentos e profissionais envolvidos, como ortopedista, geriatra, reumatologista, infectologista, urologista, ginecologista e fisioterapeuta.

1. Artrose

Artrose - iStock - iStock
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Geralmente associado ao envelhecimento, esse problema, degenerativo, afeta as cartilagens, que protegem as articulações. Por suportarem mais peso de carga, pés, quadris, coluna e joelhos costumam ser os mais atingidos pelo desgaste, que aumenta o atrito entre os ossos e gera dor, inflamações e, no longo prazo, deformações e limitações de movimentos.

Não tem cura, mas há tratamento e quanto mais cedo, melhor, especialmente quando se é jovem, para lentificar a progressão da artrose. Ela pode ser controlada com medicamentos (analgésicos e anti-inflamatórios), fisioterapia e, no início, artroscopia, cirurgia minimamente invasiva para tratar lesões articulares e que pode evitar/adiar implantes de próteses no futuro.

2. Artrite

Processo inflamatório de uma ou mais articulações, gera dor, inchaço e rigidez que podem piorar com o passar dos anos. Outros sintomas, como erupção cutânea, febre, dor ocular ou aftas, podem estar presentes a depender do fator causal. Existem mais de 100 tipos, sendo algumas agudas, outras crônicas. A mais conhecida é a reumatoide, de causa desconhecida.

O tratamento varia conforme a condição por trás (traumatismo, infecções, alteração no sistema imune), mas, de modo geral, em se tratando dos sintomas nas articulações, são indicados medicamentos, fisioterapia e eventualmente cirurgia. Mudanças na rotina, como praticar exercícios físicos regulares e perder peso ajudam a melhorar a qualidade de vida.

3. Gota

Dor intensa repentina, sobretudo à noite, com vermelhidão e sensibilidade nas articulações, pode ser de uma condição chamada gota, desencadeada por um acúmulo de cristais de ácido úrico, em concentrações elevadas no sangue, nas articulações. Esse problema, relacionado comumente com mau funcionamento dos rins, deve ser acompanhado por um reumatologista.

Para aliviar os sintomas articulares, evitar crises futuras e diminuir o ácido úrico é necessário um tratamento que combine uso de medicamentos específicos e para dor e inflamação, repouso, revisão da alimentação (principalmente diminuir o consumo de carne vermelha), aumentar a ingestão de água (para cerca de dois litros ao dia), perder peso e evitar álcool.

4. Infecções virais

Mosquito da dengue, Aedes aegypti - iStock - iStock
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Doenças como dengue, zika, chikungunya e covid-19 causam inflamações intensas, inclusive que atingem ossos e músculos, e podem vir acompanhadas de febre, fadiga, perda de apetite e mal-estar. Geralmente, a duração das dores nas articulações é de cinco a 14 dias, mas podem se tornar crônicas e persistir por meses a anos. Quando pioram, é preciso ir a um hospital.

Para aliviar os sintomas, o ideal é descansar, evitar atividades físicas que sobrecarreguem as articulações e aumentar o consumo de água e líquidos, pois desidratação piora dores. Quanto a medicamentos, analgésicos comuns (paracetamol e dipirona) e eventualmente corticoides. Anti-inflamatórios e ácido acetilsalicílico, também conhecido como AAS, devem ser evitados.

5. Tendinite

tendinite, dor ao digitar, computador, teclado - iStock - iStock
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Inflamação de tendões, cordas fibrosas de tecido resistente que conectam os músculos aos ossos, pode gerar dor nas articulações, comprometendo movimento, rotação e sustentação. Entre as causas estão lesões e muitas rupturas pequenas que ocorrem ao longo do tempo e quando crônica, pode haver depósito de cálcio ao redor da articulação, que dói e fica rígida.

Normalmente, o diagnóstico da tendinite é baseado nos sintomas, exame físico e, às vezes, imagens. O tratamento envolve repouso ou imobilização com tala ou gesso, aplicação de compressas quentes ou frias, exercícios fisioterápicos, medicamentos anti-inflamatórios não esteroidais e, às vezes, injeções de corticosteroides e anestésicos, como lidocaína.

6. Lúpus

Doença autoimune crônica, o lúpus eritematoso sistêmico faz com que o sistema imunológico, hiperativo, ataque erroneamente partes saudáveis do corpo, entre as quais as articulações. A dor nelas (artralgia) é um dos sintomas mais comuns, mas há outros, como queda de cabelo, falta de flexibilidade, manchas vermelhas, fadiga excessiva, dor no peito e feridas em mucosas.

Exames de sangue para anticorpos ajudam a detectar a doença, que pode demandar um medicamento que suprima o sistema imunológico. Embora não haja cura, os sintomas podem ser atenuados, reduzindo os danos às articulações e órgãos e melhorando a qualidade de vida.

7. Gonorreia

Causada pela bactéria Neisseria gonorrhoeae (gonococo), essa IST (infecção sexualmente transmissível) pode se disseminar por meio da corrente sanguínea. Enquanto as articulações incham, ficam extremamente dolorosas e limitadas em movimento, a pele por cima delas pode ficar vermelha e quente. Os doentes ainda têm febre e secreção genital.

Quando tratada com antibióticos, há remissão dos sintomas mais brandos em poucos dias, embora com uma artrite séptica gonocócica possa ser mais trabalhoso, necessitando de hospital, para administração medicamentosa por via intravenosa ou injeção. Se nada for feito em pouco tempo, as cartilagens são destruídas, causando danos permanente às articulações.

8. Bursite

Presença de sensibilidade ao redor da articulação, porém não sobre ela, sugere que a causa seja tendinite ou ainda bursite, uma inflamação dolorosa da bursa, uma bolsa contendo líquido sinovial, de amortecimento, para evitar o atrito entre estruturas. Essa condição pode afetar ombro, joelho, quadril, prejudicando mobilidade e gerando inchaço, vermelhidão e dormência.

São recomendações: fisioterapia, remédios anti-inflamatórios, analgésicos e repouso.

9. Epicondilite

Se a articulação que dói for a dos cotovelos ou punhos, pode ser esse o problema, uma irritação por estresse repetitivo sobre os tendões dos músculos extensores dos braços. O incômodo, assim como uma diminuição de força no membro afetado podem ser sentidos principalmente quando se faz movimentos de abrir, segurar, puxar, girar, escrever e digitar.

Com esse diagnóstico, devem ser evitados exercícios como flexões, sobretudo do antebraço ao segurar pesos, e atividades diversas, desde remar, jogar tênis a girar chave de fendas, bater em bolas pesadas, girar maçanetas duras, escovar cabelo e dar apertos de mão firmes. A dor pode ser aliviada com aplicação de gelo local, repouso, analgésicos, alongamentos e fisioterapia.

10. Psoríase

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É uma doença crônica, não contagiosa, que se na pele faz surgir manchas avermelhadas, recobertas por escamas esbranquiçadas, e nas unhas deformações, nas articulações provoca dores e inchaço, daí a artrite psoriática. Esse desdobramento atinge de 5% a 30% das pessoas com psoríase e afeta principalmente as articulações próximas dos dedos das mãos e dos pés.

Exames de sangue e radiografias ajudam, respectivamente, no diagnóstico e para mostrar a extensão dos danos articulares. Já o tratamento para a artrite psoriática é proposto com base nas queixas individuais e para se evitar a evolução da doença. Vários medicamentos podem ser prescritos, aliados com atividade física regular, dieta saudável e cessação de vícios (cigarro).

Fontes: Fernando Portolani, ortopedista pela FMJ (Faculdade de Medicina de Jundiaí) e da Clínica Gravital, em São Paulo (SP); Giovanna Sapienza, infectologista do InCor-FMUSP (Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo) e do Centro de Prevenção Meniá (SP); Kayson Dias, reumatologista do Hospital Santa Izabel, parceiro da Central Nacional Unimed, em Salvador; e Natan Chehter, geriatra e membro da SBGG (Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia).