Topo

Saúde

Sintomas, prevenção e tratamentos para uma vida melhor


Menstruar duas vezes ou mais ao mês é normal ou preocupante?

Entenda quando menstruar duas vezes ao mês é normal e quando não é - iStock
Entenda quando menstruar duas vezes ao mês é normal e quando não é Imagem: iStock

Carol Firmino

Colaboração para VivaBem

26/10/2022 04h00

Menstruar já traz consigo todas as dificuldades naturais desse momento: oscilações de humor, cólicas, dores nas pernas, seios inchados e mais. Agora, pense nisso acontecendo com uma frequência maior? Não se espante: menstruar duas vezes ao mês não é tão incomum.

Inclusive, menstruar mais de uma vez ao mês pode ser muito natural, dependendo do ciclo menstrual da mulher. Por exemplo: se for um ciclo de 28 dias (ou menos), e a menstruação vier no primeiro dia do mês, retornará após 28 dias (ou antes, se o ciclo for menor). O que significa que virá no dia 29, portanto, duas vezes no mesmo mês.

É importante explicar que o ciclo menstrual começa no primeiro dia da menstruação e vai até um dia antes da seguinte. Anotar as datas que a menstruação chega e acompanhar como o ciclo funciona ao longo da vida pode ajudar a entender se algo está diferente, a fim de entender as muitas variáveis envolvidas e os diagnósticos possíveis.

Em todos os casos, o ginecologista é o profissional adequado para contribuir nessa compreensão.

Quando ligar o alerta sobre menstruar duas vezes ao mês?

Para compreender situações atípicas, é necessário determinar os parâmetros que caracterizam um ciclo menstrual normal, que são: frequência, regularidade, duração e volume.

Assim, alguns sinais são importantes: o primeiro é quando houver irregularidade constante do ciclo —um mês durou 28 dias, depois 40, outro 20, 15 e assim por diante; quando a quantidade de sangue for excessiva e se a paciente fica longos períodos sem menstruar.

O sangramento uterino anormal (SUA) envolve questões como quantidade ou duração e é um problema ginecológico comum. Quando intenso ou prolongado pode resultar em anemia e interferir nas atividades diárias, a depender da intensidade das cólicas.

Considerando a idade, adolescentes sofrem com dores ocasionadas pela maturação do eixo hipotálamo-hipófise-ovário, enquanto nas mulheres que estão em idade fértil ou no climatério, a cólica está associada a patologias orgânicas, como infecções, distúrbios metabólicos e outras.

Possíveis causas de situações atípicas

As especialistas consultadas afirmam que, para cada fase da vida, motivos diferentes podem explicar o fato de menstruar duas vezes ao mês —se isso não acontecer dentro de aspectos de normalidade.

  • Causas adolescentes, até dois anos após menstruar: anormalidades hematológicas, gravidez, presença de hormônios exógenos, doenças endócrinas, infecções como clamídia e anomalias genitais.
  • Causas durante a idade fértil: anormalidades da gestação, ginecopatias, doenças endócrinas ou sistêmicas como síndrome dos ovários policísticos (SOP), tireoide com mau funcionamento, disfunções hepáticas ou renais, anormalidades hematológicas, infecções e neoplasia, que é quando uma massa de tecido anormal surge em diferentes partes do corpo.
  • Causas no climatério, nos momentos pré e pós-menopausa: anovulação, quando diminui a reserva folicular ovariana e a resistência dos folículos remanescentes; ginecopatias, como alterações anatômicas nos pólipos, miomas, adenomiose (invasão do endométrio na musculatura do útero) e câncer.

Quais exames o médico pode solicitar para fazer avaliações?

É importante ter a história clínica da paciente analisada pelo médico, inclusive com as datas das menstruações, para complementar exames ginecológicos bem feitos. Em alguns casos, podem ser necessários ultrassom e exame de sangue, além de outros procedimentos, conforme pontuados a seguir.

Nas adolescentes: teste de gravidez, exame de hemoglobina ou hematócrito com contagem de plaquetas, medição do hormônio estimulante da tireoide (TSH), ultrassonografia pélvica, triagem de ISTs caso sejam sexualmente ativas, prolactina, testosterona e avaliação adicional para SOP quando há sinais de acne, calvície masculina e mais.

Nas mulheres em idade fértil ou no climatério: teste de gravidez, hemograma e coagulograma, ultrassonografia, curetagem uterina, biópsia de endométrio, prolactina, testosterona, medição do hormônio estimulante da tireoide e outros.

Quais aspectos físicos podem interferir na regularidade da menstruação?

Um ciclo menstrual irregular é resultado, principalmente, das alterações de ovulação daquela mulher, ou seja, do funcionamento inadequado do ovário e dos hormônios produzidos por ele.

Porém, doenças relacionadas a outros hormônios podem interferir nesse processo, como aquelas ligadas à tireoide, além das doenças uterinas, a exemplo de câncer, pólipos ou miomas.

Além disso, é importante ressaltar que a obesidade pode ter grande influência na maneira como o ovário funciona e, nos casos de SOP, a dieta é fundamental, pois a perda de peso e a prática de atividades físicas são essenciais no tratamento da patologia.

Como as questões emocionais contribuem para uma possível irregularidade do ciclo?

O aspecto emocional pode surgir como explicação em episódios isolados ou pontuais. Por exemplo: se essa carga é muito intensa, pode acontecer a liberação de alguns hormônios, como o cortisol, que é capaz de alterar a menstruação.

Se, eventualmente, a mulher está estressada excessivamente, é possível surgir um sangramento no meio do ciclo ou até um atraso menstrual. O mais importante é procurar atendimento médico para entender o que está acontecendo, especialmente quando não for um episódio único, isolado ou ocasional.

10 principais perguntas a considerar em casos de alterações menstruais

  1. De onde o sangramento vem?
  2. Qual é a idade da mulher?
  3. A paciente é sexualmente ativa?
  4. Ela pode estar grávida?
  5. Como é o seu ciclo menstrual normal?
  6. Existem sinais de ovulação?
  7. Qual é a natureza do sangramento anormal (frequência, duração, volume, relação com coito)?
  8. Quando ele ocorre? Existem sintomas associados?
  9. A paciente está usando medicação ou tem doenças associadas?
  10. Existe história pessoal ou familiar de desordens de sangramento?

Fontes: Etiêne Galvão, médica pela UFPB (Universidade Federal da Paraíba) e professora do curso de Medicina do Unipê - Centro Universitário de João Pessoa; Juliana Mattoso Campanha, médica pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), especialista em ginecologista e obstetrícia pela FCM-MG (Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais); e Lilian Fiorelli, ginecologista especialista em sexualidade feminina e uroginecologia pela USP (Universidade de São Paulo).