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O que é cefaleia refratária à analgesia convencional, que Virgínia tratou?

Virginia Fonseca ficou internada para tratar cefaleia - Reprodução/Instagram
Virginia Fonseca ficou internada para tratar cefaleia Imagem: Reprodução/Instagram

Luiza Vidal

De VivaBem, em São Paulo

19/05/2022 13h21

A influenciadora Virginia Fonseca, de 23 anos, recebeu alta, na noite desta quarta-feira (18), após ficar internada desde domingo (15). Ela foi diagnosticada com cefaleia refratária à analgesia convencional, condição na qual a pessoa tem uma dor de cabeça que não passa com uso de medicamentos normalmente utilizados.

A mãe de Maria Alice, que está no 4º mês de sua segunda gravidez explicou, no dia da internação, que foi ao pronto-socorro para tratar uma crise de enxaqueca: "Odeio tomar remédio, quando eu comecei a sentir dor de cabeça fiquei naquela de 'vai passar' e não passou". De acordo com a influenciadora, isso acabou virando uma "crise pesada de enxaqueca", o que causou dor por mais de 8 dias.

Condição tem relação com a gravidez?

De acordo com o neurologista do Hospital Brasília (DF) Thiago Taya, qualquer pessoa, na prática, pode ter esse tipo de dor de cabeça que, apesar do nome técnico, é basicamente uma dor de cabeça que não passa com uso de analgésicos convencionais.

"Mas as pessoas que têm dor de cabeça recorrente, como enxaqueca, que é muito comum, apresentam mais chance de evoluir para esse quadro de cafaleia refratária à analgesia", explica o também professor da Universidade Católica de Brasília.

O médico conta que a gravidez, como um todo, muda a dinâmica do corpo inteiro, inclusive essa relação com dores de cabeça. "Em pacientes que têm enxaqueca, essas mudanças da gravidez podem piorar a intensidade da dor e aumentar a frequência de crises", diz.

Taya explica, inclusive, que alguns estudos indicam que a dor tende a ser pior no 1º trimestre da gravidez, que tende a melhorar nos meses seguintes.

No entanto, é importante destacar que pessoas gestantes possuem contraindicações para o uso de diversos analgésicos, o que dificulta o tratamento.

O neurocirurgião Haroldo Chagas, do Hospital Federal da Lagoa, no Rio de Janeiro, afirma que os pacientes que possuem a condição durante a gravidez podem se deparar com um tratamento ainda mais delicado, com medicamentos mais detalhados para que não haja qualquer tipo de risco para a gestação. "É preciso de um cuidado para que a medicação não passe para a placenta e assim não chegue ao bebê."

Por isso, é importante que essa pessoa procure auxílio médico durante a gestação. "O ideal é que essa pessoa passe por uma avaliação para entender se tem outra origem das dores", reforça o especialista do Hospital Brasília.

Quais fatores de risco?

De acordo com os médicos, algumas condições podem favorecer o surgimento da cefaleia refratária à analgesia convencional, como pessoas que têm dor de cabeça crônica, mas não trata corretamente, alguns fatores emocionais, insônia e apneia de sono.

"Por incrível que pareça, um dos principais fatores de risco é o uso abusivo de analgésico", diz Taya. "Ao contrário do que as pessoas imaginam, o uso de analgésico com muita frequência pode gerar esse tipo de dor, pois o remédio não faz mais efeito e é necessário entrar com medicação mais forte. Vira uma bola de neve", explica.

Apesar disso, o médico conta que o uso esporádico não apresenta problema. O ideal é procurar ajuda médica para entender o que pode estar causando as dores de cabeça com tanta frequência.