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Equilíbrio

Cuidar da mente para uma vida mais harmônica


Hobby não pode ser atividade que gera cobranças; veja dicas para criar um

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Sarah Alves

Do VivaBem, em São Paulo

23/03/2022 04h00

Dedicar um tempo para si é uma das premissas para levar a vida com mais equilíbrio. Mas se realizar atividades prazerosas sem pensar no tempo investido nelas ou se cobrar parece uma tarefa difícil para você, está na hora de repensar prioridades. Afinal, procurar espaço na rotina para se dedicar a algo que dê prazer, como ter um hobby, é uma forma importante de bem-estar.

Segundo a psicóloga Stephanie Krieger, doutora em psicologia social pela UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), os hobbies renovam a nossa bateria para darmos conta das atividades que exigem disciplina e esforço. De forma geral, para ser um hobby, é preciso que a atividade dê liberdade e bem-estar. Vários exemplos podem se enquadrar nessa categoria: academia, leitura, esportes e tarefas ligadas à arte são algumas das opções possíveis de se dedicar.

Os hobbies também precisam ser flexíveis, porque não devem corresponder a cobranças. Para evitar tornar a atividade uma tarefa, é necessário identificar o que aquilo proporciona a você: prazer ou estresse?

De acordo com Krieger, é errado uma pessoa que gosta muito do seu trabalho o considerar um hobby, por exemplo. Afinal, aquele também é um espaço de exigências. O mesmo pensamento vale para pessoas que gostam de exercícios, mas treinam com foco em competições. Neste caso, a atividade também pode virar uma cobrança e isso dissipa a intenção despretensiosa de realizá-lo.

"Quando pensamos em ter um hobby, é preciso pensar: que atividades eu vou praticar com o objetivo de me divertir, ter um momento de lazer?", orienta a psicóloga, que também é docente da Estácio (RJ).

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Como hobby afeta cérebro

Atividades de lazer e entretenimento colaboram para o surgimento de emoções positivas ao ativar os neurotransmissores dopamina e serotonina, explica a psicóloga Marciene Lobato, professora da Anhanguera Macapá (AP).

"Entramos num estado de satisfação pessoal, deixando nosso dia mais leve, mais prazeroso e nos distraímos das obrigações cotidianas. O efeito desses neurotransmissores pode melhorar aspectos emocionais, cognitivos e até mesmo físicos. Há pessoas que relatam criatividade em alta, melhorias no humor, nas relações e até mesmo na atenção", explica Lobato.

Eu preciso de um hobby? Como criar um?

A psicóloga também lembra que é indicado a todas as pessoas cultivarem um passatempo. No entanto, infelizmente, é comum despertar para a necessidade apenas sob quadros de esgotamento emocional, depressão e ansiedade, ou em rotinas de muito estresse, pressão e cobranças.

"A prática vai auxiliar na redução dos sintomas em caso de transtornos de humor, contribuindo para o desenvolvimento de novas habilidades sociais e emocionais. Nessas situações, precisamos nos desconectar um pouco do mundo, do que os outros querem e focar nas nossas próprias necessidades", lembra Lobato.

Para encontrar o melhor hobby, a dica é buscar aquilo que se tem afinidade, como atividades que já realizou no passado ou áreas que sempre despertaram interesse. Já quem não tem opção alguma, pode buscar listas na internet, trocar experiências com outras pessoas e testar até descobrir algo que se identifique.

Um ponto é que pessoas sem o hábito de dedicar tempo a si podem delimitar uma frequência inicial para conseguirem estabelecer uma rotina, como um compromisso para investir em atividades que gerem bem-estar.

"Também precisa existir cuidado com as frustrações ao se adentrar em um hobby, qualquer que seja. É importante se certificar antes de que haverá tempo, para que a possibilidade de não poder continuá-lo não seja mais negativa do que a positividade buscada no início. Hobbies buscam dar o efeito salutar à vida das pessoas", defende o psicólogo Alexander Bez, especialista em relacionamentos pela Universidade de Miami (UM) e em ansiedade e síndrome do pânico pela Universidade da Califórnia (UCLA).

Dar valor ao lazer deve vir desde a infância

É necessário ensinar desde a infância a importância de atividades ligadas ao lazer, descanso e que promovem o bem-estar. Algumas crianças que vivem rotinas de muitas cobranças, por exemplo, podem ter dificuldade de desacelerar no futuro e geralmente associam um sentimento de culpa ligado a essas ocupações. Mas, ao mesmo tempo, também é necessário se atentar para não criar rotinas com acúmulo de atividades.

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"Talvez não precisemos ter uma coisa tão delimitada na infância, que já é permeada por brincadeiras, mas é necessário olhar para o lazer e dar valor, entender que ele cumpre com uma função. Assim como estudamos para passar de ano, o lazer vai ser importante para termos uma vida mais valiosa, leve, que suporte as obrigações e cobranças", diz a psicóloga Stephanie Krieger.