Síndrome de Ménière: entenda doença que fez Mariana Rios ter surdez súbita
A atriz e cantora Mariana Rios revelou nesta semana que uma doença de fundo emocional lhe causou perda súbita da audição e que até hoje ela ainda não está totalmente recuperada.
"Há três ou quatro anos, num pico de estresse, eu tive uma surdez súbita. É uma síndrome. Tem um nome maravilhoso, super chique: se chama Síndrome de Ménière. Eu tenho esse trem aí", contou em entrevista ao podcast "Podpah".
A artista também compartilhou que trata com uso contínuo de remédios e adotou mudanças na rotina, como evitar situações de estresse e lugares com som muito alto. "Festa eu posso frequentar, mas tenho que colocar tampão. Boto tampão de silicone", disse.
Entenda a doença
Também conhecida como hidropsia endolinfática, a Síndrome de Ménière é uma doença rara e sem cura que acomete o labirinto, estrutura responsável pela audição e pelo equilíbrio.
O labirinto consiste em duas partes principais: a cóclea, uma pequena estrutura em forma de caracol que converte vibrações sonoras em impulsos nervosos que viajam até o cérebro e o sistema vestibular, rede de canais responsáveis pelo equilíbrio, que atuam indicando orientações espacial do corpo ao cérebro.
"Por motivos que ainda não são completamente conhecidos, o líquido que fica dentro da cóclea aumenta, gerando uma maior pressão e causando o início dos sintomas. Algumas possíveis causas apontadas por estudos são alterações metabólicas, intolerâncias alimentares, doenças autoimunes e causas genéticas", indica o médico otorrinolaringologista Alexandre Colombini*.
De acordo com o médico, o quadro é mais comum em pessoas entre 40 e 50 anos de idade, na maioria mulheres. Os sinais são geralmente notados em uma orelha, mas pode evoluir para as duas.
A doença não tem cura, mas pode ser controlada com tratamento. "Caso o paciente não tome os cuidados necessários, que devem ser indicados por um médico, a perda auditiva pode ser definitiva", alerta Colombini.
Sintomas mais comuns
- Perda de audição flutuante (que pode voltar após alguns minutos ou horas);
- Episódios de vertigem;
- Sensação de ouvido tapado;
- Náuseas e vômitos.
Diagnóstico é essencialmente clínico
O primeiro passo para o diagnóstico é o relato dos sintomas pelo próprio paciente.
"Ao escutar, o otorrinolaringologista já deve suspeitar da doença. Em seguida, alguns pedidos de exames, como audiometria para documentar a perda de audição e eletrococleografia para medir a pressão dentro do labirinto auxiliam na confirmação. Testes como hemograma, exames autoimunes e exames de sangue também podem ser requisitados para tentar descobrir o que desencadeou a doença", explica Colombini.
A doença não tem cura, mas pode ser controlada com tratamento
Na fase aguda, quando o paciente está passando por uma crise, a conduta médica ideal é devolver o equilíbrio e a audição por meio de tratamento medicamentoso.
Já o tratamento a médio e longo prazo inclui mudanças na dieta, uso de medicações específicas para o labirinto e diuréticos — para tentar diminuir a pressão no labirinto — e exercícios de reabilitação vestibular, que funcionam como um tipo de fisioterapia específica para o labirinto.
Para alguns casos mais graves e menos comuns, quando as medidas clínicas não oferecem controle, existem opções cirúrgicas.
"A descompressão do saco endolinfático e neurectomia vestibular são exemplos cirúrgicos que podemos indicar para quem apresenta sinais como tontura incapacitante. No entanto, o labirinto está dentro da cabeça, e para acessá-lo, precisamos passar por estruturas importantes e delicadas. Por isso, a cirurgia não é um recurso amplamente usado por oferecer alguns riscos, como perda de audição. É sempre melhor ser o menos invasivo possível", diz o médico.
*com informações de reportagem publicada em 28/12/20
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