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Giulia Be tem síndrome vasovagal; condição provoca desmaio, mas é benigna

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Imagem: Reprodução Instagram

Bruna Alves

De VivaBem, em São Paulo*

09/11/2021 14h36

Giulia Be passou o último final de semana internada, após um acidente doméstico que sofreu na sexta-feira (5), quando desmaiou e bateu a cabeça. No hospital, ela foi diagnosticada com a síndrome vasovagal, mas recebeu alta ontem e tranquilizou os fãs.

"A gente descobriu que tenho algo chamado síndrome vasovagal. O meu corpo às vezes não manda sangue para o cérebro, o que pode causar desmaios e perda de consciência, como aconteceu. Estou tomando cuidado extra. Estou com muito sono o tempo todo, priorizando minha saúde e meu descanso nesse momento, mas queria deixar os corações de vocês bem tranquilos", disse.

Devido à queda, Giulia fraturou parte do crânio e teve sangramento interno no cérebro - Reprodução Instagram - Reprodução Instagram
Devido à queda, Giulia fraturou parte do crânio e teve sangramento interno no cérebro
Imagem: Reprodução Instagram

O que é a síndrome vasovagal?

Para começar, a síndrome vasovagal não é doença e, sim, uma condição benigna, multifatorial, que está por trás de mais da metade dos desmaios e que acomete mais mulheres do que homens, todos, em geral, jovens.

Pode aparecer em crianças? Raríssimo. Pode se manifestar em adolescentes? Com relativa frequência, sim. Mas costuma ser um problema de adultos com menos de 40 anos.

A síndrome ou síncope vasovagal provoca a diminuição da pressão arterial e dos batimentos cardíacos, originando sintomas como fraqueza, palidez, calor, náuseas, tontura, dor de cabeça e, por fim, o desmaio. A perda da consciência ocorre devido à dilatação dos vasos sanguíneos, por um estímulo inadequado do nervo vago, parte do sistema nervoso autônomo.

"Quando estamos em pé, o sangue tende a se acumular nos membros inferiores. Para manter a pressão, o nervo envia comandos para contrair os vasos. Diante de certos gatilhos, esses sensores dizem erroneamente que a pressão está alta. Então, os vasos dilatam, provocando o desmaio", explica o cardiologista Guilherme Fenelon, coordenador do Centro de Arritmia do Hospital Albert Einstein (SP).

As crises ocorrem, na maioria das vezes, quando o indivíduo fica muito tempo em pé em ambiente quentes e fechados. A ingestão de bebidas alcoólicas e a prática de atividades físicas intensas também podem acarretar o problema.

Como identificar a síndrome?

Sempre a partir de um bom diálogo na consulta —o tão importante exame de anamnese. Logo no começo dessa conversa, o médico precisa descobrir se, instantes antes de desmaiar, a pessoa sentiu tontura ou uma náusea, por exemplo. No entanto, exames são necessários para excluir doenças cardiovasculares e neurológicas.

Agora, o teste que dá o veredito certeiro de um reflexo vasovagal é o do tilt, no inglês seria "inclinar". Nele, o paciente é monitorado por inteiro, colocado em uma maca e preso com tiras para não despencar de lá. Afinal, ele será suspenso e inclinado a uns 70 ou 80 graus para avaliações.

Mais do que acusar o reflexo vasovagal, esse exame mostra os mecanismos por trás do desmaio, se têm a ver com uma dilatação dos vasos ou com a queda da frequência cardíaca que, em alguns casos, chega a cair a tal ponto de o coração parar por um instante.

A rápida recuperação é o principal aspecto para diferenciar a síndrome de outras doenças com sintomas semelhantes, como epilepsia ou labirintite.

"Na epilepsia é diferente: após a crise, o indivíduo fica algum tempo atordoado até se recuperar totalmente. Já na labirintite ocorre mais uma sensação de desequilíbrio do que propriamente o desmaio", explica Fenelon.

A síndrome em si não causa a morte, mas pode provocar uma queda e a pessoa se machucar, como aconteceu com a cantora Giulia Be.

Se você tem a síndrome siga essas dicas para ajudar na rotina diária:

  • Pratique atividade física regularmente (que contribui para o aumento da capacidade cardiovascular e uma melhor circulação sanguínea);
  • Mantenha-se bem hidratado;
  • Alimente-se adequadamente;
  • Evite ficar muito tempo em pé e em lugares abafados;
  • Deite-se ou pelo menos sente quando começar a sentir os sintomas, para a pressão voltar ao normal.

Para ajudar no controle da síncope, Fenelon recomenda dormir com a cabeça um pouco inclinada. "Assim, o organismo se acostuma com o estresse da inclinação e tende a enfrentar melhor as crises".

Em casos muito severos, pode ser necessário o uso de marcapasso e medicamentos que ajudem a aumentar a pressão arterial.

*Com informações de reportagem de 06/01/2019 e da coluna da Lúcia Helena.