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Sertanejo Tiago diz que fará cirurgia para aumentar pênis; quais os riscos?

Tiago, da dupla com Hugo - Reprodução Instagram
Tiago, da dupla com Hugo Imagem: Reprodução Instagram

Gabriela Ingrid

Do VivaBem, em São Paulo

03/07/2021 12h56

O cantor Tiago Silva, da dupla com Hugo, revelou nesta sexta-feira (2) ao site Hugo Gloss que fará uma cirurgia de aumento peniano, também conhecida como faloplastia.

Na entrevista, o sertanejo disse que passará pela intervenção na próxima terça-feira (6) e que o procedimento será para sua "satisfação pessoal, puramente estética". "O aumento peniano já era possível há bem mais tempo, mas somente para quem tinha problemas reais. Agora, surgiu essa possibilidade de fazer isso esteticamente, e o médico é um cara que eu já conhecia. Eu fiquei curioso", disse.

Entretanto, a cirurgia é polêmica para profissionais de urologia. Antonio Carlos Pompeo, presidente da SBU (Sociedade Brasileira de Urologia), afirma que ela é contraindicada pela associação e que a prática é considerada experimental, sem evidências científicas.

Quais as técnicas usadas?

De acordo com Pompeo, existem várias técnicas usadas. "A maioria delas com insucesso significativo", diz o médico. Veja algumas a seguir:

  • Secções de ligamentos

Ela consiste em cortar o ligamento que conecta o pênis ao osso púbico. Isso faz o pênis flácido parecer mais longo, mas apenas visualmente. Embora possa fazê-lo pender ainda mais para baixo, na verdade não aumenta seu tamanho. O cirurgião também pode recomendar outros procedimentos, como remover a gordura da área ao redor do pênis. Isso pode fazer com que o pênis pareça maior, mas, novamente, isso não muda realmente seu comprimento.

  • Enxertos de tecido biológicos ou sintéticos

O mais comum é a aplicação de gordura retirada do próprio paciente entre a pele e o corpo cavernoso (estruturas do tecido erétil parecidas com esponjas), o que engrossaria o pênis. Mas estudos mostraram que o corpo pode reabsorver ou "quebrar" cerca de 30% da gordura injetada nos primeiros dois meses. Outra revisão de 2017 disse que o enxerto pode diminuir de volume (20 a 80%) em um ano.

Outra opção, dessa vez sintética, é a inserção de uma peça de silicone. O cirurgião primeiro faz uma incisão acima do pênis e depois insere uma tira de silicone em forma de meia-lua no corpo do pênis, para torná-lo mais comprido e largo. Alguns estudos mostraram resultados positivos, mas havia conflito de interesse, ou seja, os pesquisadores tinham relação com fabricantes de implantes.

  • Próteses

As próteses penianas são estruturas que são implantadas no pênis para preencher os espaços antes ocupados pelo sangue nos corpos cavernosos. Elas garantem a ereção e permitem que o usuário tenha relações sexuais sempre que desejar. Mas nenhuma deixa o pênis maior.

Quais os riscos?

Pompeo diz que a cirurgia tem potencial de complicações como infecções, deformidades e inclusive alterações de sexualidade.

Buscar esse tipo de procedimento ainda pode levar o homem a um quadro de depressão e redução da autoestima, pois a pessoa, que já estava descontente com as dimensões do pênis, fica ainda mais insatisfeita se houver uma piora.

De acordo com Alexander Bez, psicólogo especialista em relacionamentos pela Universidade de Miami e especialista em ansiedade e síndrome do pânico pela UCLA (Universidade da Califórnia), antes de decidir fazer uma cirurgia do tipo é preciso uma investigação psicológica para apurar as razões mentais que o levaram a esse procedimento.

"A grande maioria dos homens, que têm essa questão com o tamanho, estão focados fundamentalmente numa 'visão fantasiosa', tanto no que tange à própria dimensão genital, como também no que tange à expectativa de resultado, pois sem um adequado equilibro mental, a cirurgia pode não oferecer a tal da performance esperada", diz ele.

Um estudo publicado em abril de 2019 no periódico Scientific Reports avaliou 355 casos de cirurgias estéticas de aumento peniano e concluiu que "a faloplastia cosmética requer um conhecimento profundo da anatomia e da técnica cirúrgica e que a seleção dos candidatos é um elemento fundamental". Segundo os autores, os médicos deveriam excluir pacientes com transtornos psiquiátricos, como o transtorno dismórfico corporal, ou quem já fez a cirurgia e não teve resultados satisfatórios.

Os pesquisadores ainda disseram que o procedimento "muito raramente produz resultados espetaculares, mas como último recurso para melhorar o desconforto do paciente, pode melhorar consideravelmente sua autoestima e a qualidade de sua vida sexual e, por sua vez, de seus relacionamentos".

Quando a cirurgia é indicada?

Segundo o presidente da SBU, o procedimento é apenas indicado em casos de más-formações congênitas, como micropênis, e também em casos traumatismos penianos, como amputações.