Topo

Saúde

Sintomas, prevenção e tratamentos para uma vida melhor


Estudo: covid-19 na gravidez aumenta chances de hipertensão e pré-eclâmpsia

Estudo foi feito com 1.715 grávidas - iStock
Estudo foi feito com 1.715 grávidas Imagem: iStock

Do VivaBem*, em São Paulo

22/05/2021 11h29

Hoje (22) é o Dia Mundial da Pré-Eclâmpsia, data criada com o objetivo de conscientizar a população e profissionais da saúde sobre os riscos desta doença hipertensiva (pressão alta) associada à perda de proteína na urina (proteinúria) após a 20ª semana de gestação.

Inclusive, grávidas que testam positivo para covid-19 têm mais chances de desenvolver desordens hipertensivas, incluindo a pré-eclâmpsia, segundo estudo publicado no periódico American Journal of Obstetrics and Gynecology, no dia 1º de fevereiro deste ano.

Segundo Nigel Madden, um dos autores, em entrevista ao site Medscape, "é possível que o estado inflamatório agudo da infecção por covid possa incitar ou agravar a doença hipertensiva da gravidez".

Quais foram os resultados do estudo

Os pesquisadores realizaram uma revisão retrospectiva dos prontuários de 1.715 pacientes dos EUA que ficaram grávidas e que se submeteram a testes de RT-PCR entre março e junho de 2020. Os pesquisadores excluíram pacientes com histórico de hipertensão crônica.

  • No geral, 10% (167) dos pacientes testaram positivo para covid e 90% (1.548) testaram negativo. Houve várias diferenças no início do estudo entre os grupos.
  • As taxas de hipertensão gestacional e pré-eclâmpsia sem características graves foram significativamente maiores em pacientes com covid-19 -- considera-se hipertensão arterial igual ou acima de 140/90 mmHg.
  • Aqueles com teste positivo tendiam a ser mais jovens, com idade média de 28 anos, em comparação com a idade média de 31 anos para o grupo com teste negativo.
  • O grupo com teste negativo também teve uma proporção maior de mães com 35 anos ou mais.
  • Também houve diferenças significativas na composição racial dos grupos. Metade daqueles no grupo com resultado positivo relatou "outro" para sua raça.
  • A maior disparidade de linha de base entre os grupos foi em relação ao tipo de seguro: 73% daqueles com teste positivo para covid-19 usaram o Medicaid (programa de saúde dos EUA para pessoas de baixa renda); apenas 36% dos pacientes no grupo com resultado negativo usaram Medicaid. Aqueles com seguro privado eram mais propensos a testar negativo (43%) do que positivo (25%).

Por que este estudo é importante

O resultado mostra que as grávidas infectadas pela covid-19 precisam receber uma atenção especial dos médicos — o que mostra a urgência em buscar mais pesquisas sobre tratamentos e estratégias preventivas.

Para as mulheres que estão grávidas e se sentem preocupadas sobre exposição ao vírus, é recomendado consultar um obstetra para que, juntos, eles possam trabalhar para garantir o cuidado mais adequado.

Entenda a pré-eclâmpsia

A causa mais comum é decorrente da alteração na implantação da placenta, que quando não ocorre de maneira adequada ocasiona aumento na resistência dentro dos vasos sanguíneos, fazendo com que a pressão se eleve. A doença pode ser diagnosticada por meio de exames e avaliações médicas.

Entre os fatores de risco para o desenvolvimento da pré-eclâmpsia, podemos destacar, principalmente:

  • Pacientes muito jovens (geralmente abaixo dos 19 anos);
  • Pacientes acima dos 35 anos;
  • Hipertensão (quem já tinha problemas de pressão);
  • Diabetes;
  • Obesidade;
  • Pré-eclâmpsia em gestações anteriores;
  • Gestação múltipla;
  • Trombofilias (síndrome do anticorpo antifosfolípide);
  • Lúpus.

Se houver um diagnóstico precoce, que aponte a probabilidade de a paciente desenvolver a pré-eclâmpsia, é possível receitar ácido acetilsalicílico (AAS) e cálcio, como forma preventiva. Mas qualquer medicamento só deve ser ingerido com prescrição e avaliação médica.

A pré-eclâmpsia não se trata de uma doença hereditária. O que se sabe, entretanto, é que pacientes que desenvolveram a doença em uma gestação têm mais chance de desenvolver novamente.

Os principais sintomas da doença são: inchaço no corpo todo, alteração de visão, diminuição do volume urinário, falta de ar, redução do líquido amniótico e, em sua evolução, pode afetar e causar graves lesões nos rins, no fígado e, em casos extremos, levar ao inchaço do cérebro. Pode também haver alteração na função hepática (síndrome de Hellp) e, eventualmente, derrame.

* Com informações de reportagem publicada no dia 26/04/2020.