Topo

Cúrcuma ajuda a combater doenças crônicas e vai muito além da culinária

Getty Images
Imagem: Getty Images

Carol Firmino

Colaboração para o VivaBem

19/05/2021 04h00

A beleza de sua cor amarelo-ouro não é a única característica a chamar atenção na cúrcuma, especiaria que vem de uma planta da família Zingiberaceae, a mesma do gengibre. Conhecida também como açafrão-da-índia ou açafrão-da-terra, ela possui muitas propriedades farmacológicas, que vão desde ação anti-inflamatória à ajuda na prevenção de doenças crônicas.

Na medicina tradicional asiática, estudos indicam que a cúrcuma pode ser utilizada para tratar problemas de pele, problemas digestivos, dores e incômodos em geral, mas também serve como alimento básico da ayurveda —medicina indiana que propõe a harmonia entre corpo, mente e alma. No Ocidente, cada vez mais investigações seguem o mesmo raciocínio e indicam que os benefícios de consumir a raiz, normalmente comercializada em pó, são inúmeros.

Quais são os benefícios da cúrcuma?

Para quem ficou curioso sobre quais são os poderes dessa especiaria, preparamos uma lista com os seus benefícios.

Age contra o diabetes: melhora o metabolismo do açúcar no sangue e reduz potencialmente os efeitos da doença no corpo.

Combate a osteoartrite: os compostos vegetais da cúrcuma são anti-inflamatórios e contribuem para aliviar dores nas articulações. Eles ainda ajudam a frear a liberação de citocinas pró-inflamatórias, que são proteínas responsáveis por estimular o processo de inflamação no organismo.

Melhora a digestão: a curcumina tem efeito protetor do estômago e reduz os riscos de úlcera péptica e gástrica. Ela pode ser administrada em jejum e contribuir nesses quadros. Também possui propriedade antibacteriana e protege o intestino da formação de bactérias que promovem infecções, além de inibir o crescimento da H.pylori, uma das causadoras da gastrite.

Combate doenças cardíacas: o consumo regular da cúrcuma pode reduzir o colesterol LDL, considerado "ruim", e os triglicerídeos, o que impacta diretamente na saúde do coração.

Cúrcuma - Madeleine_Steinbach/iStock - Madeleine_Steinbach/iStock
Imagem: Madeleine_Steinbach/iStock

Controla a obesidade: associada a uma dieta saudável, inibe a via inflamatória envolvida nesse processo e regula a gordura corporal. A curcumina ainda tem papel importante da prevenção da hipertensão.

É antifúngica: suas propriedades conseguem romper as membranas celulares dos fungos, o que potencializa tratamentos com remédios fúngicos.

Protege contra asma: com a prevenção ou modulação das inflamações e do estresse oxidativo nos pulmões, a curcumina desempenha um papel protetor na doença pulmonar obstrutiva crônica, na lesão pulmonar aguda, na síndrome do desconforto respiratório agudo e na asma alérgica.

Alivia inflamações na pele: além de agir na epiderme, que é a camada intermediária da pele, existem pesquisas que indicam a curcumina como inibidora do câncer causado por raios ultravioletas. Neste caso, a cúrcuma pode ser aplicada de maneira tópica. Uma sugestão é fazer uma misturinha de babosa com o próprio tempero.

Acelera a recuperação pós-treino: as fibras musculares são prejudicadas após práticas esportivas intensas e a cúrcuma ajuda a diminuir o estresse oxidativo nos músculos, fazendo com que a restauração seja mais rápida, sem dores tardias.

Quais são as formas de consumir a cúrcuma?

A curcumina, que é a substância mais presente na planta, possui baixa biodisponibilidade, ou seja, pouco aproveitamento de suas propriedades pelo organismo. Isso quer dizer que, mesmo quando consumida em altas doses, não se verificam grandes concentrações de curcumina nas células. Assim, para aumentar a biodisponibilidade, dois componentes aparecem como potencializadores de sua absorção: a gordura e a pimenta-do-reino.

Se usada como tempero, são necessárias quantidades diárias maiores, em média duas colheres de chá. Também é possível consumir a curcumina como suplemento em cápsulas, na maioria das vezes oferecida em doses médias de até 1000 mg. A cúrcuma fresca —ainda como raiz — ou em pó têm mais poder de absorção, e vale usar como tempero para finalizar as refeições ou na preparação de chás.

Já no caso das cápsulas, existem tecnologias de extração que buscam preservar a pureza do produto final para que se aproximem 100% do natural. Porém, é importante lembrar que, para aproveitar todas as características positivas da cúrcuma, ela deve ser consumida diariamente, em uso contínuo.

Contraindicações e efeitos colaterais

Enquanto alguns estudos afirmam sua segurança mesmo em altas doses, há indícios de que o consumo superior a oito gramas pode causar náuseas, diarreia e alteração de pH. Além disso, por ser um diluente natural do sangue, não é indicado para pessoas que utilizam medicamentos anticoagulantes ou em períodos pré-cirúrgicos.

Como a cúrcuma também atua no metabolismo do açúcar no sangue e reduz a pressão arterial, para quem utiliza a substância diariamente aconselha-se o acompanhamento de um profissional. Ela também pode interferir no tratamento de anemias ou patologias associadas ao metabolismo do ferro, e deve ser evitada durante a gravidez.

Fontes: Claudia Luz, nutricionista ortomolecular do Departamento de Inovação da Via Farma, mestre em ciências pela escola de Educação Física e Esporte da USP (Universidade de São Paulo) e pós-graduada em nutrição clínica aplicada a patologias com base na prática ortomolecular pela Fapes (Fundação de Apoio à Pesquisa e Estudo na Área da Saúde); Fernanda Becker, nutricionista da equipe do NOB (Núcleo de Oncologia da Bahia) - Oncoclínicas; Patrícia Savoi, médica pela USF (Universidade São Francisco), pós-graduada em nutrologia pela Abran (Associação Brasileira de Nutrologia), especialista em Terapia Nutricional Hospitalar e Clínica, com certificação em Ayurveda Lifestyle (Programa Saúde Perfeita) pelo Instituto do Deepak Chopra, na Califórnia (EUA); Rafael Félix Cabral, nutricionista esportivo, consultor técnico-científico da Via Farma e especialista em nutrição ortomolecular nutrigenômica e metabolismo pela Fapes, atua em Salvador (BA).