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2020 versão 2.0? Não, beber água não previne a infecção pelo coronavírus

Vamos lá: beber água de 15 em 15 minutos não previne você de pegar a covid-19 - iStock
Vamos lá: beber água de 15 em 15 minutos não previne você de pegar a covid-19 Imagem: iStock

Bárbara Paludeti

De VivaBem, em São Paulo

13/03/2021 13h29

Parece até que estamos vivendo uma versão 2.0 do ano de 2020: a pandemia está acelerando —ao invés de retroceder—, faltam leitos e oxigênio e as fake news parece que se reciclam. Nos últimos dias, várias pessoas da redação de VivaBem receberam a mensagem que aparece neste texto (imagem mais abaixo).

Ela afirma que "beber água de 15 em 15 minutos, manter a garganta úmida, faz com que o vírus vá direto para o estômago, e não há vírus ou bactéria que resista ao suco gástrico. Por outro lado, se a garganta estiver seca, o vírus vai para o esôfago e dali para os pulmões". Corrente semelhante circulou lá no começo de 2020 e parece estar voltando revigorada nos grupos de WhatsApp.

É consenso que o consumo de água é fundamental para a saúde e bom funcionamento do corpo. Entre suas funções estão a regulação da temperatura do corpo e a absorção, transporte e distribuição de nutrientes para diversas partes do organismo. No entanto, a mensagem acima não é verdadeira, não acredite e não repasse-a.

Fake news - iStock - iStock
É fake news! Não acredite na mensagem acima quando recebê-la, não repasse e esclareça quem a enviou
Imagem: iStock

Os médicos negam totalmente a possibilidade. Os especialistas explicam que o suco gástrico é uma barreira contra germes. Entretanto, a transmissão da covid-19 se dá pelas vias aéreas, por isso não existe proteção do estômago contra a doença.

Os cientistas alertam ainda que uma infecção como a pelo coronavírus produz milhões de vírus. Alguns serão engolidos e outros seguirão o seu curso dentro do corpo humano. Assim, beber água apenas mantém o paciente hidratado. A ingestão não impede, portanto, que a infecção ocorra.

Regina Pereira, diretora científica do Departamento de Nutrição da Socesp (Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo), complementa: "Ora, sabemos que a contaminação começa na boca e no nariz. Caso fosse possível levar o vírus até o estômago com a água, onde estariam aqueles que penetram pelas narinas? E mais, sabe-se que os pulmões são a estrutura orgânica com maior número de receptores moleculares para a glicoproteína do coronavírus. Desta forma, mesmo que os vírus presente na boca fossem teoricamente eliminados pelo contato com o suco gástrico no estômago, os que entram pelas vias respiratórias não teriam o mesmo desfecho".