Topo

Pergunte ao VivaBem

Os melhores especialistas tiram suas dúvidas de saúde


Minha mãe morreu, não saio de casa e sonho sempre com ela; o que fazer?

Daniel Navas

Colaboração para o VivaBem

02/02/2021 04h00

Resumo da notícia

  • Busque ajuda de um profissional, faça uma lista de perguntas e perceba se você se sente confortável com o especialista
  • Também vale escrever uma carta de despedida e desabafar com alguém de confiança
  • Não hesite em colocar o que está sentindo para fora, seja por meio do choro, da raiva ou até mesmo com um grito

O primeiro passo é buscar a ajuda de um profissional. Em paralelo, uma ótima dica é escrever uma carta de despedida. Coloque para fora todos os sentimentos e emoções. Além disso, é importante se preparar para a consulta com o psicólogo/psiquiatra. Então, faça uma lista de perguntas —outras podem surgir no momento do encontro, claro — e procure perceber como se sente com o profissional, se é acolhida. Não tenha receio se ele receitar um medicamento, afinal de contas, o médico é treinado para isso e há de ser por pouco tempo. Pode ser recomendada uma terapia de apoio, que também é valiosa, pois o profissional será capaz de ouvir e acolher seus sentimentos.

Outros pontos importantes durante este processo de luto é o desabafo. Converse com alguém que você gosta e confia. Preserve com carinho as memórias boas. Deixe os sentimentos fluírem, o choro sair, a raiva e o grito. Existem grupos de autoajuda que também contribuem bastante para que, aos poucos, a morte seja superada.

Lembre-se que no luto existem diversas fases, mas pode ser que você não passe por todas as etapas. Esse processo é bastante individual. Mas, basicamente, o luto começa pelo choque (surpresa pelo inesperado), depois vem a negação (impossibilidade em aceitar a morte), em seguida, a raiva (sentimento de injustiça, abandono e fúria por este desamparo e pela impotência na vida), a depressão (dor pela perda), a barganha (negocia com promessas, muitas vezes com Deus, o retorno do ente que faleceu) e, por último, a aceitação (conforma-se com o ocorrido e entende que a morte é o curso natural da vida).

Com relação aos sonhos, a expectativa de reencontrar o ente querido é uma característica comum no processo de luto. O desejo de rever a pessoa amada pode acontecer exatamente por meio do sonho, que, segundo a teoria freudiana, é uma realização de um desejo. Por isso, é importante que você busque identificar quais sentimentos que esses pensamentos geram, como alegria, tristeza, angústia, desespero e saudade, e comentar com seu terapeuta a respeito. A identificação dessas sensações pode auxiliar a constituir um significado e um sentido para os sonhos.

Entenda que cada pessoa tem o seu processo de entendimento do luto. É natural se lembrar de situações, ter uma sensação de nostalgia. Mas carregar o pensamento negativo para sempre fará com que você viva a morte pelo resto da vida. Por isso, preste atenção nos próprios sinais e o que está afetando a sua vida e não deixe de estar sempre em contato com um profissional gabaritado.

Fontes: Luciana Tiemi Kurogi, psicóloga, mestre e doutoranda em psicologia pela UFPR (Universidade Federal do Paraná); Luiz Scocca, psiquiatra pelo HCFMUSP (Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo); Tania Alves, coordenadora do Ambulatório de Luto do IPq (Instituto de Psiquiatria) do HCFMUSP; Yuri Busin, psicólogo e diretor do Casme (Centro de Atenção à Saúde Mental - Equilíbrio).

Quais são suas principais dúvidas sobre saúde do corpo e da mente? Mande um email para pergunteaovivabem@uol.com.br. Toda semana, os melhores especialistas respondem aqui no VivaBem.