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Cuidar da mente para uma vida mais harmônica


Estudo: é preciso mais inteligência para discordar do que para concordar

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Imagem: iStock

De VivaBem, em São Paulo

16/01/2021 11h40

Um pequeno estudo feito por pesquisadores da Universidade de Yale (EUA) e da University College London (Reino Unido) sugere que discordar de alguém cria uma desarmonia cognitiva no cérebro e exige mais inteligência. A pesquisa foi publicada no periódico Frontiers in Human Neuroscience no dia 13 de janeiro.

Os pesquisadores desenvolveram uma maneira de examinar os cérebros de duas pessoas ao mesmo tempo enquanto elas discutiam. O que eles descobriram não surpreenderá ninguém que esteja discutindo política ou questões sociais.

Quando duas pessoas concordam, seus cérebros exibem uma sincronicidade calma de atividade focada em áreas sensoriais do cérebro. Quando a dupla discorda, no entanto, muitas outras regiões do cérebro envolvidas em funções cognitivas superiores mobilizam-se conforme cada indivíduo combate o argumento do outro.

"Nosso cérebro inteiro é uma rede de processamento social", disse Joy Hirsch, autora sênior da pesquisa e professora de psiquiatria, medicina comparativa e neurociência. "No entanto, é preciso muito mais inteligência para discordar do que para concordar."

Para o estudo, os pesquisadores recrutaram 38 adultos para os quais foi solicitado que dissessem se concordavam ou discordavam de uma série de afirmações como "o casamento homossexual é um direito civil" ou "a maconha deve ser legalizada".

Depois de combinar pares com base em suas respostas, os pesquisadores usaram uma tecnologia de imagem chamada espectroscopia funcional em infravermelho próximo para registrar a atividade cerebral enquanto eles discutiam.

Quando as pessoas estavam de acordo, a atividade cerebral era harmoniosa e tendia a se concentrar em áreas sensoriais do cérebro, como o sistema visual, provavelmente em resposta a estímulos sociais do interlocutor.

No entanto, durante as disputas, essas áreas do cérebro eram menos ativas. Enquanto isso, a atividade aumentava nos lobos frontais do cérebro, área das funções executivas de ordem superior.

"Há uma sincronicidade entre os cérebros quando concordamos, mas quando discordamos, o acoplamento neural se desconecta", explica Hirsch.

Para os pesquisadores, entender como nossos cérebros funcionam enquanto discordamos ou concordamos é particularmente importante em um ambiente político polarizado, como o vigente hoje tanto nos EUA quanto no Brasil.

Ao discordar, os cérebros envolvem muitos recursos emocionais e cognitivos "como uma orquestra sinfônica tocando músicas diferentes". Ao concordar, "há menos envolvimento cognitivo e mais interação social entre os cérebros dos locutores, semelhante a um dueto musical".