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Equilíbrio

Cuidar da mente para uma vida mais harmônica


Cansado o tempo todo? Mudanças no estilo de vida e na alimentação ajudam

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Imagem: iStock

Simone Cunha

Colaboração para o VivaBem

12/12/2020 04h00

Resumo da notícia

  • Tempo e sono se tornaram raros diante de uma demanda cada vez mais acelerada
  • O cansaço pode surgir a partir de inúmeras causas, que nem sempre estão relacionadas a uma questão médica
  • Mudanças no estilo de vida podem ajudar a solucionar o problema
  • Rever a alimentação é uma decisão importante para ganhar mais disposição

Correria, fadiga, esgotamento, indisposição, um cansaço sem fim. Esses têm sido sintomas frequentes no dia a dia de muitas pessoas, como se o tempo de descanso não fosse suficiente para recarregar as energias. De repente, tempo e sono se tornaram raros diante de uma demanda cada vez mais acelerada. Parece que não podemos parar um segundo e, mesmo quando estamos descansando, continuamos conectados.

Para conseguir identificar o que está causando tanto cansaço, é importante antes iniciar uma investigação, como um check-up. "Devemos descartar problemas clínicos como hipotireoidismo, hipoglicemia, anemia, desnutrição e síndrome da fadiga crônica", diz o médico nutrólogo Edson Credidio, pós-doutor em ciências de alimentos pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).

No entanto, é importante ressaltar que o cansaço é uma experiência comum ao ser humano, podendo surgir a partir de inúmeras causas que nem sempre estão relacionadas a uma questão médica.

"Nos dias de hoje é muito comum as pessoas reclamarem de que estão muito cansadas, mas nem sempre é fácil resolver isso. O diagnóstico pode ser complexo, envolvendo uma alteração no estilo de vida", comenta a psicóloga Graça Maria Ramos de Oliveira, supervisora do Serviço de Psicologia e Neuropsicologia do IPq-HCFMUSP (Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo).

Segundo Oliveira, algumas pessoas levam um estilo de vida que direciona para um cansaço mais extremado, como dormir de forma inadequada, realizar atividade física de forma excessiva ou apostar em uma alimentação irregular. "Mas as causas do cansaço podem vir de problemas de ordem psicológica como estresse, ansiedade e sintomas de depressão", reforça.

Mudando o estilo de vida

Um estudo feito com médicos alemães mostrou que quase 50% deles relatavam sentir cansaço o dia inteiro e que apenas pensar em trabalho já motivava uma sensação de esgotamento. "Não há dúvida de que a exaustão ocupacional é uma preocupação recorrente", avalia Credidio.

Portanto, se o diagnóstico não revelar nenhuma causa clínica, a mudança no estilo de vida deve ajudar a solucionar o problema. Para isso, Oliveira enumera ações importantes a serem adotadas para melhorar a disposição:

  • Melhorar os hábitos de sono;
  • Exercitar-se regularmente de forma equilibrada;
  • Diminuir ou cortar a cafeína e beber muita água;
  • Investir em uma a alimentação saudável;
  • Estruturar a rotina de trabalho, deixando espaços para descanso, atividades físicas ou simplesmente se dedicar ao ócio;
  • Praticar atividades de meditação ou ioga (por envolver trabalho com respiração);
  • Caso as questões emocionais ou o estresse não estejam sendo administrados de forma adequada, deve-se considerar auxílio psicoterapêutico.

De olho no prato

O organismo necessita de 135 nutrientes diariamente, mas se isso não for feito, uma hora o corpo irá reclamar. Por isso, algumas dietas podem ser um veneno para a disposição. "O cansaço aparece como mecanismo compensatório, pois os hormônios do estresse fazem com que o organismo bloqueie a ingestão de glicose, o que protege o cérebro de um grau alto de excitação, mas torna mais difícil a permanência de energia para cumprir as tarefas", explica Credidio.

Ou seja, a falta de proteínas, carboidratos, lipídeos, minerais, vitaminas, compostos bioativos, aminoácidos, ácidos graxos podem afetar a nossa disposição. E para checar se isso está em desequilíbrio, exames bioquímicos laboratoriais são suficientes. Além disso, o consumo de alimentos altamente processados, rico em gorduras trans, açúcar refinado ou sal branco também podem desencadear essa fadiga.

"Um estudo da Universidade de Warwick e da Universidade Humboldt de Berlim identificou que as pessoas que consumiam açúcar se sentiam mais cansadas e menos alertas do que as que não consumiam", informa Matheus Galhardo, pós-graduado em nutrologia funcional pela Associação Brasileira de Nutrologia. Por isso, rever a alimentação é uma decisão importante para ganhar pique e evitar o cansaço.

A dica dos especialistas é: comer de tudo um pouco e apostar em um prato colorido e variado. "Não é um determinado alimento que vai curar esse cansaço, mas todos em harmonia", diz Credidio.

Xô, sedentarismo

Essa conectividade permanente causa exaustão e nos afasta de hábitos benéficos, como realizar atividade física, por exemplo. E o fato de não se mexer é sentido nas atividades simples cotidianas. "Todas as atividades geradas ao longo do dia geram sobrecarga física e mental. Quem não se exercita não tem condicionamento adequado para suportar essas exigências", explica Adriano Detoni, professor de educação física da Escola de Ciências da Saúde e da Vida da PUCRS (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul).

Para ele, é fundamental abrir mão das desculpas para não se exercitar e entender que pequenas alterações na rotina já podem fazer alguma diferença. Nessa lista entram usar mais as escadas em vez de elevadores, usar a bicicleta como meio de transporte ou ir ao mercado caminhando. "Trocar as redes sociais por outras atividades também vai gerar mais dinamismo", acrescenta. E a atividade física vai melhorar o sono, pedir uma alimentação mais equilibrada e, consequentemente, garantir mais ânimo.

Também é importante evitar excessos, ou seja, exercitar-se demais. Dependendo da quantidade e intensidade, o corpo pode exigir um descanso maior e, se for aliado a um desgaste mental, a recuperação pode ser bastante necessária. Para o docente, o equilíbrio sempre é o mais saudável para respeitar os limites do organismo, sem um esforço exagerado.