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Chás para desinchar: teoria faz sentido, mas na prática nada é milagroso

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Thais Szego

Colaboração para o VivaBem

23/11/2020 04h00

Resumo da notícia

  • Muitas plantas podem de fato ajudar a desinchar, pois têm ação diurética
  • Alguns fitoquímicos contam com propriedade anti-inflamatória, o que também ajuda nesse caso
  • Mas a concentração dessas substâncias nas infusões não é muito grande e, por isso, não é possível esperar resultados muito intensos
  • Além disso, o seu consumo em excesso pode desencadear problemas

De uns tempos para cá, esse tipo de produto virou figurinha carimbada nas redes sociais de blogueiras, lojas de produtos naturais e até mesmo nos supermercados. E a promessa é tentadora: basta tomar a mistura de ervas para ficar com a silhueta mais fina. De acordo com especialistas, é preciso cautela antes de acreditar cegamente nas promessas da bebida.

"Muitas plantas podem de fato ajudar a desinchar, pois têm ação diurética", afirma a nutricionista e fitoterapeuta Vanderli Marchiori, fundadora da Associação Paulista de Fitoterapia. "Alguns fitoquímicos contam com propriedade anti-inflamatória, o que também ajuda nesse caso, já que normalmente o acúmulo de líquidos está relacionado a um estado inflamatório em alguma parte do corpo", acrescenta a nutricionista Lícia D´Ávila, que fez curso de iniciação em fitoterapia na USP (Universidade de São Paulo).

Entretanto, a concentração dessas substâncias nas infusões não é muito grande e, por isso, não é possível esperar resultados muito intensos, principalmente se pessoa tiver quadros que levem a um inchaço mais acentuado, alterações hormonais ou no funcionamento dos rins, por exemplo.

Sem falar que o consumo desses chás em excesso pode desencadear problemas. "A produção de urina em grande quantidade pode provocar desidratação e perda de eletrólitos no organismo, como potássio e sódio, acarretando em alterações na contração muscular, tontura, sensação de fraqueza e até desmaio", alerta a nutricionista Clarissa Hiwatashi Fujiwara, membro do Departamento de Nutrição da Abeso (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica) e coordenadora de nutrição da Liga de Obesidade Infantil do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.

Além disso, quem tem tendência à pressão baixa deve ter um cuidado redobrado, pois a bebida pode causar a piora do quadro. "O mesmo vale para quem tem histórico de problemas cardíacos ou renais, pois a cafeína em abundância presente em alguns chás, como o verde e o mate, não é indicado nesses casos", acrescenta D´Ávila. De acordo com Marchiori, o ideal é tomar no mínimo 300 mililitros e no máximo 1 litro por dia.

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Como existem diferentes chás que prometem desinchar no mercado, é importante conferir os ingredientes antes de se dirigir ao caixa. "O efeito diurético do hibisco, do verde e do dente-de-leão já foi comprovado em estudos científicos", afirma Fujiwara. Também existem evidências sobre a ação da salsa, cavalinha, cabelo de milho, carqueja, castanha-da-índia, malva, alecrim, Camellia Sinensis (que, além do verde, dá origem ao branco e o preto), sálvia, tomilho, camomila e hortelã-pimenta. De qualquer forma, na dúvida sobre a eficiência de determinado produto ou riscos que ele pode oferecer no seu caso, converse com um médico ou nutricionista antes de comprar a sua caixinha.

Alguns cuidados no dia a dia também são importantes para ajudar a combater o inchaço. Evitar o sedentarismo é um dos principais. A alimentação também precisa de atenção. Tomar muita água é fundamental, assim como evitar bebidas alcoólicas e excesso de sódio, presente no sal puro e em alimentos como as carnes processadas, os embutidos e os alimentos processados. Sessões de drenagem linfática também são bem-vindas.