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Posso estar desnutrido mesmo estando acima do peso?

Lucas Vasconcellos

Colaboração para o VivaBem

09/06/2020 04h00

Resumo da notícia

  • Desnutrição não tem relação direta com o peso na balança
  • Excesso de alimentos industrializados pode levar ao quadro
  • Queda de cabelo e unhas fracas podem indicar ausência de nutrientes no corpo

Quando você se depara com a palavra desnutrição, que imagem vem a sua cabeça? É provável que de imediato seja a de uma pessoa excessivamente magra, com ossos sobressaltados. Ao contrário do imaginário coletivo, pessoas que aparentemente estão com o peso equilibrado ou sobrepeso e obesas também podem estar desnutridas.

O termo desnutrição pode englobar a deficiência de macronutrientes (proteínas, gorduras e carboidratos —mas proteínas mais comumente) e/ou a carência de micronutrientes (vitaminas e minerais). Logo, o que você opta por comer é o que ditará o funcionamento do seu organismo. O corpo é como um carro e a alimentação é o combustível: você pode colocar um combustível adulterado, que vai fazer com que ele ande, mas em algum ponto terá problemas. O mesmo serve para nós ao fazermos nossas escolhas alimentares.

Ou seja, pessoas que ingerem um excesso de alimentos ricos em gordura, açúcar e sódio (fast food, refrigerantes, bolachas, salgadinhos e afins) e não costumam consumir frutas e verduras tendem a apresentar déficit nutricional com o passar do tempo. Isso porque esses produtos são relativamente baratos, altamente calóricos, mas, no final, sem valor nutricional.

Como perceber a desnutrição se não há baixo peso?

A cena da magreza excessiva e ossos aparentes ainda é uma realidade em diversos locais, é verdade. Mas no Brasil diminuiu muito ao longo das últimas décadas. Hoje, 55,7% da população brasileira tem excesso de peso, apontou a pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), do Ministério da Saúde, de 2018.

Então, como perceber um possível quadro de desnutrição? Queda de cabelo, mudança na coloração das mucosas, unhas quebradiças, fadiga ao realizar atividades básicas do dia a dia, desequilíbrio intestinal e problemas metabólicos, entre outros sintomas, podem indicar que algum ou alguns nutrientes estão em falta no corpo. O ideal é buscar um especialista na área para que ele avalie o que está acontecendo - o diagnóstico acontece por meio de anamnese (tipo uma entrevista com o profissional de saúde) e exames de sangue.

Para reverter o quadro, é possível usar suplementação, mas não é sempre necessário. Readequação alimentar, com equilíbrio, já resolve o problema. A fórmula é básica: distribuição de bons carboidratos, gordura e proteína. E dentro desse universo, variedades de frutas, legumes, verduras, grãos e carnes.

Fontes: Clarissa Hiwatashi Fujiwara, nutricionista, coordenadora de Nutrição da Liga Acadêmica de Obesidade Infantil do Ambulatório de Endocrinologia do HC-FMUSP (Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo); Keli Pittner, nutricionista clínica e esportiva do Núcleo de Fisiologia do Exercício da Cia Athletica - Unidade MorumbiShopping; Mario Kedhi Carra, endocrinologista e presidente da Abesp (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica).

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