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Por que algumas frutas e vegetais prendem e outros soltam o intestino?

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Imagem: iStock

Jhennifer Moisés

Colaboração para o VivaBem

17/03/2020 04h00

Entre as principais fontes de fibras, estão as frutas, ao lado de verduras e legumes. Mas por que alguns desses alimentos podem deixar o trato intestinal fluir melhor ou prender? "O funcionamento intestinal depende da dieta, da genética, de medicamento, de hormônio, do sono, entre outros fatores, como hidratação e exercício. Alimentação é uma parte importante do funcionamento intestinal, mas nem sempre é a mais importante", pontua a nutricionista Erika Fernanda, do Hospital 9 de Julho.

Ou seja, o corpo é como uma orquestra: nada funciona bem só. De fato, há uma conjunção de elementos para que esses nutrientes ajam de uma forma ou de outra no organismo, mas não custa nada dar uma ajuda com a alimentação. Na lista de quem auxilia a flora intestinal estão: mamão, ameixa, abóbora, melancia, laranja e manga. Já do lado que atrasa o tráfego, o time é formado por banana, maçã, caju, goiaba e maracujá.

O que muda entre esses dois grupos é o tipo de fibra presente. Existem dois: a solúvel, com capacidade de absorver água como se fosse um gel, que pode ser encontrada na maçã e na goiaba. Justamente por ter essa característica, ela acaba prendendo o intestino se você não ingere água o suficiente. Por outro lado, há as insolúveis, que atuam de maneira oposta e, por isso, ajudam no trânsito intestinal. A laranja, a manga e o mamão são representantes desse último grupo.

Outra questão que influencia na velocidade do intestino é que sua microbiota, o conjunto de microorganismos que vivem lá, não reage sempre da mesma forma ao mesmo alimento, o que também explica o motivo que leva aos diferentes comportamentos quando duas pessoas comem o mesmo ingrediente. "As bifidobacterias, bactérias presentes no trato digestório de maneira comensal, são nutridas pelas fibras e sua quantidade faz com que o ritmo do intestino possa variar de indivíduo para indivíduo", ressalta Henrique Perobelli, gastroenterologista da rede de Hospitais São Camilo, de São Paulo.

Consumo na medida certa

O consumo correto de fibras traz inúmeros benefícios. Elas ajudam no equilíbrio da microbiota intestinal, diminuem a absorção excessiva de glicose e colesterol da dieta. "Também promovem aumento da cinética intestinal pelo fato de não serem absorvidas e evitam que as protoncogenes entrem em contato com a mucosa intestinal e promovam inflamação", elenca Perobelli. Ele também frisa como a dieta rica em fibras é comprovadamente envolvida na redução do risco de diverticulites e câncer colorretal.

Normalmente, pessoas que consomem poucas fibras têm uma dieta que costuma ser mais monótona, rica em alimentos ultraprocessados, o que está ligado ao sobrepeso e problemas metabólicos, como indica a nutricionista Débora Dalle Molle, nutricionista da BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo.

Como essa é a dieta que muita gente segue, às vezes fica difícil bater a meta de 30 g ao dia, que é recomendação diária de fibras para adultos. No entanto, exagerar nesse consumo também pode ser ruim: "O excesso de fibras pode causar diarreia e desidratação, seguida de desnutrição proteico-calórica em longo prazo", destaca Perobelli. Por isso, o ideal é consumir uma alimentação rica em frutas, legumes e verduras e consumir bastante água, sempre verificando como anda o funcionamento do seu intestino.

Errata: este conteúdo foi atualizado
Diferentemente do informado, protooncogenes não são proteínas não naturais. O texto foi corrigido