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Onde e quando o risco de pegar covid-19 é mais alto?

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Carla Bleiker

18/11/2021 18h31

Uma infecção pelo coronavírus é mais provável em espaços fechados, o que não significa que a cautela pode ser deixada de lado ao ar livre. E há diferentes fatores que influenciam o nível de risco em áreas internas. Há algumas regras para combater a covid-19 que a maioria já deve ter aprendido a esta altura, como lavar as mãos e manter distância de outras pessoas sempre que possível.

Depois há a dicotomia "espaço interno: mau, espaço aberto: bom" quando se trata do risco de pegar o coronavírus dos que nos rodeiam. Mas, na realidade, não é tão simples.

Risco de infecção depende de vários fatores

Uma via de transmissão importante é a propagação de partículas de coronavírus por meio de aerossóis e gotículas, pequenas partículas transportadas pelo ar que uma pessoa infectada emite ao respirar, conversar ou tossir.

Primeiro, o mais relevante. O risco de transmissão do vírus é de fato maior em ambientes fechados. Um estudo japonês feito em 2020 que examinou 110 casos de covid-19 e suas vias de transmissão constatou que "a probabilidade de um caso primário transmitir covid-19 em um ambiente fechado era 18,7 vezes maior em comparação com um ambiente ao ar livre".

Mas há diferentes fatores que podem afetar como o vírus se espalha em ambientes fechados. O Instituto Max Planck de Química tem uma calculadora que permite definir vários parâmetros para determinar o nível de risco de contrair covid-19 se uma pessoa estiver infectada.

Entre os fatores que influenciam isso, estão o volume da voz da pessoa infectada que está falando, o quanto ela participa da conversa e o quão bem a sala está arejada. Os cálculos são baseados em um estudo sobre transmissão por meio de aerossol e risco de infecção publicado no International Journal of Environmental Research and Public Health (Jornal Internacional de Pesquisa Ambiental e Saúde Pública).

Pessoas cantando em karaokê; jovens - iStock - iStock
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Cantar é arriscado

Um dos cenários com a maior taxa de infecção é o de um coral ensaiando. Isso porque quanto mais alto uma pessoa infectada vocaliza, maior é a concentração de gotículas que ela produz, de acordo com o estudo no qual o Instituto Max Planck baseia sua calculadora.

Cantar alto também expulsa gotículas a uma distância maior do que apenas respirar ou falar com um volume menor. Como dizem os autores do estudo, "cantar é uma fonte de aerossol particularmente intensa".

Salas de aula

Evitar esse risco não deve ser muito difícil. Mas e no caso de uma sala de aula? Muitos países querem evitar um novo ciclo de fechamento de escolas, mas para tornar isso possível e ainda manter o risco de infecção baixo, há vários fatores a serem considerados.

Com um indivíduo infectado num ambiente fechado, é mais provável que as pessoas adoeçam em uma sala de aula cheia de crianças do que em um escritório cheio de adultos. O motivo: o número de pessoas totalmente vacinadas é menor entre as crianças.

Outros fatores de risco incluem ventilação deficiente - no Hemisfério Norte, abrir as janelas a cada hora por tempo suficiente para garantir a circulação de ar fresco pode não ser uma opção com as temperaturas externas caindo a níveis desconfortáveis. E muitas escolas não possuem sistemas de filtragem de ar.

Máscaras eficazes

Seja em sala de aula, escritório ou qualquer outro ambiente interno, há uma medida que reduz significativamente o risco de pegar o coronavírus: usar máscaras. Uma máscara PFF2 (equivalente a outros padrões internacionais conhecidos como N95, KN95 e máscaras P2) pode reduzir o risco de infecção em 20 vezes, e as máscaras PFF3 mais avançadas podem reduzir o risco em 100 vezes para quem as usa, disse à DW Ulrich Pöschl, diretor do Departamento de Química Multifásica do Instituto Max Planck de Química na cidade alemã de Mainz.

Segundo estudos, as máscaras PFF2 e N95 conseguem filtrar de maneira eficaz as partículas do coronavirus - Getty Images - Getty Images
Máscaras PFF2 e N95 conseguem filtrar de maneira eficaz as partículas do coronavirus
Imagem: Getty Images

"Em ambientes internos, eu recomendaria máscaras sempre que as pessoas se misturam com [outras] que não são da sua casa", disse Pöschl. "Acho que as máscaras devem ser usadas por todos."

Isso não torna as outras medidas desnecessárias, é claro. Manter distância, tentar assegurar um alto nível de ventilação e não cantar continuam importantes para manter o risco de infecção baixo, mesmo quando todos estão usando máscaras.

Ambientes externos não são livres de risco

Afinal, quão alto é o risco de infecção em ambientes externos? Mais baixo do que quando se está em um ambiente fechado, é claro. Mas isso não significa que você deva deixar toda a cautela de lado.

"Também em ambientes externos é útil usar máscaras quando se está perto de outras pessoas", afirmou Pöschl. "De 1 a 2 metros [de distância], você também tem risco de se infectar por gotículas. Essas gotículas maiores que todos nós exalamos podem atingir outras pessoas também em ambientes externos. E apenas uma dessas gotículas, de aproximadamente um milímetro de tamanho, pode provocar uma infecção com uma probabilidade muito alta se vier de uma pessoa infectada."

O uso de máscaras, portanto, não diminui apenas o risco de pegar o coronavírus em ambientes fechados. Como disse Pöschl: "É apenas mais importante ainda usar uma máscara em ambientes fechados."