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Larissa Cassiano

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Entenda o que é falência ovariana e o que ela pode causar

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Imagem: iStock

Colunista de VivaBem

19/04/2023 04h00

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Calorões, mudança no sono, no humor, libido e irregularidade menstrual estão muito associadas ao climatério, conhecido por muitos como menopausa.

Mas e quando isso acontece antes da hora?

A palavra "menopausa" diz respeito à data da última menstruação, ou seja, só é possível falar dela um ano após ela ter acontecido. Por esse motivo, quando alterações começam a ocorrer antes do esperado, preferimos não falar em menopausa precoce, e, sim, falar em falência ovariana precoce, falência ovariana prematura ou insuficiência ovariana prematura. Essa definição é dada quando a produção hormonal, incluindo a liberação dos óvulos, muda antes dos 40 anos.

A suspeita deve ocorrer quando em mulheres com menos de 40 anos ou que nunca menstruaram observarmos:

  • Ciclos menstruais irregulares por pelo menos 4 meses;
  • Ausência da menstruação;
  • Dificuldade para engravidar.

O diagnóstico é feito através de duas dosagens do hormônio FSH com intervalo entre as coletas de pelo menos 4 semanas, e valor superior a >25 mUI/mL.

Mesmo com esses valores, a falência ovariana prematura não pode ser considerada definitiva em todas as pacientes, pois mesmo nesse cenário a concepção espontânea pode ocorrer em até 5% a 10% das pessoas.

As causas na maioria das vezes são aleatórias, com apenas 5% apresentando história familiar positiva, e temos como possibilidades as alterações genéticas, doenças autoimunes, alterações tóxicas e iatrogênicas que incluem uso de medicamentos e até mesmo cirurgias.

Entre as patologias temos algumas possíveis: hipoparatircoidismo, diabetes mellitus, hipofisite, púrpura trombocitopênica idiopática, vitiligo, alopecia, anemia perniciosa, lúpus eritematoso sistêmico, síndrome de Sjogren, hepatite crônica ativa, doença de Crohn e artrite reumatoide.

O tratamento é baseado nos sintomas e queixas de cada paciente, na maioria das vezes a recomendação é de reposição de hormônios com estrogênio e progesterona, sempre ponderando as contraindicações e desejos da paciente.

O objetivo é acolher, até porque estar nessa situação pode causar diversas questões emocionais, avaliar se existe desejo de uma gestação e como ela pode ser viabilizada, redução de riscos associados às questões cardiovasculares e a osteoporose que podem estar associadas a essa queda hormonal precoce.

Em nenhum cenário a queda hormonal deve ser vista como uma impossibilidade de opções, pois hoje muito se evoluiu e, mesmo após esse período, até mesmo a gestação que era considerada impossível já pode ser viabilizada com uso de óvulos de outra mulher.

Gostou deste texto? Dúvidas, comentários, críticas e sugestões podem ser enviadas para: dralarissacassiano@uol.com.br e veja mais no meu Instagram @dralarissacassiano.

Referências:

FEBRASGO POSITION STATEMENT- Insuficiência Ovariana Prematura: foco no tratamento hormonal. Número 2 - Agosto 2020

Amenorréia Protocolos FEBRASGO Ginecologia nº38-2018