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Dieta alcalina

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Imagem: iStock / Arte UOL

Além de nutrir o nosso corpo, os alimentos deixam para trás alguns resíduos após a digestão. Baseado nesta teoria, a dieta alcalina restringe os alimentos ácidos, que em geral são mais pesados, são mais difíceis de digerir e, por isso, atrapalham o processo de emagrecimento.

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No entanto, não há embasamento científico. "O corpo é perfeitamente capaz de manter o equilíbrio ácido-básico necessário para seu bom funcionamento. A dieta não tem interferência direta nesse controle", considera a nutricionista Mariana Del Bosco, jurada do Ranking das Dietas do VivaBem.

No entanto, como a dieta não traz nenhum alimento maléfico, ela ficou em 16º entre os 26 alimentos avaliados no Ranking das Dietas 2020. Saiba mais sobre ela:

O que é a dieta alcalina

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Segundo a nutricionista Elisa Yumi, especialista em Atendimento Ambulatorial pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), a dieta alcalina é baseada na escolha dos alimentos a partir do pH, conceito químico que quantifica a acidez das substâncias e as classifica em ácidas (pH menor do que 7), neutras (pH igual a 7) ou alcalinas (pH maios do que 7). "Nesse sentido, a dieta alcalina propõe que a inclusão de alimentos alcalinos neutralizaria a acidez do organismo, reduzindo inflamação e prevenindo doenças", aponta.

O que a alimentação alcalina propõe é aumentar a ingestão de frutas, verduras e legumes. Como consequência, a dieta alcalina aumenta o aporte de magnésio e potássio, e resulta em pH da urina mais alcalino. "Porém, a dieta não se sustenta cientificamente até o momento enquanto seu papel de ação no pH do corpo, já que a urina é apenas um produto de um metabolismo muito bem regulado", destaca a nutricionista.

Essa dieta é segura?

"Como a proposta da dieta alcalina é evitar o consumo de produtos industrializados, gordurosos, com farinha branca e ingerir mais alimentos alcalinos, de base vegetal, legumes de forma geral, ela não oferece risco", aponta Fadlo Fraige Filho, presidente da ANAD (Associação Nacional de Atenção ao Diabetes) e endocrinologista da BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo.

Embora a dieta alcalina não esteja totalmente elucidada pela comunidade científica, o aumento do consumo de alimentos in natura ricos em fibras, vitaminas e minerais (os mais "alcalinos") e a redução de produtos processados ricos em sódio, gorduras e carboidratos refinados (os mais "ácidos") são benéficos à saúde. "E isso é independente da teoria da dieta alcalina, como preconizado no Guia Alimentar para a População Brasileira, publicação do Ministério da Saúde", relembra a nutricionista.

Alimentos permitidos na dieta alcalina

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Para quem pretende apostar na dieta alcalina, a recomendação é caprichar nas compras na feira livre. Os ingredientes naturais, como frutas, legumes e verduras são a base de um plano alimentar que leva em conta o pH dos alimentos.

Segundo o endocrinologista, vale apostar principalmente no feijão branco, alface, brócolis, cebola, tomate, beterraba, rabanete, soja, couve, abacate e lentilha. "É importante lembrar que na dieta alcalina você deve reduzir o consumo de café, doces, bebidas alcóolicas, condimentos do tipo mostarda, ketchup e vinagre. Todos os industrializados que imitam um sabor ácido devem ser eliminados", complementa.

A nutricionista, por sua vez, aponta que há controvérsias em relação a classificação dos alimentos. "Frutas e vegetais aparecem como alimentos mais alcalinizantes, já fontes de proteínas de origem animal (carne vermelha, peixe, aves, ovos e queijos) como mais acidificantes. Contudo, dentre os próprios defensores menos científicos da dieta há divergências sobre a classificação dos alimentos, uma vez que muitos não possuem nenhum indicador e classificam os alimentos empiricamente", diz. O que vale é sempre priorizar o time dos mais saudáveis, como toda boa dieta.

Dieta alcalina realmente emagrece?

Se a dieta alcalina vai ajudar a perder peso ou não, isso depende do valor calórico ingerido. "Eu diria que é mais uma dieta detox, como chamam atualmente, com um foco em desintoxicação, porque evita o consumo de industrializados e de toda a gama de ingredientes e aditivos nocivos, utilizados para a conservação desses alimentos, dentre eles a própria gordura trans, muito presente em salgadinhos, biscoitos, margarina, etc.", ressalta o endocrinologista.

A nutricionista destaca que cada parte do corpo tem um pH de acordo com a sua função e há um controle fino desse sistema para que não ocorram grandes variações no organismo. "Por exemplo, o estômago precisa estar ácido para digerir adequadamente. O pH do sangue arterial, que varia entre 7,35 e 7,45, é regulado pelas funções renais e respiratórias", aponta.

Portanto, não seria necessário corrigir o pH do corpo pela alimentação, uma vez que quando ele se altera, o metabolismo dispõe de mecanismos de correção. "No caso de falha nesse equilíbrio são necessárias intervenções de profissionais da saúde. Contudo, os defensores da dieta alegam que pequenas reduções, mesmo dentro da faixa de normalidade de pH, mas mantidas por longos períodos, já poderiam trazer malefícios à saúde; e que nesses casos crônicos a dieta alcalina seria sim, importante", complementa a especialista.

Vale ou não fazer?

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Pessoa medindo pH de alimento
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Com o aumento das pesquisas quanto aos possíveis benefícios da dieta alcalina no manejo de doenças, como osteoporose, doença renal crônica, diabetes e câncer, esse plano alimentar ganhou espaço e foi associado ao emagrecimento.

Mas a nutricionista faz um alerta. "A curto prazo qualquer dieta restritiva emagrece ao promover déficit calórico, porém não se mantém a longo prazo e quase todas as pessoas ganham peso novamente, resultando no famoso efeito sanfona". Isso acontece porque a restrição excessiva (e desnecessária) aumenta o apetite e pode reduzir o metabolismo, além de causar obsessão por comida. Ficar pensando o tempo todo no que comer pode resultar em descontrole e uso da comida como recompensa emocional.

Logo, incluir mais frutas e verduras na alimentação é sempre uma medida positiva, mas apostar todas as suas fichas em um plano alimentar restritivo exige cautela e acompanhamento médico.

Cardápio da dieta alcalina

Dia 1

Café da manhã

  • 1 copo pequeno (150 ml) de suco de laranja-lima batido com couve
  • 1 tapioca feita com 2 colheres (sopa) de farinha de tapioca
  • 1 fatia média de tofu picada temperada com ervas desidratadas (salsinha, manjericão e orégano)

Lanche da manhã

  • 1 punhado de sementes de abóbora sem sal

Almoço

  • 1 prato (sobremesa) de mix de folhas verdes (alface, agrião e escarola)
  • 1 colher (sobremesa) de beterraba ralada
  • ½ batata-doce cozida
  • 1 filé médio de peixe assado com suco de limão e gergelim
  • 1 pires de ervilhas frescas cozidas no vapor

Lanche da tarde 1

  • 1 fatia média de abacaxi polvilhada com canela em pó

Lanche da tarde 2

  • 1 copo pequeno (150 ml) de limonada batida com hortelã

Jantar

  • 1 prato (sopa) de legumes batidos (brócolis, couve-flor, cenoura, inhame e cebola), temperados com sal marinho e 1 colher (sopa) de azeite de oliva
  • 1 omelete de 2 ovos batidos com salsinha e cebolinha

Dia 2

Café da manhã

  • 1 taça de frutas picadas polvilhada com 1 colher (sopa) de quinoa em flocos
  • 1 xícara de chá-branco
  • 1 ovo mexido com sementes de chia

Lanche da manhã

  • 6 amêndoas sem sal

Almoço

  • 1 prato (sobremesa) de couve picada
  • 3 colheres (sopa) de arroz integral
  • 2 colheres (sopa) de lentilha cozida
  • 1 filé médio de frango grelhado
  • 1 pires de abobrinha no vapor

Lanche da tarde 1

  • 1 tangerina

Lanche da tarde 2

  • 1 copo pequeno (150 ml) de suco de abacaxi com capim-cidreira

Jantar

  • 1 prato (sobremesa) de rúcula e alface
  • 1 pires de pepino e cenoura ralados
  • 1 colher (sopa) de purê de mandioquinha (sem leite)
  • 1 porção de sardinha ao forno

Reportagem: Ana Sniesko