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Cruzeiros passaram de viagem luxo para ricos a viagem comum para muitos

Navio de cruzeiro Costa Concordia, que levava mais de 4.000 pessoas, é fotografado após encalhar e tombar na ilha da Isola del Giglio, na Itália, na noite da última sexta-feira (13/01/2012) - Enzo Russo/Efe
Navio de cruzeiro Costa Concordia, que levava mais de 4.000 pessoas, é fotografado após encalhar e tombar na ilha da Isola del Giglio, na Itália, na noite da última sexta-feira (13/01/2012) Imagem: Enzo Russo/Efe

Carmen Postigo

De Roma

15/01/2012 00h59

O naufrágio do cruzeiro Costa Concordia em águas toscanas, poucas horas após zarpar de Civitavecchia (Roma) para percorrer águas mediterrâneas, e que causou três mortos, voltou a colocar nas manchetes de imprensa as viagens em cruzeiro, até há pouco tempo um luxo para ricos, e hoje uma viagem para quem puder se permitir.

Nem a classe social, nem a carteira requerem hoje características particulares para poder passear pelas coberturas dos grandes transatlânticos que atravessam o Mediterrâneo.
 
Os preços do Costa Concordia, um dos 15 navios da companhia italiana Costa Crociere, começam em 825 euros, para percursos variáveis que param em diversos portos do que os antigos romanos chamaram Mare Nostrum.
 
O Costa Concordia custava "cerca de 800 euros" em terceira classe, para um cruzeiro de sete dias, segundo assinalou à Agência Efe um dos náufragos espanhóis do cruzeiro que chegou a Roma desde o litoral toscano.
 
Preços, segundo a classe escolhida, que não puderam ser comprovados oficialmente, já que o site da companhia está desde sexta-feira bloqueado.
 
Os números são irrisórios se for levado em conta que o Costa Concordia, como seu gêmeo o Costa Serena, contava com um spa que ocupa dois andares e com várias suítes, piscinas, quadras, restaurantes variados, discotecas, além de espaços comuns particularmente sofisticados.
 
Os cruzeiros atuais estão ao alcance de qualquer bolso e tão populares que deram lugar inclusive a séries de televisão.
 
O Costa Concordia, com 114.500 toneladas, superava em capacidade, e em dimensões, o famoso e desafortunado Titanic, engolido pelas águas do Oceano Atlântico na madrugada do dia 14 para 15 de abril de 1912, naufrágio que também foi levado com grande sucesso para o cinema.
 
Enquanto o lendário navio, que foi o meio de transporte mais colossal de sua época, podia transportar 3.587 pessoas a bordo, entre passageiros e tripulação (que não chegava a 900 membros), a embarcação da companhia Costa Crociere tinha capacidade de abrigar cerca de 3.780 passageiros e 1.100 membros da tripulação.
 
O Titanic era um verdadeiro navio de luxo. Um bilhete na primeira classe superava em muito os 4.000 euros atuais, três vezes mais que uma passagem em uma área idêntica em qualquer dos grandes navios que operam hoje em dia.
 
A particularidade principal e vigente das grandes viagens em navio na atualidade é que são planejadas em agências de viagens de onde são feitas ofertas como descontos ou serviços extras que homogeinizam e tornam mais acessíveis o ato de viajar nestes colossos marítimos.
 
Colossos de até 294 metros de comprimento que podem chegar a se manter no mar durante 11 dias, fazendo escala em diversos portos. E é nessas cidades nas quais o navio joga a âncora onde começa outro negócio paralelo, o do comércio e do consumo.
 
O comércio, este sim, tão antigo e necessário que irmanou a humanidade ao longo de gerações de marinheiros e criou uma civilização nos litorais do mesmo mar, o Mediterrâneo, onde o Costa Concordia encontrou seu final.
 
O colosso moderno apresenta uma inclinação de 80 graus e está encalhado em um banco de areia de 30 metros de profundidade, em frente à ilha Giglio, de apenas 1.500 habitantes, que alugam suas casas no verão para os turistas.