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Arábia Saudita liberta militante presa por defender direito das mulheres

Loujain al-Hathloul, militante saudita dos direitos humanos - Marieke Wijntjes/Handout via Reuters/File Photo
Loujain al-Hathloul, militante saudita dos direitos humanos Imagem: Marieke Wijntjes/Handout via Reuters/File Photo

De Universa, em São Paulo

11/02/2021 14h16

A militante saudita dos direitos humanos, Loujain al-Hathlouil, foi libertada ontem depois de quase três anos de prisão. O anúncio foi feito pela sua família em uma mensagem publicada no Twitter por sua irmã, Lina al-Hathloul. Outros supostos opositores foram soltos, em meio às críticas de diversos países sobre o desrespeito aos direitos humanos no país.

"Loujain foi libertada", escreveu sua irmã no Twitter. "Loujain voltou para casa depois de 1.001 dias na prisão", acrescentou, ao lado de uma foto da militante de 31 anos.

Em Washington, o presidente americano, Joe Biden, comemorou a notícia. "Ela é uma militante importante do direito das mulheres e liberá-la era a melhor coisa a fazer", disse. Além dela, haviam sido detidos professores universitários, religiosos, jornalistas e membros da família real saudita, entre outros.

Em Paris, o presidente francês, Emmanuel Macron, também reagiu no Twitter. "Fico feliz com a libertação de Loujain al-Hathloul e compartilho meu alívio com sua família. O chefe de Estado francês já havia pedido sua soltura em 2019. O governo canadense, que também já havia denunciado a prisão de defensores dos direitos humanos sauditas, em 2018, o que gerou uma crise diplomática com o país, também expressou "alívio" com a notícia.

Loujain foi presa em maio de 2018, pouco antes da Arábia Saudita anunciar que as mulheres iriam ser autorizadas a dirigir seus próprios veículos no país. Essa era uma das causas defendidas pela militante.

Ela foi condenada em 29 de dezembro a cinco anos e oito meses de prisão, a maior parte do tempo em liberdade condicional, "desde que não cometesse um novo crime em três anos."

O tribunal também a proibiu de deixar o reino durante cinco anos, segundo sua família. "Loujain está em casa, mas não está livre. O combate não acabou", afirmou sua irmã.

"A libertação de Loujain al-Hathloul é um grande alívio", declarou Lynn Maalouf, da Anistia Internacional. "Nada pode consertar o tratamento cruel ao qual ela foi submetida, nem a injustiça de sua prisão", frisou a organização.

Pressão americana

"É claro que sua libertação é uma etapa bem-vinda", afirmou o porta-voz do departamento de Estado americano, Ned Price. "Promover os direitos das mulheres e os outros direitos humanos nunca deveria ser criminalizado", afirmou.

Joe Biden se comprometeu durante a campanha eleitoral a endurecer as relações com a Arábia Saudita por conta do desrespeito aos direitos humanos. O chefe da Casa Branca busca obter a soltura de prisioneiros de dupla nacionalidade americana e saudita, militantes, e membros da família real, muitos detidos sem acusação formal.

Loujain al-Hathloul tinha iniciado uma greve de fome na prisão em 26 de outubro, que durou duas semanas. Ela foi vítima de assédio sexual e tortura na cadeia, o que foi desmentido pelas autoridades. O caso da jovem foi transferido no fim de novembro para uma corte especializada em "terrorismo", segundo sua família.

O ministro saudita das Relações Exteriores, Fayçal ben Farhan, disse no início de dezembro que Loujain al-Hathloul foi acusada de manter contato com estados "hostis" ao reino e ter transmitido informações confidenciais.